Capítulo 7

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E o coração disse à razão:
"Você quer proteger-me, todavia eu, quero amar"

•••

A turbulência no avião fez com que eu repensasse várias coisas a respeito da minha vida.
Como por exemplo, o quanto era louco eu estar viajando para outro país com meu ex-namorado,
Ou o fato de eu não ter terminado a faculdade de cinema, ou como tudo que tenho feito ultimamente,
tem confrontado minha filosofia de vida.
Eu adoro planos.
Principalmente os de longa data.
É inteligente planejar as coisas que se deseja fazer, apesar disso, estou constantemente vendo o controle da minha vida escorregando por entre meus dedos.
Como quando você tenta pegar a água, mas ela é escorregadia e imprevisível.

— Argh! - Bufo frustrada -

Eu só quero ter controle da minha própria vida, mas quanto mais eu tento, mas a vida surpreende-me com sua vicissitude.
É controverso e até herege, eu sei, afinal, sou a maior defensora do destino e seus roteiros.
Mas acredito que, nesta altura de minha jornada, a conclusão episódica é que este jogo da vida só me era interessante, pelo fato dele jogar pelas minhas próprias regras.
Se os caros autores que influenciaram-me a seguir esta linha de pensamento me vissem agora...
Creio que seria decepcionante.

Enfim, apesar de minha frustração, resolvi praticar o "Modo gratidão", que minha psicóloga me recomendara.
Ao invés de ocupar meus pensamentos e energias nas coisas ruins que me ocorrera, eu deveria olhar para as coisas boas ao meu redor, ou pelo menos tentar, e agradecer.
De acordo com a referida, quem é grato pelo que tem, vive mais feliz.
Não me parece uma ideia ruim.
Ser feliz. Felicidade.
Algo que não sentia desde o começo de todo este caos.

Procurei motivos para ser grata.
Como por exemplo:
Eu finalmente estou indo para Nova York.
Embora as circunstâncias não sejam as ideais, menos ainda, comuns.

Eu dei minha primeira entrevista,
e foi para The New York Times!
Apesar de o editor chefe da mesma, ter rotulado como patético o jornalista que me entrevistara, e a mim, como uma insana necessitada de internação rápida em uma clínica psiquiátrica.

Ok, isso é mais difícil do que imaginei.

— Eu sou louca? - Questiono triste e cabisbaixa, depois de receber a ligação desastrosa do irmão de Oliver -

— Não! - Afirma Oliver, convicto - As pessoas nem sempre lidam com o novo de forma gentil ou aberta.
É difícil desconstruir um padrão do que se é considerado normal ou aceitável.
- Ele segura gentilmente minha mão -
Não fique triste por ninguém acreditar na sua história, na sua realidade.
Se você tem sua convicção, e sabe o que viveu, ninguém tem o direito de dizer o contrário, afinal quem viveu foi você, não eles.

Nunca imaginei que Oliver pudesse ser tão gentil e compreensivo.
Ainda que seja pouco, o tempo em que nos reencontramos.
Mas diferentemente do que eu esperava, ele está sendo mais amigo, do que o próprio Calebe que sempre insistira em uma reaproximação.
E agora no momento oportuno, em que um amigo era mais necessário, Calebe se afastou.
A vida, é verdadeiramente, uma incógnita.

Ao chegarmos ao hotel, senti-me como uma protagonista dos filmes de romance natalino,
cheia de possibilidades.

— Uau! - Expresso encantada -

O lugar era lindo, e o quarto que Oliver reservou para mim, era melhor ainda.
A criança que habita-me, ao ver aquela cama tão sedutora para dar um pulinho, não pôde resistir.

Olhos de Esmeralda Where stories live. Discover now