Taehyung odiava as pessoas, ele tinha certeza disso, guardava consigo uma longa lista de decepções no bolso traseiro da calça jeans.
Ele também havia feito uma promessa a si mesmo que jamais iria se entregar ao amor e que jamais quebraria o seu cora...
— "Mas desde que você chegou estou pensando, amor, você está trazendo um eu diferente(...)" —O mais novo cantou, mãos batendo inquietas nos joelhos, imitando a bateria calma da música. — "Você se apaixonou por homens que não eram como pareciam ser." —Taehyung arregalou os olhos, prestando atenção na letra da música com o pouco de inglês que entendia. — "Presa em uma corda bamba, agora estamos aqui, livres(...)" — Jeongguk penhorou um pouco, esquecendo do restante da letra da música, balançando a cabeça um pouquinho para disfarçar antes de olhar para o outro que tinha os olhos grandes e selvagens focados em si. Ele sentiu o rosto esquentar.— "Me apaixonando por tudo em você."³
E Taehyung tem certeza que aconteceu aquela coisa de novo, tudo ficando quieto, o vento soprando devagar, o olhar de Jeongguk ficando mais intenso, tudo ao redor perdendo o sentido e então parecendo que ficou paralisado.
Hipnotizado e depois encantado.
"você nunca poderia se apaixonar por mim." Taehyung pensa e desvia o olhar para as suas mãos, começando a alisar o cisne amassado, ele estragou toda a arte. "Eu não tenho nada de bom e sou um garoto, não pode se apaixonar por um cara ou vai passar por tudo o que eu passei. Ou talvez, isso poderia ser um jogo, onde ele sabe que gosto de garotos e vai me machucar com os seus amigos."
Taehyung travou o maxilar diante desse pensamento, rosto queimando, Jeongguk não parecia ser maldoso, mas sua mente o leva a enxergar o menino assim, ele só está ali para que se assuma e então tudo vai começar outra vez, gritarias, tapas, fotos falsas, xingamentos. Seus dedos tremem e ele acaba rasgando a asa do cisne, prendendo novamente a respiração quando observa o mais novo encarando a sua mão.
— Uau, nossa! — Jeongguk admira, falando um pouco alto, agitado, olhos arregalados e boca aberta em surpresa, ele parecia uma criança ao ver um herói de filme fantasiado na vida real — Você sabe fazer esses passarinhos de papel! Posso pegar? — Pergunta encarando Taehyung que simplesmente abre a mão trêmula, sem saber como reagir, deixando o mais novo segurar o origami com as pontinhas do dedo, encantado e com medo de estragar alguma coisa. - Que lindo! — Elogiou, trazendo para perto dos olhos, sorrindo abertamente para o formato delicado do pássaro que só vê na internet. — Ele está com a asa quebrada... — Jeongguk comentou, lembrando da semana em que esteve no banheiro, ele olha para o outro, piscando lentamente, ele não parece tão sociável, também magoado, em suas mãos tem o pedaço de papel amarelo, aquele que completa a asa, foi ele quem rasgou.
Jeongguk sabe que precisa ir embora para que o outro fique confortável como o encontrou, mas ele também queria ficar e pedir para aprender a fazer um, sempre quis. Em uma luta entre ir ou ficar, o moreno desiste de pedir depois de alguns segundos, voltando a olhar para a arte.
— Ela é imperfeita — Jeongguk diz encarando o origami e Taehyung o olha de soslaio, de tantas artes que fez, mostrar algo amassado e rasgado para alguém era o pior dos seus pesadelos. O cisne não poderia ser exposto em um museu, estava estragado, seu lugar era no lixo, não deveria ganhar sequer um elogio, não merecia por ser tão feia, tão inútil para se apreciar e se orgulhar.
"Assim como eu." pensou cabisbaixo, observando Jungkook sorrindo levemente.
— Tão imperfeitamente perfeita — Jeongguk diz suspirando, arrancando um olhar surpreso do mais velho pela interpretação diferente da sua. — É mais bonita por não ser completa, ela não pode voar, mas posso ver a sua dor e quanto mais penso nisso, mas fico orgulhoso por ela ter lutado e superado seus desafios, e agora merece descansar em um local tranquilo. - Jeongguk encarou o seus olhos com tanto carinho que Taehyung duvidava se alguém já havia feito isso antes por ele. A sua barriga gelou, parecia aquelas borboletas quando se apaixonou pela primeira vez, só que melhor, mais suave.
— Posso levar? — Perguntou o mais novo e Taehyung desceu os olhos para o cisne quebrado, ele poderia dizer que iria fazer outro, que aquele estava estragado, mas sua voz não saiu, de novo, ele estava sem reação novamente. — Por favor?—O menino implorou e Taehyung suspirou baixinho, assentindo minimamente e desviando o olhar quando o outro sorriu amplamente, se levantando em um pulo. —Legal!Eu vou indo agora, mas tenho certeza que vou te ver de novo em breve. Se cuida e para de ficar fugindo das aulas.
Taehyung não observou o outro se retirar, mas olhou para cima quando ele voltou, seus olhos observando a feição alegre dele enquanto admirava o papel.
— E muito obrigado por me deixar levar, darei um nome e a deixarei descansar —Taehyung assentiu outra vez, ouvindo os passos do mais novo se afastar. Ele não voltou mais e os minutos se passaram devagar depois, acabando a hora da atividade na quadra e anunciando o horário de ir embora.
Taehyung seguiu para a casa de seu pai, ainda sem saber o porque Jeongguk simplesmente não devolveu o origami quebrado e o mandou jogar no lixo. Pois era assim que reagiam a arte quebradas, pessoas quebradas.
E por que seus pulmões trabalhavam de um modo mais gentil, sua barriga estava gelada e seu coração acelerado? Por que ele se sentia ansioso para o que não havia acontecido ainda?
Por que?
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¹ Trecho da música "O buraco" - Arnaldo Antunes.
² Trecho da música "In My Blood" - Shawn Mendes.
³ Trecho da música " Fallin' All In You" - Shawn Mendes.