Morada 47

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ᴄᴏɴᴛᴏ ᴅᴇ ʜᴀʟʟᴏᴡᴇᴇɴ

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ᴄᴏɴᴛᴏ ᴅᴇ ʜᴀʟʟᴏᴡᴇᴇɴ

Diferente do imaginável, as ruas de Bradford estavam vazias em pleno Halloween. As casas estavam assustadoramente decoradas, todas preparadas para receberem crianças gritando doces ou travessuras. Observei um homem caminhar próximo de seis garotos que passavam desacompanhados pela rua, ele observava cada casa com atenção, sorrindo quando algum adulto aterrorizava criancinhas com roupas tenebrosas.

Seus olhos eram lindamente verdes, a cor rosada em seus lábios mesclava com suas madeixas cacheadas. Por baixo de toda sujeira e falta de higiene, sabia que ele era belo, certamente um dos homens mais bonitos que já vi. Mas sabia seu propósito ali, estava ciente que um grupo cristão estava distribuindo sopa para moradores de rua no final do quarteirão. Eles costumavam fazer aquela boa ação em datas comemorativas, incluindo o Halloween.

O segui até o final da rua, vendo que a barba volumosa ocupava a maior parte do seu rosto. Ele usava uma manta para se cobrir — era nítido que a camisa e o jeans esburacado não o esquentavam. Vi um membro da igreja encher um prato descartável com sopa e dar para o homem, que agradeceu com um sorriso admirável e se afastou.

Continuei seguindo o morador de rua sem ele perceber, vendo seu esforço absurdo para não derramar nenhuma gota da sopa. Andei por mais alguns quarteirões até o homem entrar em um beco e sentar sobre alguns papelões, levando o prato plástico para ingerir o alimento — certamente o melhor alimento que conseguiu em dias.

Com passos firmes e confiantes, caminhei até ele, parando em sua frente para lhe roubar a atenção. Ele ergueu a cabeça e me observou, ainda incerto com minha presença. O mendigo franziu o cenho ao ver meu entusiasmo e colocou o prato vazio em cima da cama improvisada, sem quebrar nosso contato visual.

— Olá! Meu nome é Zayn — me ajoelhei de frente para ele e levei uma mão para seu rosto, especificamente em sua barba.

— Meu nome é Harry — ele colocou a mão por cima da minha. — Está procurando alguém? Garanto não haver ninguém do seu interesse aqui.

Demorei para absorver cada palavra, estava embriagado com a voz rouca. Peguei sua mão áspera e a levei para meu rosto, fazendo-o me alisar lentamente. Harry voltou a franzir o cenho e tentou se afastar.

— Você merece ser ajudado — levantei e ofereci a mão para ajudar Harry.

Mesmo estranhando a situação, ele segurou minha mão e levantou. Encarei Harry dos pés à cabeça, observando sua desenvoltura. Ele era mais alto que eu, e isso me deixava excitado. Entrelacei a mão na dele e o puxei para fora daquele beco imundo, levando-o para minha casa — ignorando as insistentes perguntas de Harry.

— Pode entrar — abriu passagem para o mendigo entrar.

— Por que está fazendo isso?

— Venha! Vou dar um jeito em você — o ignorou novamente, levando Harry para o quarto.

DEZ CONTOSWhere stories live. Discover now