11º Capitulo.

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Sarah sorriu com os olhos molhados, era tão bom estar nos braços de sua mãe, sentir o calor materno, e estava em pânico apenas em pensar em perdê-la.
- Você não vai morrer, não é? – Ela murmurou.
- Não meu bem.... Eu acho que o pior já passou, não é? – Sarah levantou e a encarou.
- Você está muito machucada... – disse tocando o rosto de Natasha.
- Eu sei... – murmurou. – Mas vai passar. – Abriu um sorriso de pura felicidade ao ver Steve as observando. – Olha o papai.
Sarah se virou e também sorriu, chamando o pai para que ele viesse até ela, ele sorriu e atendeu ao pedido da filha.
- Graças a Deus meu amor... – ele murmurou pegando a mão dela e dando um beijo. – Não sabe como eu tive medo...
- Eu também tive muito medo, meu amor. – Natasha disse... Ele se abaixou e depositou um selinho demorado em sua amada. – Mas eu vou melhorar. – Ela sorriu.
- Eu sei que sim. – Ele deu um selinho na ponta do nariz dela. – E então? Pelo visto as duas já estão se dando bem, não é?
- Sim... – Natasha sorria acariciando os cabelos da filha. – Nossa filhota me perdoou por tudo. – Com uma lagrima solitária. – Eu estou imensamente feliz por isso... – disse com alegria.
- Eu também estou. – Ele disse chamando a filha para abraça-la. – Estou muito orgulhoso filha. – Dando um beijo nos cabelos dela. – Eu sabia que mais cedo ou mais tarde acabaria entendendo.
Aham, nós estamos na boa. – Disse se levantando. – Eu vou tomar alguma coisa, vou deixar vocês conversarem, mas nada de irmãozinhos... – advertiu e Steve arregalou os olhos.
- Sarah! – Ele disse vermelho de embaraço. – Estamos em um hospital.
- E daí? Tem uma cama e é isso o que importa... – os dois sorriram sem graça. – Tchau mamãe! – Disse com um sorriso iluminado. – Daqui a pouco eu volto para te ver outra vez. – Disse dengosa e dando um beijo em Natasha. – Vê se melhora tá? – Natasha assentiu dando também um beijo na filha.
- Te amo meu bem... – Natasha sussurrou.
- Eu também te amo... E amo você também senhor ciumento... – abraçando o pai.
- Mas eu nem disse nada. – Ele riu.
- Sua cara bicuda disse. – Deu de ombros. – Bem, eu vou indo... – indo em direção à porta. – Bye! – Dizendo isso, saiu corredor a fora.
- Essa mocinha... – ele sorriu observando Natasha olhar pela porta emocionada. – Eu não disse? 
- O que? – A ruiva perguntou confusa.
- Que demoraria, mas ela te perdoaria...
- Sim... Amor você não tem noção de como eu estou feliz.... De saber que a minha filha me ama apesar de tudo.
- Eu tenho leve noção... – ele tirou uma mecha do cabelo dela que caía no rosto. – Mas agora, você é que não tem noção do medo que eu senti, quando me ligaram dizendo que você tinha sofrido esse acidente.... Não tem noção meu amor...
Desculpa... – ela disse baixinho. – Aconteceu tudo tão rápido que eu sequer sei explicar.... Eu estava com a cabeça prestes a explodir e não estava focada no transito.
- Tudo bem, isso não importa agora, o que importa é que está viva, e está aqui... – ela sorriu. – Como está se sentindo?
- Meu corpo dói... – ela sussurrou. – Minha cabeça dói também, mas nada que eu não aguente. – Sorriu.
- Eu te amo linda. – Disse distribuindo vários beijos pelo rosto dela. – Te amo, te amo! – Ela ria.
- Eu também amo você. – Com os olhinhos brilhando.
- Nem imagina quem está aí fora. – Ele disse, sentindo a tensão voltar.
Natasha o encarou com certa confusão.
- Quem?
- Sua mãe. – Ele suspirou vendo o queixo da namorada cair levemente.
- Minha mãe? – Ele assentiu. – O que ela faz aqui? – Abismada.
- Minha mãe disse que ela merecia saber, e que era um assunto delicado para omitir dela. – Natasha suspirou entendendo a reação da mãe de Steve, mães eram mães.
- Ok meu amor... – Natasha assentiu sem graça.
- Não gostou de saber que ela está aqui, não é? – Ele perguntou carinhoso.
Natasha sempre se perguntou, se merecia um cara como Steve... Ele era tão perfeito que se tivesse mais qualidades estragaria. E ela agradecia todo santo dia por isso.
 
Não é isso.... É confusão amor.... Minha cabeça está uma confusão só. – Ela sussurrou. – Primeiro é que eu não entendi a reação da minha mãe naquele dia, ela disse que me amava, mas ela foi tão fria, eu fiquei com a cabeça embaralhada. E agora eu não entendo, até entenderia ela ficar sabendo que eu sofri o acidente, mas pensei que ela faria como fez quando eu dei à luz, ignorar. – Deu de ombros. – Só isso.
- Mas ela está aí fora. E disse que só vai embora depois que falar com você. – Ele disse observando-a respirar fundo. – Se não quiser vê-la, eu dou um jeito para que não a deixem entrar e...
- Não amor. – Disse ela com o coração a mil. – Eu quero falar com ela. – Mordeu o lábio.
- Tem certeza? – Ele perguntou com a testa franzida.
- Tenho.
- Quer falar agora, ou quer aguardar um pouco mais?
- Agora. – Ela assentiu com a cabeça. – Quanto mais rápido melhor.... Eu quero saber o que a minha mãe quer agora...
Steve suspirou e assentiu.... Tinha medo que essa conversa piorasse ainda mais a situação de Natasha, mas via a quão determinada ela estava por fazer, então apenas concordou.
- Eu vou chama-la... – deu um beijo na testa dela. – Qualquer coisa eu estou no corredor. – Ela apenas assentiu nervosa, vendo-o sair. Agora não tinha mais volta.
Não demorou em que a porta novamente se abrisse. Por ela Melinda entrou com os olhos mareados, Natasha se virou para olha-la e viu a mãe chorar ainda mais.
- Olá. – Natasha disse esboçando um leve sorriso.
Minha filha! – Melinda se aproximou e deu um abraço desajeitado, pelo fato de Natasha estar deitada. – Graças a Deus... – dizia com as mãos para o alto. – Você está viva minha filha... – chorando compulsivamente.
- Estou viva. – Disse um pouco tonta devido aos medicamentos que lhe eram injetados. – Me falaram que a senhora queria falar algo comigo. – Melinda assentiu, limpando suas lagrimas. – Pois fale, estou ouvindo.
Melinda sentou na ponta da cama de Natasha e ficou observando a filha.
Depois de algum tempo calada ela se pronuncia.
- Eu me arrependo sim filha... – ela disse em um sussurro.
- Perdão eu não estou entendendo. –Natasha a encarou, confusa.
- Ontem você me perguntou se eu estava arrependida, por ter feito o que fiz.
Lembra? – Natasha assentiu sentindo as lágrimas inundarem a sua vista. – Então.... Sim, eu me arrependo.... Desde quando você foi embora eu sentia sim sua falta, sentia falta de você chegar me mostrando suas notas altas, sentia falta de acordar você de manhã para ir à escola, sentia falta de você na mesa, sentia falta de quando nos ajoelhávamos para rezar, nós duas. –Natasha chorava, lembrando-se de tudo. – Sempre fomos apenas eu e você.... Não tínhamos mais ninguém por nós. E eu sempre senti sua falta durante todo esse tempo minha filha. – A mulher soluçava. – Você era minha única companhia.... Eu jamais admiti para mim mesma que era remorso, nem culpa. Queria pensar que tudo o que eu fiz foi sim, certo! Foi o certo a se fazer... Era o que eu pensava. Senti-me muito mal depois de ontem, depois de ter visto você.... Conseguiu subir na vida sem mim, você sempre foi muito determinada, mas eu achei que voltaria e me pediria perdão... – sorriu sem vontade. – Não foi bem isso que aconteceu.
- Eu também senti sua falta mãe. – Disse enxugando as lagrimas. – Muita por sinal..., mas eu não iria voltar, realmente não iria. Eu fiquei muito magoada com você por ter me posto na rua, fiquei magoada por ter posto esse seu fanatismo acima de tudo, inclusive de mim. Eu sei que engravidar tão nova era péssimo, mas

eu não entendia, nunca falou comigo sobre essas coisas, nunca me disse como me cuidar, como usar preservativo. – Melinda fez o sinal da cruz. – Você nunca conversou comigo sobre sexo e eu ainda achava que quem trazia os bebês era a cegonha... – suspirou nostálgica. – Eu tive que aprender tudo em cima da hora, foi tão difícil que eu não aguentei a pressão...
Melinda a encarou, sim, ela errou.... Deveria ter aconselhado sua filha em certos assuntos. Mas um ponto contra ela.
- Me perdoe Natasha. – A mulher sussurrou culpada.
Natasha arregalou os olhos com o pedido, e seu ar faltou. Era sua mãe mesmo que estava ali pedindo perdão? Ela podia jurar que veria tudo na vida, menos sua mãe lhe pedindo perdão. 
- O que? 
- Me perdoe minha filha... – chorando. – Me perdoe por ter desistido e largado você nos piores momentos da sua vida, me perdoe por todo o mal que lhe fiz.... Por todo o seu sofrimento.... Eu não posso mais com essa culpa. – Pôs a mão no rosto.
Natasha não sabia o que dizer.... Tinha magoa de Melinda, e sua mãe foi responsável por muito sofrimento em sua vida, mas lembrou-se que Sarah também sofreu se duvidar mais do que ela, e mesmo assim a perdoou por todos os anos de abandono. Sim, ela entendia o que Melinda estava sentindo. Culpa, remorso e arrependimento. Por que não perdoa-la? Nada do que ela, nada do que Melinda ou nada que ninguém fizer mudará o que passou, tanto com Sarah e com ela mesma.
- É claro que eu perdoo mãe.
Melinda enxugou os olhos e a encarou com espanto, não acreditava....
Sinceramente, não acreditava!
- Me perdoou? – Natasha assentiu com um sorriso. – Oh céus! Minha filha! – Disse a abraçando-a novamente. Natasha caiu no choro e correspondeu o abraço da sua mãe, não fazia ideia de como sentiu falta daquele cheiro de lavanda, daquele calor maternal, que apenas Melinda tinha, por que apesar de tudo, ela era sua mãe, não era mais a única pessoa que tinha no mundo, agora tinha sua filha e Steve, mas Melinda era sua mãe. E com todos os defeitos a amava, e a queria por perto. – Eu te amo minha filha... Sempre amei e vou amar...
- Eu também te amo mãe... Apesar de tudo, você é uma das pessoas mais importantes da minha vida.
- Você também minha filha e você nunca foi o meu maior pecado... – Natasha sorriu fraca. – Foi sim, uma grande benção de Deus, assim como são todos os filhos para seus pais.
- Eu sei disso... – ela sussurrou.
As duas ficaram um tempo ali, abraçadas e conversando, Natasha estava se sentindo extremamente feliz e completa naquela hora. O doutor chegou com duas enfermeiras, chamando a atenção das duas.
- Olá. – Ele sorriu. – Desculpem o incomodo, mas vou precisar interromper, temos que trocar o soro e fazer mais alguns exames na paciente.
- Eu já estava de saída. – Melinda disse. – Ela vai ficar bem doutor?
- Sim. – Doutor sorriu observando Natasha. – Só que ela ainda corre risco de piorar como eu falei..., mas está tudo sob controle, não se preocupe senhora... – franziu a testa, confuso.
- Melinda... – ela sorriu. – E o senhor?
- Otavio. – O doutor se virou para olha-la. – Encantado senhora.
Melinda sorriu sem jeito e se virou para Natasha.
- Já vou querida, mas tarde eu volto. – Fazendo o sinal da cruz na filha e em seguida dando um beijo na testa. – Com sua licença. – Saiu apressada.
O doutor sorriu e começou a examinar Natasha.
***
Do lado de fora, Sarah e Angel conversavam, enquanto comiam algo na lanchonete.
- Nossa, eu estava morrendo de fome. – Sarah resmungou enquanto mordia um pedaço da sua torta de frango.
- Dá para perceber, olha só como você come... – Angel riu.
- Eu não conseguia comer.... Não sabendo que minha mãe podia morrer.
- Mas agora está tudo bem, tia Nat melhorou muito. – Ela disse tomando um gole de suco. – E as meninas?
- Ah, ficam me ligando direto, me perguntando como está a mamãe, mas eu desliguei o celular, depois falo com elas. – Disse.
- Você é uma figura. – Angel disse. – Eu vou falar para elas que você desligou o celular de propósito. – Disse erguendo as sobrancelhas.
- Diz, quem está com sua língua...? – As duas começaram a rir. – Sabe Angel... – Sarah analisou. – Até que você é legal... – suspirou, agora a garota não a deixaria em paz.
- AAAAA! – Deu um gritinho estridente. – EU SABIA! – Batendo palminhas. – Sabia que gostava de mim.
Sarah rolou os olhos.
- Eu não disse que gostava de você, disse que você até que é legalzinha. – Enfatizou. 
- Que nada! Que nada! Eu sei que você gosta de mim sim! – Ela sorria fazendo uma dancinha.

Ok as chances de eu gostar de você é 9%. – Piscou e Angel a encarou Sarah começou a rir. – Ok. 10%!
- AAA melhorou! – Angel sorriu. – Olha ali, não é a sua avó, mãe da tia Nat?
Sarah se virou para olhar e viu a avó se aproximando delas.
- Olá mocinha. – Disse nervosa. – Pode conversar comigo um pouquinho?
Sarah olhou para Angel que assentiu enquanto levantava com seu suco.
- Com licença, vou ali com minha mãe. – Angel disse e Melinda assentiu.
- Senta aí. – Sarah apontou a cadeira onde Angel estava.
Melinda se sentou e ficou observando a neta.
- Qual é.…? – Rolou os olhos. – A senhora veio aqui só para olhar para minha cara ou o que? – Tomando um gole de seu refrigerante. – Ah já sei, a senhora está com fome, GARÇON! – Melinda tapou-lhe a boca. Aquela ali era pior que Natasha, pela virgem santíssima!
- Quieta menina. – Melinda disse. – Eu quero conversar com você. 
- Pois diga.
- Eu quero pedir perdão e...
- Olha, poupe sua saliva. – Rolou os olhos. – Se tem alguém aqui que tem que lhe dar perdão é minha mãe... – suspirou. – Afinal de contas foi a ela que a senhora castigou, e não a mim.
- Ela já me deu o perdão. – Sorriu ao lembrar. –  minha filha me perdoou... 
Sarah arregalou os olhos, surpresa pela atitude da mãe.
- UAU... – ela disse. – Não esperava que ela fosse perdoa-la tão cedo.
Eu também não. – Melinda assentiu. – Mas minha filha sempre foi imprevisível. Aliviou-me muito esse perdão.
- Eu imagino o quanto deve ter sido difícil para ela perdoar você.
- O por que você diz? – Melinda olhou as mãos. – Acabou de perdoa-la por um abandono.
- O meu abandono não é nada comparado ao que a senhora fez. – Sarah a encarou, com os olhos marejados. – Ela me abandonou, me deixando segura, em casa, com o meu pai, meus avós... Quentinha dentro do meu bercinho. E fez por que queria me proteger. Já a senhora eu não preciso nem falar... – rolou os olhos. – Deve entender perfeitamente... – enxugou as lagrimas.
- Claro que entendo... – assentiu. – Mas, por favor, não me castigue mais...
- Não castigarei. – Levantando. 
- Espera. – Segurando no braço dela. – Acha que um dia, terá lugar para mim no seu coração? Ou poderá me chamar de vovó com carinho, como faz com Sarah?
- Se a minha mãe já perdoou você... – Sarah cruzou os braços. – Eu não tenho motivos para odiá-la... Claro que sim, você é minha avó, não é? – Melinda assentiu. – Então? Mas eu quero que tenha paciência.... Eu não posso amá-la de um dia para outro..., mas eu vou tentar, eu juro!
- Eu vou fazer o possível para isso, vou mostrar que também posso ser agradável, posso ensinar você a bordar e... – Sarah arregalou os olhos.
- Bordar? – Abriu um sorrisinho falso. – Eu dispenso!
Melinda sorriu negando com a cabeça. 
- Jovens... – Sarah deu de ombros. – Pode me dar um abraço?
Sarah a encarou e assentiu. Deu um abraço apertado na avó materna, e ela também já sabia que não iria demorar em aceitar Melinda, era questão de esperar.
Obrigada! – Melinda disse levantando. – Agora eu preciso ir, até mais tarde.
- Até! – Deu tchauzinho e foi até Angel e Wanda
***
Duas semanas depois.
Natasha já estava se preparando para sair do hospital. Estava bem, e o doutor não viu mais nenhum motivo para que ela ficasse ali.
- Pronta para voltar para a casa? – Steve disse animado.
- Totalmente! – Ela sorriu envolvendo o pescoço dele com as mãos e lhe dando um selinho demorado. – Estou com saudades... – ela sussurrou no ouvido dele, maliciosamente fazendo o gargalhar.
- Também estou. – A olhando ternamente.
- O que foi? – Confusa pelo olhar dele.
- É que eu quero te pedir uma coisa... – ele mordeu o lábio. Ela o encarou com curiosidade. – Já faz cinco meses que a gente voltou e parece que foi ontem. – Ele coçou a nuca. – Nesse meio tempo eu só descobri que durante todo esse tempo que ficamos separados eu só consegui te amar ainda mais... E fiquei louco ao pensar que pudesse te perder. – Ela sorriu com olhinhos brilhando. – Você me encanta com esses sorrisos, esse jeitinho de menina travessa me enlouquece, e eu tenho certeza absoluta que você é a mulher da minha vida.
Ela riu emocionada enquanto o via pegar algo no bolso. E sentiu o ar faltar ao ver que era uma caixinha de veludo. Ele abriu mostrando um lindo anel com um diamante cravado no meio, ela pôs a mão no peito completamente sem ar.
- Então princesa... – ele sorriu e se ajoelhou. – Quer casar comigo?

Ela pôs a mão na boca e sorriu abertamente, ele estava a pedindo em casamento mesmo? Ali no hospital, ela não podia acreditar.
- É claro que eu aceito, meu amor... – disse dando um beijo molhado em seu homem, ela o amava tanto, tanto. Aquele era o dia mais feliz de sua vida.
 

Nossa Filha MimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora