E era verdade. Eu tinha sofrido alguns arranhões, claro, mas o tornozelo do Alexy estava começando a ficar roxo, enquanto o pescoço da Rosalya estava cheio de hematomas.

Parece que o policial desistiu de tentar me convencer, porque ergueu as mãos em sinal de rendição por um breve momento.

— Tudo bem, tudo bem. — falou depois que voltou à sua postura normal. — Sobre isso estamos entendidos, certo? Mas, já que você tocou no assunto do acordo antes…

— Eu já falei. — o cortei. Eu e essa minha mania de sair cortando pessoas importantes… — Não precisa cumprir.

Ele me olhou um pouco enraivecido dessa vez. 

— Será que dá para me ouvir? — perguntou, furioso, e me fazendo ter a certeza de que eu fiz cagada. — Tá, eu já entendi que não preciso cumprir nada! Mas aqueles áudios não foram gravados, então, ainda assim, continuamos sem provas de que você é inocente!

Essa frase teria me feito estremecer se eu não tivesse me lembrado na hora de um pequeno detalhe: o pen-drive. Nele estava gravado tudo o que eu precisava para provar a minha inocência.

E foi procurando por ele que eu tateei os bolsos da minha calça. Assim que o encontrei, o entreguei ao oficial.

— Está tudo aí, senhor. As provas de que eu sou inocente estão aí.

Ele examinou bem o objeto e, em seguida, simplesmente me deu as costas e foi para junto de alguns colegas de trabalho. Eu dei de ombros e me virei para sair dali, apesar de ter achado ele muito estranho. 

Eu ia tentar voltar para dentro da escola para procurar o Lysandre, quando senti alguém me cutucando. Ao me virar na direção da pessoa, tive um pequeno susto — mesmo sabendo que não era pra ter, não mais. Charlotte e Li estavam paradas na minha frente, sérias.

Bom, não é todo dia que você tem a oportunidade de presenciar tudo o que eu presenciei, então é óbvio que, cedo ou tarde, eu precisaria falar com elas, já que estiveram envolvidas. Eu só não imaginava que fosse tão cedo. Mas, já que elas estavam ali, eu não iria perder a oportunidade, né?

— Então esse era o plano de vocês? Prender eu, a Rosa e o Alexy em uma sala com elas? — meu tom de voz ficou visivelmente um pouco alterado. — Vocês tinham a noção de que elas bateriam em nós?

— A gente imaginava que sim. — Charlotte respondeu calmamente, como se eu nem estivesse irritada. — Mas nós não queríamos pagar pra ver e nem nada. Na verdade, tivemos que nos esforçar bastante para trazê-las até a escola naquela hora. Mas o nosso objetivo era desmascará-las, então, pelo visto, deu certo.

Sim, deu certo. De uma forma muito duvidosa, mas deu.

— E a gente não queria que elas lhes machucassem, Flaysa. — Li completou a fala anterior da amiga. — Mas não conseguimos pensar em outra coisa que fosse mais eficiente do que isso.

É, é duro admitir, mas um único plano delas foi mais eficiente do que todos os planos elaborados por mim e por meus amigos, até então. Também, não era pra menos: elas duas eram as alunas mais inteligentes do colégio. Sempre prestavam atenção nas aulas e tiravam as melhores notas, revezando, sempre, entre o primeiro, o segundo lugar e o terceiro lugar entre os melhores rendimentos. Elas eram as melhores alunas, Nathaniel era o melhor aluno, e sempre pegava o pódio junto com elas. 

— Vocês tem razão. — confirmei assim que despertei de um transe repentino. — O plano de vocês foi mais funcional do que todos os nossos juntos. — só que ainda tinha uma coisa que não saía da minha cabeça… — Mas qual foi o real motivo que fez vocês se revoltarem com a Ambre? Pelo o que eu sei, vocês eram super amigas.

Eu as encarei confusa. Queria uma resposta concreta, porque aquilo que elas fizeram foi realmente muito estranho. Armar contra as próprias amigas? Tudo bem que elas deram a desculpa de que a Ambre tinha ido longe demais, mas eu acredito que haja mais coisa envolvida nessa história.

Charlotte suspirou alto e olhou para a direção oposta a mim, deixando a Li sozinha para explicar o b.o.

— Então, a Ambre nunca nos ouvia quando queríamos palpitar sobre o que era pra fazer. — Li ficou mais séria do que costumava ser enquanto explicava. — Ela só nos dava ordens. Ordens que sabíamos que podiam não dar certo. E, depois dessa história de pichação, vimos que isso poderia respingar em nós e nos trazer problemas, mas ela não estava nem aí. Queria apenas bolar um outro plano para te ferrar mais uma vez, só que eu e Charlotte já tínhamos conversado e decidido que não participaríamos mais disso. 

Fazia sentido, total sentido.

— Agora estamos realmente arrependidas, Flaysa. — Charlotte parou de olhar para o lado e voltou a pousar seus olhos caramelos sobre mim. — Estamos com muito peso na consciência por tudo o que fizemos. Por isso queremos nos desculpar. 

Sabe, eu não conseguia mais odiar elas. Até achava que aquele papo de ideia das duas poderia ser uma furada, mas visto o que acabara de acontecer, eu mudei de pensamento. Não que eu as considerasse amigas agora, mas pelo menos inimigas não seriam.

E parece que a Li leu os meus pensamentos, porque logo em seguida disse:

— Você não precisa aceitar nossas desculpas ou nem ao menos achar que estamos forçando uma amizade, caso isso esteja te incomodando…

— Não, de forma nenhuma! — mais uma vez, essa foi eu cortando a fala de alguém. — Eu não estou de mau com vocês, nós estamos quites.

— É mesmo? — a garota dos olhos puxados continuou me encarando. — Você não sente rancor ou algo do tipo?

— Não costumo guardar mágoas, essa é a verdade.

Essa minha última frase soou cortante até para mim. Sabe, eu não considerava elas uma ameaça mais, mas não podia deixar de ficar com uma pulga atrás da orelha. E acho que elas sabiam bem disso. Tanto que, depois dessa minha fala, nenhuma das duas disse mais nada. Li apenas me lançou um sorriso tímido — para finalizar a nossa conversa — e elas duas viraram as costas e se retiraram dali.

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Relaxem, apesar do título, ainda não chegamos no último capítulo do livro, kkkkkkkkkk. Trolei vocês!

A história também é uma forma de divulgar novos artistas, né, amores? Por isso peço que, se você ainda não parou para ouvir a mídia de hoje, volte no início do capítulo e escute a música que eu deixei lá.

Fez? Ótimo, agora posso dizer que você conhece mais uma artista brasileira maravilhosa: Laura Schadeck. Escutem aa outras músicas dela nas plataformas de streaming depois, vocês não vão se arrepender!

Me digam, o que acharam do capítulo de hoje? Estão ansiosos para o próximo?

𝑭𝒍𝒂𝒚𝒔𝒂: 𝑶 𝑰𝒏𝒊𝒄𝒊𝒐 𝒅𝒂 𝑱𝒐𝒓𝒏𝒂𝒅𝒂 | Amor Doce ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora