6º Capitulo

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Sarah tinha acabado de acordar, entrou no banheiro morrendo de preguiça, mas já eram 1hrs30min da tarde e ela estava com fome, escovou os dentes e tomou um banho rápido, para despertar. Já se passara uma semana do tal desfile, Natasha continuava namorando seu pai para sua tristeza, mas fazer o que? Já tinha tentado de tudo para separar os dois e nada, nem quando a ruiva soube que tinha sido ela a causadora dos estragos no desfile, se intimidou. 
A ruiva era um doce com ela em todo momento, independentemente de seu pai estando perto ou não, diferente das outras, que só a tratavam bem na presença de Steve. E isso a intrigava muito... Era para Natasha odiá-la com toda a sua alma! 
Mas a ruiva sempre mostrava o contrário. 
Escolheu um biquíni azul e colocou uma canga por cima. Escuta três batidinhas na porta.
- Já acordei vovó... – ela disse.
- Não é a vovó, sou eu a Nat... – Ouviu a voz doce de Natasha e rolou os olhos. – Posso entrar?
- Entra... – disse vencida, sabia que Natasha não sairia dali enquanto não a deixasse entrar, Natasha colocou a cabeça para dentro e sorriu, entrando em seguida. – O que você quer aqui, garota? – Disse experimentando seus óculos no espelho.
- Vim ver se já tinha acordado.... Seu pai disse que vamos almoçar na piscina, e só estamos te esperando. – Olhando ao redor. 
- Eu sei que vamos almoçar na piscina, todos os sábados almoçamos na piscina, ou então vamos para a praia quando meu pai não está muito cansado. – Disse debochada. – Como você não sabe de nada eu tenho que te explicar não é mesmo.
- Nossa, seu quarto é muito legal... – ignorando as ironias de Sarah, olhando o quarto dela com os olhos brilhando. – Quando eu tinha sua idade sempre quis ter um quarto desses.
- E por que não tinha ué? 
- Minha mãe não tinha dinheiro... – roendo as unhas. – Nem roupas eu tinha quase. 
- Então quer dizer que você era pobre? – Cruzou os braços. – Que triste...
- Você diz isso por que sempre teve tudo..., mas é duro para uma adolescente querer algo e não poder ter, eu era muito fã do Michael Jackson, chorei dias por que não pude ir ao show quando ele veio aqui, minha mãe dizia que ele era o servo do capeta. – Negando com a cabeça, lembrando as presepadas de sua mãe.
Sarah começou a rir, Lua a olhava sorrindo de leve, agora podia rir, mas antes ela chorava por conta das coisas que sua mãe falava.
- Sua mãe é louca? – Gargalhando. – O Michael era tenso, mas não tanto...
- Minha mãe era uma fanática religiosa, para ela tudo era pecado.... Tudo era do demônio, enfim...
- Que saco ter uma mãe assim, às vezes eu agradeço por não ter mãe, se bem que minha mãe deveria ser louca tanto ou mais que sua mãe. – Natasha engoliu o seco. – Mas se você era tão pobre como você estudava na escola que eu estudo? – Cruzou os braços e indagou. – Meu pai disse que vocês estudaram juntos durante um tempo, então? Como fazia para pagar se era pobre? – Disse desconfiada.
Por acaso acha que eu estou mentindo? – A ruiva disse erguendo a sobrancelha, Sarah ergueu as mãos dando de ombros. – Bem eu só consegui entrar lá por que ganhei uma bolsa de estudos.
- Entendi você era uma bolsista. – Disse pegando seu protetor solar. – Tadinha dela. – Rolou os olhos. – Ok ruiva, sua estória é muito, muito triste, mas eu não estou interessada em ouvir sacou? Estou morrendo de fome. Você vem comigo ou vai continuar babando no meu quarto? Se quiser peço pro meu pai comprar igual pra você... Pelo menos não vai precisar continuar dormindo com ele. – Disse assim que saiu porta afora.
Natasha apenas riu e saiu junto com ela.
Desceram e Steve já estava esperando as duas na beira da piscina, a empregada já estava servindo e arrumando a mesa.
- Boa tarde bela adormecida... – disse enquanto Sarah sentava no colo dele e o abraçava pelo pescoço. – Com muita fome?
- Aham, assou picanha? – ela perguntou enquanto beliscava um pedaço de carne.
- Assei picanha e filé. – Apontando outra travessa. – E a Alana fez uma torta de chocolate pra você.
- Ah, perfeito! – Ela disse enquanto levantava e começava a se servir. – E a vovó, onde está?
- Já está vindo, ela foi trocar de roupa, vai entrar na piscina... – se virou para Natasha. – Senta aqui amor... – apontou a cadeira ao lado dele. Ela foi até lá e sentou ao lado dele, dando um selinho. – Não está com fome?
- Um pouquinho. – Ela sorriu enquanto se servia.
- Salim! Vem aqui garoto! – Sarah chamou o dálmata, que veio correndo.
- Ele é lindo! – Natasha disse acariciando o cachorro.

Sim, ele é enorme. – Steve disse mordendo um pedaço de carne. – Eu o comprei quando Sarah tinha sete anos, por causa daquele filminho lá...
- 101 Dálmatas? – Ele assentiu. – Eu adorava aquele filme, achava tão engraçado.
A mãe de Steve voltou e se juntou a eles, todos almoçaram em um clima agradável até Sarah que estava usando sua educação.
Quando acabaram de almoçar, decidiram jogar uma partida de vôlei aquático.
- Vai o papai e eu. – Sarah disse se agarrando no pai.
- Ok, então eu vou com a dona Sarah, pode ser? – Se virando para a sogra.
- Claro Nat. – a ruiva sorriu. – Estão prontos para perderem? – Disse dando língua.
- HAHA, vovó, sabe que eu sou ótima. – Ela disse dando um salto na piscina.
- É mocinha, não pule muito na água, acabamos de almoçar. – A avó disse rindo. – Vamos começar logo com isso e vamos para a piscina, até o Salim já está nadando e a gente aqui. – Disse tirando a canga e entrando na piscina em seguida.
Natasha riu e tirou a canga.
- Nossa você está muito gostosa com essa canga... – ele disse mordiscando a orelha dela, fazendo-a se arrepiar. – Incrível amor. – A virando e lhe dando um beijo, ela começou a rir.
- Para de me cantar. – Bateu de leve no braço dele fazendo o mesmo gargalhar, e em seguida lhe dar outro selinho.
De dentro da piscina Sarah olhava os dois com uma tromba.
- Aff, alguém avisa ela que meu pai não vai sumir? – Dizia irritada.
Deixe os dois namorarem, minha querida. – A avó dizia achando graça, se Sarah soubesse que Natasha era sua mãe... 
- Eles parecem que estão no cio. – Dando um mergulho.
A Sarah mais velha arregalou os olhos, mediante o disparate.
- Sarah respeite o seu pai menina... – Sarah riu e jogou uma bolinha para Salim. – PAPAI VEM LOGO! – Berrou impaciente.
Steve deu mais um selinho em Natasha e os dois entraram na piscina.
- Até que enfim! – Sarah pegou a bola. – A bola começa comigo! – Abraçando a bola.
- Vamos lá então! 
Logo começaram uma animada partida, Sarah e Steve estavam ganhando, graças a ele, pois ela não jogava nada, só vivia mandando as bolas para fora, estava três a um para eles. Salim ficava apenas nadando para lá e para cá, aproveitando a enorme piscina. Ela mandou a bola para fora outra vez. Natasha foi buscar a bola e Sarah ficou observando-a, era muito diferente das mulheres que seu pai catava, ele sempre catava loiras magrelas como Lilian, Natasha era ruiva, tinha corpo, um corpo lindo por sinal tinha seios e bumbum proporcionais, realmente não entendeu seu pai dessa vez, não era mesmo o seu tipo de mulher.
Ficaram mais um pouco brincando até que Steve saiu da piscina, precisava fazer uma ligação.
- E então Natasha, como vai a Wanda e aquela mocinha adorável? – A mãe de Steve perguntou simpaticamente.
- Vai bem Dona Sarah, hoje ficaram de visitar os pais de Buck.
- Pelo visto eles se deram muito bem mesmo, não é? – A mais velha disse. – Buck é um ótimo rapaz, formam um belo casal.
E a Bruxa mãe.... Que não é besta nem nada, foi lá e CRÉU! – Sarah disse rindo. – É tenso vovó...
- Sarah, por favor... – a avó disse constrangida. 
- Ai o papai está demorando. – A menina reclamou. – Vai lá chamar ele ruiva chata... – disse à Natasha.
- Sarah... – a Mais velha a repreendeu, ela nem ligou.
- Não se preocupe, também acho que ele está demorando, vou até lá. – a mãe de Steve assentiu enquanto Lua nadava até a borda e saia por fim da piscina.
- Você bem que podia ser mais carismática com ela meu amor. – a avó disse.
– Ela é tão carinhosa com você.
- Eu sei vó, mas eu não posso deixa-la em paz, esse é o castigo dela por me tirar meu pai. – Fez um bico.
A Sarah mais velha apenas sorriu, negando com a cabeça.
***
Natasha adentrou no escritório e Steve estava falando no telefone, terminou de falar, e se virou para ela chamando-a.
- Será que a pessoa com qual estava falando imagina que esteja de toalha, todo molhando, aqui e agora? – Riu enquanto lhe dava um beijo.
- Suponho que não. – Ele disse lhe dando outro beijo. – Sentiu saudades de mim, ou o que? 
- Senti saudades de você... – ela disse. – Tanto eu quanto sua filha. – Ele riu.
– E me pediu pra vir te chamar... “Vai ruiva chata! ”. – Imitou a filha.
- Ela não tem jeito. – Ele negou com a cabeça.
Eu não me importo.... Ela é minha filha e eu vou amá-la apesar de tudo. – Ela disse o abraçando forte, ouviu a porta se abrir em um estrondo. 
Olharam e viram Sarah pálida.
- Eu sou sua filha? – A menina perguntou estática, os dois se entreolharam nervosos. – RESPONDE! EU SOU SUA FILHA OU NÃO?!
- Filha... – Steve começou. – Fica calma ok?
Natasha já estava muito nervosa, não sabia sequer como agir.
Sarah estava completamente desorientada. Claro! Como ela foi ingênua, muita coincidência ela ter o mesmo nome de sua mãe, a mesma idade, ter estudado com Steve (ela sabia que Steve tinha conhecido a mãe dela na escola), ter um biótipo físico nada a ver com o que seu pai curte e NUNCA, absolutamente NUNCA se irritava com ela, era incrível. Como ela tinha sido trouxa para não ter notado antes. Que merda!
- Natasha é sua mãe. – Ele passou a mão nos cabelos.
Sarah começou a chorar, enquanto observava sua mãe, não sabia explicar o que estava sentindo, nunca tinha tido uma mãe e agora a sua estava parada na sua frente, a mulher que a abandonou quando ela era só um bebê, quando ela ainda precisava mamar no peito, a responsável por sua vida ser horrível...
- Filha, eu... – Natasha começou.
- EU NÃO SOU SUA FILHA! – Ela gritou. – VOCÊ NÃO É MINHA MÃE, VOCÊ ME ABANDONOU E EU TE ODEIO! – Saiu correndo.
Natasha pôs a mão no rosto e caiu no choro, não acreditava que Sarah tivesse descoberto as coisas desse jeito, não era para ser assim.
- Fica calma amor, já passa, ela só está nervosa. – Ele tentou acalmá-la.

Eu não sei... – com o rosto molhado pelas lagrimas. – Ela me odeia Steve! Não era para ela ter descoberto agora... – negando com a cabeça enquanto ele a abraçava.
- O que foi? – A mais velha entrou na sala apressada. – Que grito foi esse?
- SArah descobriu tudo mamãe! – Steve disse. – Tudo. 
- Meu Deus! – Pôs a mão na boca espantada. – Mas como, meu filho?
- Ela ouviu enquanto a gente conversava... – ele pôs a mão no rosto enquanto ouvia os soluços de Natasha. – Não podíamos imaginar que ela estava ouvindo.
- Ela disse que estava demorando demais, e resolveu vir te buscar... – explicou. – Oh meu Deus a culpa é minha, eu não deveria ter a deixado vir atrás de vocês.
- Ninguém tem culpa mãe, ela saberia em um momento ou outro. – Conduzindo Natasha até o sofá que tinha em seu escritório. – Senta aqui meu amor... – ela sentou, estava muito angustiada. – Mamãe, pode trazer um copo de água para ela, ela está muito nervosa. – A mãe assentiu se retirando. – Nat, fica calma, por favor. – Beijando as mãos dela. – Eu preciso conversar com a nossa filha agora, entende ela, tudo deve estar muito confuso na cabecinha dela, isso deve ser muito difícil pra ela. – Natasha assentiu.
- Claro... – ela disse chorosa. – Eu entendo, mas eu tenho muito medo.
- Vai ficar tudo bem. – Ele garantiu.
A Sarah mais velha voltou com a água e um calmante.
- Tome isso querida. – Ofereceu e Natasha pegou, tomando em seguida.
- Obrigado... – ela forçou um sorriso. – Escuta não tem alguma aspirina por aí? Eu preciso comer... – dizia roendo as unhas ela estava nervosa e precisava das malditas aspirinas.
Pega para ela na minha gaveta mamãe. – Steve disse. – Eu preciso conversar com a minha filha, pode fazer companhia a Nat, enquanto isso?
- Claro que sim, pode ir. 
Ele olhou
Natasha e ela o encarou como se estivesse desejando boa sorte. 
Ele realmente iria precisar, Sarah deveria estar uma fera.
No quarto a menina quebrava tudo enquanto chorava, aquela mulher não podia ter voltado, sabia que essa Natasha tinha alguma coisa, mas nunca passou pela sua cabeça que ela fosse sua mãe. Ouviu a maçaneta girando loucamente, depois ouviu seu pai chamar.
- Sarah abra a porta! – Ele ordenou. – Deixa o papai explicar filha...
- VAI EMBORA! VOCÊ É UM MENTIROSO STEVE! – Ela berrou soluçando. – POR QUE NÃO VAI FICAR COM SUA NAMORADINHA IDIOTA E ME ESQUECE!
- Sarah, por favor, abra a porta! – Ele disse ignorando os berros dela. 
- Eu não quero ver minha mãe... – ela disse mais baixo.
- Sua mãe não está aqui, eu estou sozinho filha, abre pra mim...
Sarah retrucou um pouco e abriu, deitou em sua cama e abraçou o seu ursinho de pelúcia. Steve entrou e fechou a porta, arrastou um pufe e sentou-se à frente da filha.
- Ela é minha mãe mesmo papai? – Perguntou com lagrimas, ele sentiu o coração apertado ao vê-la daquele jeito, sabia que deveria estar sendo muito difícil para Sarah. 
- É filha, a Nat é sua mãe. – Ele disse.
E por que você não falou pra mim que ela era minha mãe? – Soluçando. – Por que papai?
- Por que estávamos esperando um melhor momento para contar, mas parecia que esse momento nunca chegava você não gosta dela e assim era muito complicado falar. – Ele explicou acariciando os cabelos Loiros e bem cuidados de Sarah. – Filha a sua mãe te ama...
- Ama tanto que me abandonou quando era um neném, nem sequer se importou por eu ainda depender dela, por eu ainda precisar mamar, me deixou sozinha. – Ela dizia amargurada.
Steve suspirou e lembrou-se como foi difícil quando Natasha partiu, Sarah era só um bebê e ele não fazia ideia de como lidar com a paternidade, dar de mamar a ela sempre fora um desafio, a pequena não queria saber de outro leite que não fosse o da mãe, depois de muito custo ela se acostumou com a mãe de leite que a avó contratara. 
Foi um período difícil.
- Sua mãe teve os motivos para ir... – ele suspirou coçando a nuca.
- Que motivos? – Ela enxugou as lagrimas e mirou o pai.
- Isso ela mesmo tem que te explicar... – ele disse carinhosamente enquanto fazia carinho nos cabelos da filha. – Eu sei que está sendo muito difícil pra você essa situação toda e eu seria capaz de tudo para evitar esse sofrimento meu bem, pra um filho não tem justificativa alguma, ser abandonado. – Ele assentiu. – E a única inocente no meio de toda essa confusão é você... – Sarah abraçou o ursinho mais forte. – Foi tudo muito difícil quando a Natasha engravidou, ela tinha a sua idade, e eu tinha quinze anos, éramos duas crianças, foi uma gravidez difícil, cheia de riscos, eu não sei como ela conseguiu segurar você, pensei que ela não conseguiria... – ele disse nostálgico.
Seria melhor se ela me perdesse! – A menina disse com raiva. – Pelo menos pouparia meu abandono.
- Não repita isso nunca mais! – Ele disse sério. – Você tem noção do que está dizendo?
- E você tem noção do que é pra mim, descobrir que minha mãe voltou depois de ter me abandonado? E o pior, ter descoberto tudo como eu descobri? Não você não tem noção papai, a vovó sempre esteve ao seu lado pra tudo e nunca te abandonou, a mim sim, minha mãe não me quis! – Ela voltou a chorar deixando o pai sem saber o que dizer.
- Filha, você é tudo pra mim... – ele murmurou. – O fato de a sua mãe ter voltado não vai mudar isso, ela é sua mãe e eu sou o seu pai, nós te amamos muito pequena.
-Eu sei que você me ama, mas ela não me ama, nunca me amou e nem vai amar! – Berrou. – E se ela voltou foi só pra voltar a namorar você, eu sou um estorvo para ela.
- Não diga isso, você sabe que não é assim.
- Me deixa sozinha, papai! – Ela disse mal-humorada. – Não quero mais ver ninguém!
- Tudo bem, qualquer coisa é só chamar que eu venho correndo princesa. – Ela deu um sorriso de canto e ele lhe deu um beijo estalado na testa. – Eu te amo.
- Eu também te amo. – Ela respondeu e ele saiu.
Seu pai não tinha culpa de nada, ele era tão vitima quanto ela. A única culpada era Natasha...
Ainda se perguntava o motivo que levara aquela mulher a abandona-la, voltou a chorar agarrada a seu urso de pelúcia, observando o céu pela janela, logo

começou a serenar e uma vontade de dormir se apoderou da menina, não demorou e estava dormindo.
***
Steve desceu e encontrou Natasha dormindo no colo da mãe dele.
- O que houve mamãe? – Ele perguntou.
- Ela tomou um calmante e dormiu pobrezinha está muito abatida, e o melhor seria ela dormir mesmo.
- Tem razão, é melhor eu vou leva-la para o quarto e avisar para Wanda que ela dormirá aqui.
- Se quiser eu posso ligar avisando. – Se ofereceu.
- Faça isso mamãe. – Pegando a namorada no colo e saindo com ela do escritório.
Dona Sarah ligou para Wanda e disse à morena tudo o que tinha acontecido, Wanda ficou chocada e preocupada com Natasha e Sarah, a mais velha explicou a ela a situação. Depois a tranquilizou desligando em seguida, olhou no relógio e viu que eram seis da tarde, Natasha não acordaria tão cedo, já que o calmante era forte. Decidiu ir ao quarto da neta ver como ela estava, deu duas batidinhas e viu que ninguém atendia, resolveu entrar e sorriu ao ver que ela dormia agarrada ao bichinho de pelúcia.
- Coisinha escandalosa da vovó... – sussurrou enquanto dava um beijinho na cabeça da neta. – Amo você. – Sussurrou arrumando o edredom, e cobrindo-a melhor. Depois fechou as persianas e apagou a luz, deixando o quarto escuro, deu mais um beijinho nela e saiu.
Aquela noite jantou sozinha, Steve estava sem fome e Natasha e Sarah estavam dormindo e preferiu não se meter naquele assunto, afinal era um assunto deles que já estava passando na hora de ser resolvido.
No dia seguinte, Sarah acordou cedo, também pudera fora dormir cinco e meia da tarde do dia anterior. Respirou fundo ao lembrar-se do sábado péssimo que tivera e lembrar que Natasha era sua mãe. Não queria sair da cama, não queria ver sua mãe nunca mais! Estava muito bom sem ela, não tinha nada que voltar para irritá-la. 
Ouviu duas batidinhas na porta.
- Quem é? – Disse preguiçosa.
- Eu Filha. – Steve respondeu, do lado de fora. – Posso entrar?
- Está sozinho?
- Estou.
- Entra. – Ela respondeu sentando.
Ele entrou com uma bandeja de café da manhã, Sarah sentiu o estomago roncar de fome, tinha tudo o que ela gostava na bandeja... Bolos, torradas, chocolate quente, e enroladinhos de queijo e presunto.
- Oba! – Bateu palminhas. – Estou morrendo de fome.
Ele sorriu e colocou a bandeja em cima dela, em seguida sentou ao lado da filha.
- Está melhor? – Ele perguntou carinhoso.
- Não, mas eu não vou passar o resto da minha vida chorando por causa dessa mulher. – Disse mordendo o bolo.
- Fico feliz que não esteja mais chorando. – Apertou o nariz dela que sorriu. – Mas filhota... – ele disse e ela parou de sorrir. – Não acha que vocês precisam conversar? – Ela negou com a cabeça. – Natasha tem muitas coisas pra te falar, tem muito que explicar.
- Não quero conversar com ela! – Berrou.
Tem certeza? – Ele arqueou a sobrancelha. – Tem certeza que não te interessa mesmo saber o motivo por qual ela foi? 
Sarah o encarou, na verdade se interessava e muito, era uma das coisas que ela se perguntava quase todos os dias, o motivo de ter sido abandonada pela mãe.
- Eu não sei se quero ver ela. 
- Vocês vão ter que conversar em um momento ou outro. – Ele disse. – Melhor que seja logo, não acha?
Sarah colocou uma torrada inteira na boca e ficou se perguntando o porquê de tudo isso ter acontecido.
- Tudo bem papai. – Ela disse. – Você venceu!
Steve sorriu orgulhoso.
- Mas eu vou primeiro tomar café. – Disse voltando a tomar café.
Ela tomou café sob os olhares atentos do pai, comeu tudo, realmente estava com muita fome.
- Preparada? – Disse pegando a bandeja que ela lhe estendia.
- Estou sim... – suspirou. – Pode chamar ela. – Voltando a deitar.
Ela estava nervosa, pela primeira vez veria Natasha como sua mãe e não como a namorada chata do seu pai, isso era muito estranho, era uma sensação nova para ela.
Steve desceu e Natasha estava ajudando as empregadas a tirar a mesa do café. 
Viu-o chegando até ela e lhe dando um beijo. Sorriu de leve.
- E então? – Estalando os dedos. – Como ela está?
- Acordou melhor, graças a Deus. – Ele abriu um sorriso. – Ela quer te ouvir.

É sério? – Perguntou surpresa. Achava que a menina não iria querer vê-la tão cedo.
- Sim. – Ele assentiu. – Quer ir agora? Ela está esperando.
- Oh céus, eu estou muito nervosa amor... – disse abraçando o corpo. – Eu tenho medo da reação dela quando eu falar.
- É difícil tudo isso... – ele a abraçou. – Mas você precisa falar, e essa é a hora, se quiser eu vou com você.
- Não precisa. – Ela se separou dele e passou a mão no rosto. – É melhor eu ir sozinha.
Ele assentiu.
- Me deseje sorte. – Murmurou.
- Boa sorte. – Deu um selinho nela.
Natasha respirou fundo antes de entrar no quarto de Sarah, entrou e a encontrou vendo TV, deitada e embrulhada da cabeça aos pés. A menina notou sua presença e sentou, a encarando de cima abaixo. 
Como se quisesse gravar sua imagem para sempre. 
Sarah notou que Natasha realmente se parecia com ela. Tinha vários traços da mãe. Os cabelos eram em grande quantidade como os seus e o nariz tinha o mesmo formato. Eram muito parecidas.
- Bom dia. – a ruiva disse, dando um sorriso de canto. – Como dormiu?
- Ora, por favor... – Sarah ironizou. – Não se faça de mãe dedicada, por que você não é mesmo. – Natasha suspirou.
- Eu posso me sentar? – A ruiva perguntou apontando o pufe. 
Sarah deu de ombros e ela sentou.
Agora? Vai me responder por que me abandonou Mamãe? – Disse a última palavra com a voz carregada de ironia. – É a única coisa que eu quero saber.
Natasha engoliu o seco, falar daquilo era tão doloroso, tão duro..., mas ela iria falar tudo para Sarah.
- Claro que sim... – a ruiva assentiu. – A minha vida nunca foi fácil Sarah... eu nunca conheci meu pai e cresci ouvindo da minha mãe que eu era o maior pecado dela, que eu era tudo de ruim que aconteceu na vida dela, minha mãe veio de uma família católica, eles eram muito devotos e minha mãe se tornou igual, vivia rezando achando que tudo era pecado. E eu cresci somente com a figura dela na minha vida. Eu sempre fui muito estudiosa, sempre tirava as melhores notas no colégio, sempre fui motivo de orgulho, só minha mãe que não pensava assim, para ela eu continuava sendo seu maior pecado. Eu consegui uma bolsa para estudar no San Alfredo, que era um colégio caro, cheio de riquinhos e foi lá que conheci seu pai, eu não sei o que ele viu em mim, sinceramente, eu usava umas saias que iam até embaixo do joelho e um suéter marrom horrível todos os dias.... Não que eu gostasse de me vestir assim, minha mãe me obrigava, falava que usar roupas justas era pecado, e eu morria de medo de pecar. – A ruiva falava e Sarah prestava atenção, ainda não entendendo. - Eu me apaixonei pelo seu pai assim que o vi, ele sempre arrodeado de namoradinhas, era muito popular... – sorriu lembrando-se. – E eu era considerada estranha, algumas pessoas tinham medo de mim...
- Tipo Carie a estranha? – Sarah perguntou. – Na boa, sua história parece muito com a dela.
- Eu também acho, mas eu não tinha poderes mentais, infelizmente... – Natasha suspirou. – Enfim seu pai começou a dar em cima de mim, e eu resolvi dar uma chance a ele apesar de saber que não estava fazendo a coisa certa, segundo a minha mãe, mas eu estava tão apaixonada que pela primeira vez na vida eu não me importei... – ela sorriu de leve ao lembrar-se dos momentos que passou com Steve na adolescência, ele era tão fofo e gentil. – Quando eu completei quatorze anos decidimos dar um passo adiante na nossa relação, foi uma experiência nova tanto para ele quanto para mim e estávamos conhecendo aquilo que os adultos diziam que era incrível...
- E foi aí que eu surgi. – Sarah interrompeu mais uma vez. – Se não queriam um bebê por que não usaram camisinha? – Disse rolando os olhos.
- Nós esquecemos. – Pôs a mão no rosto. – Mas isso não importa agora, Sarah, você foi gerada... não demorou em que eu começasse a sentir os sintomas da gravidez, no início eu achava que estava doente, apenas com alguma virose, minha mãe me levou ao hospital e lá falaram que eu estava grávida. Ela meteu a mão na minha cara lá mesmo... na frente de todos os médicos e enfermeiras. – Disse sentindo a primeira lagrima rolar. – E me puxou pelos cabelos até em casa enquanto me xingava de tudo o que era nome, falou que eu era o uma pequena pecadora e iria arder no fogo do inferno por toda a eternidade, disse que Deus me odiava, que eu era uma vergonha, me chamava de piranha, vadia... Enfim de tudo o que era nome - Sarah estava impressionada, sua avó materna era doente!- Quando chegamos em casa ela não deixou eu entrar, disse que o pecado jamais passaria pela porta dela, e jogou as poucas roupas que eu tinha pela janela e me mandou embora, que não queria me ver nunca mais... – ela soluçava, era muito duro lembrar-se da forma como sua própria mãe a tratou em um dos momentos que ela mais precisava de carinho e apoio. – Aquela noite eu passei na rua, sozinha, com muito medo, só eu e você... – olhou para Sarah, que já estava com os olhos mareados. – No outro dia eu fui à escola procurar seu pai, expliquei tudo a ele e ele me trouxe para casa dos pais dele, no tempo eles moravam em uma casa no Norte, bem próximo da escola, eu falei para ele do meu estado, ele também ficou muito assustado, mas disse que iria me apoiar no que eu precisasse... - Sarah sorriu sozinha, seu pai era incrível e ela sabia muito bem. - Os seus avós também ficaram muito alterados, mas ao contrário da minha mãe, ofereceram ajuda, e me hospedaram na casa deles bondosamente, eu tive vários problemas durante a gravidez, emagreci muito, sentia saudades da minha mãe, apesar de tudo, eu só tinha a ela no mundo e isso me entristecia... eu não tinha ninguém mais por mim, tive muitos sangramentos devido à gravidez ser muito, muito precoce, por muitas vezes achei que não iria conseguir chegar ao final, mas você se mantinha firme e

forte na minha barriga e parecia querer nascer a todo o custo... – sorriu de leve. – Minha bolsa estourou faltando três semanas para completar os nove meses, eu não sei explicar o pavor quando senti as dores, eu pensei que eu iria morrer, a Tia Sarah e tio Albert, era assim que eu chamava eles, me levaram pra maternidade, depois o Steve chegou e ficou ao meu lado o tempo inteiro, foram vinte e uma horas de trabalho de parto, eu não tinha mais forças pra nada, não conseguia sequer respirar direito, quando eu ouvi o seu choro fino eu não acreditei, você era uma neném perfeita, chorava direto... – disse sorrindo mediante as lagrimas.
- Se eu era um bebê perfeito, por que me abandonou? – Ela indagou, ainda com amargura.
- De volta para a casa eu comecei a desenvolver depressão-pós-parto, eu ficava sozinha em casa com você todo o tempo, não tinha com quem conversar, não tinha amigos, eu não tinha nada. – Disse ela que parecia voltar no tempo, com as lembranças. – Então dona Sarah contratou uma empregada, Luzia. – Mordeu o lábio. – Essa mulher me ofereceu maconha, disse que sempre que eu me sentisse infeliz era só fumar uma daquelas que toda a minha infelicidade passaria, e eu de besta, fui na conversa dela e realmente, era só alegria, e eu fui me viciando naquilo, e cada dia queria mais, até que eu estava completamente viciada em drogas, não só maconha, mas crack e LSD também, fiquei magra como um palito de dentes.... Eu olhava para você e sentia medo de te machucar. – Olhou para a filha chorando muito. – Você era tão pequenininha e ficava sozinha em casa com uma drogada, você tem noção?
- E os meus avós? Meu pai? Não sabiam? – Sarah enxugou uma lagrima que escoria em seu rosto.
- Seus avós trabalhavam juntos na empresa do seu avô, e seu pai também estava trabalhando lá, ele queria ser independente... – sorriu de leve. – Eles descobriram um pouco antes de eu ir embora, quando o seu pai achou vários cigarros de maconha em baixo da cama, ele ficou muito decepcionado comigo, eu senti muita vergonha pelos seus avós e por ele mesmo... no outro dia eu me droguei o dia inteiro, e cheguei a colocar droga dentro da sua mamadeira de chazinho, que eu fazia para que você não tivesse cólica. – Sarah arregalou os olhos, completamente surpresa. – Aquilo foi o fim para mim, eu poderia ter matado você e só não matei por que seu pai chegou a tempo.
- Eu não imaginava. – A menina disse cobrindo o rosto. Caindo no choro.
- Eu fui embora... – Natasha continuou. – Fui embora por que achei que você ficaria melhor comigo longe, eu era uma ameaça para você, e a última coisa que eu queria era que te acontecesse algo de ruim, eu tinha certeza que o papai iria cuidar de você e ser para você tudo aquilo que eu não fui...
Sarah levantou os olhos e a encarou.
- E depois? Quando você foi embora, o que aconteceu? – A menina perguntou, abalada.
- Eu fiquei vagando por aí, consegui me abrigar em um lar de freiras, elas me ajudaram, me mandaram para uma casa de recuperação... demorei quatro anos para me recuperar do vício, o que não foi nada fácil... eu tinha crises de abstinência horríveis, depois disso terminei meus estudos e fui tentar faculdade em Detroit e como eu era muito inteligente consegui uma bolsa em uma faculdade muito boa, depois de mais seis anos me formei em moda e depois lutei até conseguir meu próprio negócio. Essa é a minha história. Agora você pode tirar suas próprias conclusões a respeito de tudo isso. – Se levantou, enquanto enxugava as lagrimas. – Eu só espero que um dia, você me perdoe por tudo filha... A última coisa que eu queria era te fazer sofrer, e espero que você me entenda, por favor...
Se aproximou dela e lhe deu um abraço, um abraço que estava esperando há muito tempo, sua filha era a tudo para ela, tudo... Sarah afogou-se no abraço, sua mãe tinha sofrido muito para dar-lhe a vida, mas ainda tinha um buraco em seu coração que não podia fechar-se, e isso era mais forte do que ela... Natasha separou e lhe deu um beijinho na testa. – Eu vou deixar você em paz... – sorriu de leve. – Obrigado por me dar a oportunidade de explicar, qualquer coisa é só me ligar ok? – Sarah não disse nada, apenas a observou sair.
Quando Natasha saiu a menina caiu no choro, perdeu a noção de quanto tempo ficou chorando, não queria estar no lugar de Natasha, em pensar que na sua idade sua mãe já estava sofrendo daquele jeito a deixava muito mal, apesar de não gostar da ruiva, ela tinha um coração, e seu coração não era feito de pedra para não se comover com a história dela. Depois de muito chorar, adormeceu outra vez.
 

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