Star Wars - Histórias do Velho Ben Kenobi

Distúrbio I - Capítulo 215

"É impressionante o quão desconectado um povo pode ser de tantos problemas galácticos. Muitos até mesmo sequer conheceram os Jedi e os veem como lendas, mitos... alguns, nem mesmo isso. Mos Pelgo possui uma população curiosa. É um povo fechado, mas são trabalhadores e possuem bons corações. Para eles, a simplicidade pode ser um artifício útil para viver pacificamente a vida. Mas para alguém como eu, toda essa simplicidade é um erro, e mantendo ela fez que por um bom tempo sendo um falso esperançoso e um covarde. Eu já não era mais um Jedi, e me iludia ao achar que sentia a Força normalmente... lembrar do que eu era durante esse tempo me dói, mas fez parte de minha evolução para me tornar quem sou e quem almejo ser amanhã" - Ben Kenobi

Abaixo dos sóis gêmeos, o calor é escaldante nesse vasto deserto inquieto. Se é percebido a presença se pertubações nas redondezas, notando que o som do vento se é repartido conforme as ondulações de algo ou alguém se fazem efeito. Emitindo uma estranha frequência nessa distância, é notado também uma leve vibração sequencial pelo chão.

Montado em seu eopie, Obi-Wan Kenobi percebe esse distúrbio e procura chegar nas origens dele. Em uma região montanhosa, ele se guia apenas pelos seus sentidos, sem ter a mínima noção de vista de aonde estaria indo.

Se era tarde nessa região de Tatooine, e não faz muito tempo desde que Obi-Wan soube dessas fortes vibrações.

Antes disso, Obi-Wan estava na pequena cidade de Mos Pelgo comprando suprimentos para a viagem de volta a região de Anchorhead, quando um estranho homem que gritava por ajuda caminhou pelas areias até perto da entrada da cidade, quando caiu ao chão. Com seu eopie descansando perto de um cocho de água, o estranho que antes gritava agora estava ajoelhado e respirando fortemente.

Um homem com o pouco de cabelo que lhe restava sendo grisalhos. Seus olhos eram amarelados de tanto beber e seu corpo inteiro estava sujo de areia. Ele trajava um uniforme de trabalhador, aparentemente um minerador, como uma boa parte da vila.

  — Aquele é Josk...? — disse o mercador ao olhar pela janela do estabelecimento.  — O que aconteceu?

Obi-Wan nota a comoção ao lado de fora, com pessoas reunindo para socorrer o homem. Com isso, ele também caminha, em direção a esse tal de Josk.

  — Josk! Josk, você está bem?! — uma mulher dizia, estando muito preocupada. — O que aconteceu?!
  — Ele... ele... um MONSTRO! — Josk dizia, gritando com o pouco fôlego que o restava.

Chegando perto do homem, Obi-Wan logo interfere na situação.

  — De que tipo de monstro você fala, homem? — o Jedi pergunta, curioso.
  — Ele... vinha com muitos... Tuskens! Muitos deles...! — Josk dizia, quase sussurrando.
  — Tuskens... com um monstro? — Obi-Wan continua a perguntar — Como ele era, Josk?

Josk estava claramente em choque, atormentado pelo que vira... ao olhar para a cintura de Obi-Wan, ele vê o seu sabre de luz e logo começa a se desesperar novamente.

  — MONSTRO! — ele gritava para Obi-Wan, apontando para ele. — V-V-VOCÊ...!

O Mestre havia notado que, ao olhar para o sabre, Josk gritava do mesmo jeito que gritava por ajuda momentos antes. Isso não pode ser coincidência.

Todos ao redor olhavam para Obi-Wan, alguns confusos, outros com expressões de vergonha. Logo, conhecidos de Josk o seguraram e foram o levando para dentro de uma casa não tão longe dali.

  — Perdoe-nos por isso, Ben. Ele sempre foi assim, meio... excêntrico. — o mercador dizia com uma mão na testa, envergonhado. — Não se preocupe com isso, iremos resolver.
  — Espere, eu acredito que isso não foi nenhum surto de histeria... ele olhou para o meu sabre de luz e se assustou intensamente...
  — Ora, talvez ele... não, mas o velho Josk jamais saiu daqui, nem mesmo durante as Guerras Clônicas. Fora você, nenhum outro Jedi veio aqui há muito tempo...

Obi-Wan coloca uma mão em sua cintura e outra em seu queixo, questionando-se o que pode ser o causador do surto do homem...

  — Acha que pode ser o Império...? Procurando por você? — o mercador pergunta, com medo.
  — Não, o Império não utiliza do povo local a não ser como escravos... ele disse que haviam Tuskens junto a esse tal "monstro". Jamais dispensariam seus soldados para isso...

O mercador pensa um pouco, um pouco mais aliviado já que provavelmente não há ameaça imperial por perto, porém...

  — Josk é um velho minerador e seu local de trabalho é ao sul daqui, na região de Kipr, perto do Cânion de Beggar. É um campo de mineração bem recente, por sinal.
  — E o que exatamente eles mineram por lá? — perguntou Obi-Wan, curioso pelos mínimos detalhes.
  — Não sei ao certo, mas acredito que estão fazendo um grande buraco na caverna já algum tempo. Quando se está ativo, você consegue sentir as vibrações ao chão até aqui!

Ao ouvir sobre "vibrações", Obi-Wan se intriga.

  — Vibrações, é? Isso me parece ser interessante... — indaga o mestre. — Muito bem, seguirei ao sul e investigarei isso.
  — Você que sabe, Ben... boa sorte, espero que se realmente há alguma coisa por lá você consiga resolver.

Ele sorri, logo em seguida de por uma mão no ombro do mercador.

  — É um bom homem, senhor Vanth. Cuide-se bem... que a Força esteja com você.
  — Se cuida também, meu amigo.

Obi-Wan então partiu, em cima de seu eopie, rumo as minas ao sul de Mos Pelgo. Foi pelo vasto mar de areia rumo ao seu objetivo.

Horas depois de sua partida, ele se encontra perto das minas, sentindo agora a vibração da mineração. Estava próximo, embora ele não conseguisse localizar por vista. Obi-Wan continua a seguir pelas vibrações, sentindo aonde ele sente vida, também.

Ao longe, ele percebe dois banthas indo em uma direção reta para a base de um dos montes de pedra que ali haviam. Ele então percebe que possivelmente as vibrações se eram originadas em uma região frente à direção dos banthas. Mas as únicas formas de vida que ele sentia agora ele percebe que eram apenas os animais... o que o preocupava.

Ele progride, ainda que mais cauteloso, rumo às minas.