Capítulo 3: Julgamento

En başından başla
                                    

– Esse negócio não chega nunca.

– Eu sei. Estou supercansada.

– Cansada? Você mal voou até agora!

– E daí? Isso não tem nada a ver por que...

Ela foi interrompida por um som ensurdecedor de pedras se movendo. Um círculo de tochas de fogo azul nos cercou. Em um piscar de olhos estávamos cercados por balcões de pedra em forma circular. Sentados atrás deles numa simetria perfeita havia vinte e quatro homens encapuzados. Bem a minha frente, sentados um pouco mais alto havia outros três. O que estava no meio estava ainda mais alto que os outros dois e os vinte e quatro; deste eu não podia ver o rosto. O que estava a sua esquerda era um homem. O homem mais lindo do mundo. Se a genética criasse alguém que era a mistura perfeita de Tom Welling, Taylor Lautner e Jensen Ackles... Bem, esse era o cara. Só que ele era loiro e tinha os olhos azuis. Das costas dele saiam seis asas. Dois pares, os de cima, estavam fechados às costas, os de baixo cobriam as pernas, parecendo uma saia, mas isso não o deixava menos másculo. Seu peito estava descoberto.

Na direita, havia outro homem lindo. Mas esse parecia mais velho, como um homem nos seus quarenta anos. Ele tinha o cabelo curto e castanho escuro, usava uma barba cheia na mesma cor do cabelo. Ele lembrava-me o Chuck Norris. Ele também tinha seis asas que estavam posicionadas como a do homem à esquerda.

– Vamos iniciar o Julgamento dessa alma. – Disse o homem do meio. Sua voz soou como o som de trovões. – Você é Leonard Ross?

– Sim. – Respondi, hesitante.

– Abram o Livro da Vida desse homem.

Um dos encapuzados abriu um livro que estava a sua frente. Ele começou a ler meu Livro em voz alta. Ele leu toda minha vida num tempo que pareceu uma eternidade. Por isso esperávamos tanto tempo na escuridão. Até que lessem todo o Livro da Vida de cada alma que morreu, levaria muito tempo.

– Então esse morreu antes do tempo?

– Sim, Senhor.

– Certo. Ele estava destinado a conhecer a mim?

– Sim, Senhor.

– Então esse é meu. – Disse o homem da esquerda. – Ele não aceitou a sua salvação!

– Ainda não é sua hora de falar, Lúcifer. – Disse o homem do meio.

– Senhor, não acha melhor olhar no Livro da Vida do Cordeiro? – Retrucou o da direita. – Se seu nome estiver lá, talvez algo tenha mudado seu destino.

– Sim, Miguel, mas antes preciso saber qual foi a causa da morte.

Týr tremeu no bolso da minha jaqueta de moletom. Sim, eu ainda estava com minhas roupas de quando morri. Calças jeans, camiseta do Slipknot e uma blusa de moletom por cima. Eu não havia notado que ela tinha entrado em meu bolso.

No entanto, entendi porque ela tremeu. Minha causa mortis era: pacto com a Morte para salvar minha namorada. Agora, não sabia se isso seria bom no meu Julgamento ou não. Pela reação de Týr, deduzo que não.

– Ele morreu ao salvar uma mulher de um tiro. Aparentemente, fez isso por amor a mulher em questão. – Um dos vinte e quatro anciões disse.

A Morte é tão poderosa assim? Capaz de enganar todo um júri? Eu ouvi falar de Lúcifer e Miguel, eram querubins, talvez pudessem ser enganados com mais facilidade. Mas o homem do meio, sendo quem é, não acredito que poderia ser enganado tão facilmente. Seria a Morte tão poderosa a ponto de ser capaz de enganar a Ele?

O homem do meio ficou pensativo. Lúcifer olhou direto para mim, pela cara que fez, tive a impressão de que ele sabia muito bem quem eu era e sobre o pacto. O quanto mais ele sabia? Eu não podia dizer. Miguel não demonstrou reação.

O homem do meio começou a mexer em um livro que estava em sua frente. O Livro da Vida do Cordeiro.

– Aparentemente, seu nome está escrito no meu Livro. Ou seja, Ele queria que você fosse para o Paraíso. E você morreu antes do tempo. Então, o que farei? Você é um caso muito diferente, senhor Ross. O júri precisa decidir.

Então as tochas azuis se apagaram e eu fui jogado na escuridão de novo. Týr não saiu do meu bolso, ela sabia que eles ainda estavam ali. Acho que ela sabia que eles poderiam vê-la. Acho que isso não seria bom.

Alguns minutos, ou horas – era difícil contar o tempo naquele lugar -, se passaram e as tochas se acenderam de novo. O júri estava de volta.

– O Júri tomou uma decisão. O réu, Leonard Ross, foi inocentado de seus pecados terrenos devido ao fato de não ter tido uma chance de aceitar o Salvador e por ter escolhido salvar sua amada. Você poderá ir para o Paraíso.

Antes que as tochas apagassem mais uma vez pude jurar que Lúcifer sorriu maliciosamente para mim.

Uma luz surgiu a minha direta. Fui andando até ela. Conforme fui me aproximando senti uma brisa morna de verão. Reconfortante. Nunca me senti tão vivo até aquele momento, mesmo estando morto. Quando eu cheguei mais perto, a luz já estava com minha altura. Senti um impulso incontrolável de tocá-la. Então o fiz.

Eu entrei no lugar mais lindo que já vi em toda minha vida – e morte.

Uma mulher com duas asas de pássaro veio em minha direção.

–Oi! – Ela disse com um sorriso simpático no rosto. – Bem-vindo ao Jardim Éden!

AfterlifeHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin