The Only Exception | Taekook

Nono

Taehyung segurou as mãos com força uma na outra, o xingamento queimando em suas orelhas, observando quando o seu pai deu uma risada alta e ele não sabia se era da televisão ou de si mesmo. De repente parecia que toda a sopa de algas não estava se digerindo bem em seu estômago, ou que toda a tarde plena e saudável com Jeongguk tinha desaparecido. Foi como um sonho agradável que começou a se tornar um pesadelo, um dia não poderia terminar bem, pois essa era a sua vida e ele não poderia ter os pés flutuando, pois seu lugar era no chão, como um verme rastejante.

- E se não estava se drogando ou dando. - Seu pai tossiu alto ao se engasgar com a própria risada outra vez e Taehyung prendeu a respiração, seu coraçãozinho acelerado de medo e desânimo. - Você estava aonde? - O moreno engoliu a seco, tentando molhar a garganta e falhando miseravelmente.

- Estava na ajuda comunitária para o evento pós verão. - Falou, sentindo sua voz quebrar quando o olhar do seu pai caiu em si, cheio de espanto e incerteza.

- Fazendo o que? - A pergunta tinha uma pitada maldosa que Taehyung conhecia bem, sua mãe usará com desdém também. O mais novo sentiu o seu rosto esquentar de vergonha, não era como quando estava com Jeongguk que sentia suas bochechas aquecerem com carinho, era assustador e humilhante agora. - Não sabe pescar e nem limpar marisco, estava olhando os pescadores por acaso?

- Estava com um amigo, ele me ensinou a limpar. - Esclareceu Taehyung, ele ignorou o que o pai havia dito, se sentindo orgulhoso ao falar que limpou peixe sim, mas então seu pai sibilou alto em piada e toda sua euforia desceu pelo o ralo onde uma agonia cresceu no lugar, o mais novo ficou em alerta, esquecendo que não era Jeongguk ali, era o seu pai e esse homem lhe decepcionava e não lhe acolhia durante a tempestade.

- Bichinha também? - Perguntou e o moreno se arrependeu de tê-lo citado, seu pai era um ignorante, não tinha o porque tentar aliviar suas atitudes cruéis, ele nunca iria mudar o bastante para fazer um comentário sem julgamentos, ele nunca seria alguém melhor. - Eram os dois olhando os pescadores, então?

- Por que está falando isso? - Taehyung deixou a pergunta escapar pelos seus lábios, seu peito ardendo com a ofensa, se doendo cruelmente pela a voz rude do seu pai se referindo a Jeongguk.

- O que? - Seu pai o olhou friamente e surpreso pela sua atitude, e dessa vez o moreno encarou os olhos opacos do mais velho, sem se importar que seus lábios tremiam levemente. Sua coragem miserável parecia um ato insano diante de uma fera indomável.

- Por que está supondo que ele é igual a mim sem antes conhecê-lo? - Taehyung queria saber antes de tudo, fungando baixinho, sem abaixar a cabeça quando seu pai debochou.

- Por que será? Ora, você é influenciável e todos que se aproximarem de você será assim. - Taehyung então olhou para o chão confuso com as palavras do mais velho, seus olhos marejando com a presença do tapa ilusório em seu rosto. O moreno nunca havia pensado por esse lado, se aproximar de Jeongguk seria o fim de sua boa reputação, ninguém iria falar que ele era bom, que era bonito e prestativo. As ofensas viriam para o mais novo e Taehyung não queria isso, ele não desejaria isso nem para o seu pior inimigo. - Não percebeu que é sozinho? Até porque você veio para a minha casa por conta disso, todos o abominam porque é anormal, ninguém quer estar perto de uma criatura como você porque tem medo de se contagiar. - Seu pai engrossou a voz, gesticulando com as mãos e Taehyung segurou o corrimão da escada em busca de apoio.

Seu pai estava certo. Como sempre, ele estava certo.

Não poderia ter amizades, se aproximar, pois não era igual, era anormal. E mesmo que Jeongguk dissesse que estava tudo bem, não estava, pois se os amigos dele descobrirem que está falando com um rapaz com pensamentos estranhos, iria sobrar para o mais novo, ele iria ficar sozinho. Seus pais o deixariam de amar assim como os seus, seus amigos se tornariam inimigos assim como os seus, sua cidade se voltaria contra si assim como a sua.