Daemon não era de se esconder. Odiava montar acampamento e acender fogueiras, mesmo com a facilidade de ter Caraxes ao seu lado. Sentia-se bem e teria voltado facilmente para casa, mas sabia que enfrentaria mais do que podia suportar no momento e então decidiu que se seria preso e julgado que fosse por motivos plausíveis. Pelo menos aquele lixo além do Mar Estreito não poderia mais se chamar de Três Filhas quando ele terminasse.

Estava faminto, mas não se colocaria em risco por um naco de pão, não agora. Ele sabia que Viserys, O Pacífico abaixaria as calças pra que os estrangeiros o fodessem e provavelmente sua cabeça era o que deveria estar à prêmio.

Ele daria um tempo até agir novamente, isso nem sequer era do seu feitio: a prudência. Mas ele precisava voltar e vivo. Tinha prometido e não quebraria uma promessa a Lys novamente.

Verificou o horizonte em busca de Caraxes que tinha se demorado caçando, seria fácil tomá-lo e voltar para os braços quentes dela, mas não agiria como um covarde, terminaria aquilo que começou.

Lys sentou-se à frente de Viserys e Alicent com um vago entendimento do que aconteceria ali. Ela era plenamente ciente que as ações de seu marido do outro lado do Mar Estreito resvalariam nela de alguma forma e já esperava que em algum momento ela seria colocada contra a parede.

Sentia-se completamente incapaz, não amaldiçoava o dia em que conhecera Daemon, pois esse dia havia lhe dado suas maiores riquezas, seus maiores bens e era somente por eles que ela ainda permanecia calada e obediente. Sabia que muitos poderiam achar-lhe fraca, vazia, sem profundidade, mas o que poderia uma mãe sozinha no mundo contra o rei e a corte dos Sete Reinos? Ela não era ninguém diante dos Tagaryen, sua força havia conquistado Westeros e antes disso a antiga Valyria. Como ela, sendo de origem tão humilde e tacanha poderia se opor a isso? Restava-lhe muito pouco a se fazer e queria muito poder agir da maneira correta, mas havia uma linha tênue entre o que ela considerava certo e o que reino consideraria um crime.

Era óbvio que ela não era boba e se algo prejudicial fosse lhe ofertado já havia bolado um plano para se proteger. Com a ajuda de Harwin, Lys tomaria os filhos e fugiria. Sumiria antes que os guardas reais pudessem dizer seu nome pelos corredores do castelo. O caminho que o cavaleiro tinha lhe ensinado era pouco conhecido dentre os secretos da Fortaleza Vermelha e seria ideal para levar consigo três crianças pequenas.

Daemon não havia lhe contatado e cada vez mais ela sentia que não poderia confiar ou contar com ele. O príncipe era indomável, agia como queria e lhe convinha sem se importar ou preocupar com as consequências. Lys não o culpava, era de sua natureza e ela mesma havia aceitado seu comportamento há muito quando passaram tanto tempo juntos em Pedra do Dragão.

Ela encarou os reis nos olhos, não havia feito nada de errado e não temeria. Certa vez Daemon lhe garantiu que Viserys jamais permitiria mal alguns aos sobrinhos e era com isso que Lys contava, além da compaixão da rainha que também era mãe e entenderia seus receios.

— Como você está? – Perguntou Alicente docemente devolvendo-lhe o olhar.

— Eu estou perfeitamente bem Vossa Graça, obrigada por sua preocupação. – Respondeu Lys com um meio sorriso.

— Assumo que já saiba das ações do meu irmão em Myr. – Disse Viserys sem rodeios.

— Tenho ciência Majestade. – Retrucou Lys olhando-o com intensidade.

— Sabe como isso nos prejudica?

— Coloca todo o reino em um perigo iminente de um embate com as Cidades Livres. Eu compreendo.

O Príncipe Rebelde - Daemon TagaryenWhere stories live. Discover now