7 - Brigas e Telhados

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Apoiei a mão contra a quina da cama e deixei meu corpo escorregar para o chão.

As lágrimas discretas desistiram da discrição e começaram a cair torrencialmente. Meu corpo estava fraco, minha cabeça latejava e eu não conseguia parar de fungar.

Tapei o rosto com as mãos e chorei.

Eu odiava chorar, fazia minha cabeça doer e meu raciocínio falhar. Mas ali,molhada e precariamente enrolada com uma tolha no chão da casa de alguém que estava me chantageando, depois de ter feito umas piores descobertas da minha vida, eu cedi e me permiti chorar.

Não tinha ninguém ali para me ver.

Ninguém para me ouvir.

Ninguém para me consolar.

Nunca tive ninguém para me consolar.

A poderosa Camila Cabello que nunca precisou de ninguém.

É fácil aprender a não precisar de ninguém quando você nunca teve alguém.

Eu estava abraçada com os meus joelhos, soluçando contra minhas mãos. No que foi que eu me tornei? Numa destruidora de lares? Eu me tornei minha mãe? A ideia do que meu pai diria se me visse naquela situação, se visse o que eu tinha feito, no que eu tinha me tornado… Só a mera ideia fez com que eu chorasse duas vezes mais intensamente.

Por quê? Por que eu precisei me transar com aquele cara? Por que sentia essa necessidade de me vingar? De estar sempre certa, sempre por cima, sempre no controle? Do que tinha me servido?

Uma vida inteira não me importando e… parabéns, Cami: ninguém se importa com você, também. E enquanto Lauren faz amizades e Lucy tem o apoio da vizinhança inteira, você fica chorando sozinha no banheiro porque o único cara que te quer é o safado casado, que só quer te comer e voltar pra mulher.

Senti um sopro quente contra o meu rosto e levantei assustada. Por um milésimo de segundo achei que era Lauren. Mas não era. Era o cachorro. Ele estava me encarando com aqueles imensos olhos castanhos e fez um gemido estranho como se estivesse com pena de mim.

Empurrei ele com o braço.

- Não preciso de sua pena, criatura demoníaca. Preciso da sua distância.

Ele pareceu não se importar com meu empurrão e logo estava de volta ao meu lado, coisa irritando.

- Sai. - reclamei. Mas ele se aproximou ainda mais, com o seu gemido sofrido e passou a língua babona pelo meu rosto inteiro.

- Ai! Que nojo! Sua coisa maldita…

Ele me lambeu de novo e latiu.

- Sai. - reclamei, mas senti minha voz sair mais leve.

Max começou a pular ao meu redor. Ele latia, tentava pular em cima de mim e continuava a me lamber sempre que tinha uma chance.

Eu finalmente desisti de tentar afastá-lo e percebi que estava sorrindo. Ele ia e vinha tentando puxar minha toalha com os dentes em uma atitude brincalhona.

- Pare, seu tarado! - brinquei sacudindo suas orelhas e ele se deitou ao meu lado, estirado de barriga para cima como se quisesse carinho - Aprendeu com a sua dona, foi? - ele rosnou alegremente enquanto eu lhe fazia cócegas. - Minha vida é uma merda, Max. - confessei.

Ele se virou de volta para cima e veio apoia a cabeça no meu joelho.

- Eu não queria ser uma pessoa ruim. Nunca foi minha intenção. Mas acho que… acho que aconteceu, sabe?

O par de olhos castanhos se levantou na minha direção como se ele realmente compreendesse. Ele era um animal irracional, era óbvio que não compreendia. Mas falar em voz alta estava ajudando.

A Chantagem (Adaptação)                    [Em Correção Ortográfica]Where stories live. Discover now