𝒔𝒐𝒎𝒆 𝒏𝒊𝒈𝒉𝒕𝒔

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Dizem que todo ser humano nasce já com um propósito, tem aquilo de nascer, crescer, envelhecer e morrer né, tipo todos sabemos que todos nós deixaremos algo pra trás, mesmo que dívidas ou memórias essas que podem ser boas ou ruins, mas as deixarem...

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Dizem que todo ser humano nasce com um propósito, tem aquilo de nascer, crescer, envelhecer e morrer né, tipo todos sabemos que todos nós deixaremos algo pra trás, mesmo que dívidas ou memórias essas que podem ser boas ou ruins, mas as deixaremos, faremos com que todos se lembrem de nós, faremos parte da história de alguém.

Ella não sabe se faz, fez ou se algum dia fará parte da história de alguém, é uma das poucas pessoas no mundo que pode dizer não fazer algo relevante o suficiente para ser marcada permanentemente na vida de alguém.

Apesar de não fazer questão disso, Ella ainda sente que é irrelevante na vida de todos ao seu redor, acho que isso tem a ver com seu caso de depressão ─ bom o psicólogo da clínica disse que ela tinha início de depressão, mas levando em conta o que faziam com a garota e todos os outros eu duvido que saibam de algo de fato. ─ tinha dias em que sentia o mundo brilhar ardentemente pra si, que seu dia seria o melhor e que nada poderia lhe afetar.

E tinha dias como hoje, dias quais não queria nem mesmo sair da cama pois tudo que sintia era uma força descomunal de morrer, de se machucar e se fundir à cama e não sair nunca mais.

Sentia uma vontade louca de chorar por tudo, pois sua cabeça estava tumultuada de memórias horrível, tanto da clínica quanto da antiga casa onde tudo de ruim aconteceu consigo.

Não era nem duas horas da manhã e já havia tomado dois banhos de tanto nojo que estava sentindo do próprio corpo, seus braços e pernas ardiam de tanto esfregar, sua barriga estava vermelha e o rosto ardia pela força em que usava as mãos para secar as lágrimas.

Seu padrinho estava no seu décimo sono em seu quarto roncando alto, Isabella estava também dormindo abraçada a um urso feio que ganhou da mãe a uns anos atrás, creio que por saudades, e Ella? Estava sentada no chão do banheiro apenas de lingerie e um roupão preto amarrado, com a mão sobre a boca pra abafar os soluços de um choro doloroso que acontecia a mais de duas horas.

Foi, eu acredito que por esse motivo em que ela se levantou e foi até seu quarto se trocar, que escreveu aquela carta de adeus pro padrinho e Isabella ou que sentiu um alívio no peito com a ideia odiosa em sua mente.

Ella tinha prometido que superaria e que nada iria mais lhe afetar, mas sente que não conseguiu cumprir, já as coisas que a mãe e Shawn falaram rondava sua cabeça, as cenas de abuso no quarto e a garota implorando por ajuda, as cenas dos enfermeiros à estuprando enquanto gritava e implorava pra morrer rodeavam sua mente já quebrada.

Os cortes agora cicatrizados em seus pulsos ardendo com a lembrança da sua primeira tentativa poucos meses atrás, fizeram confirmar a ideia e sair de casa após fechar o quarto por fora, guardar a chave no bolso e sair de casa silenciosamente, foi a pé mesmo, não fez questão de pegar o carro ou de se importar de por um calçado, apenas foi em direção ao que presumiu ser o fim de tudo para sua dor.

Sabia que o padrinho e Bella ficariam tristes e chateados com a notícia, até mesmo seus novos amigos e Liv, mas sabia também que logo esqueceriam disso, que viveriam suas vidas e que seria apenas a garota suicida que passou pela cidade e se jogou de um penhasco por ser uma depressiva.

Vai ser a garota que teria um futuro promissor, a que tinha um carro maneiro e até era bonita, que poderia arrumar um namorado legal ou quem sabe namorada maneira, seria uma das inúmeras pessoas a querer sair da cidade e cursar uma faculdade famosa e futuramente vir fazer um encontrão com os antigos colegas de escola, contar do trabalho e da vida pessoal, quem sabe dos filhos e marido, dos animais de estimação que possivelmente teria, contar como era ser casada e ter sucesso na vida profissional e pessoal, ficaria sem jeito e diria que foi Deus quem escolheu por ela, depois contaria cada detalhe e então dois dias depois a cidade toda saberia sobre isso.

Mas nesse momento não era o que iria acontecer, pelo menos não com Elleonor, pois a garota tinha um pequeno propósito ali, que era chegar o mais longe daquela floresta,  tão longe que só iriam lhe encontrar dias depois já sem chances de ser salva.

Acredite, por mais triste que pareça era isso que ela queria, era isso que seu coração machucado e seu cérebro a diziam pra fazer, hoje ali no meio daquela floresta fria, escura e úmida seus dois órgãos decidiram trabalhar juntos e levar até o barranco mais alto que encontrar perto do rio, bom pelo menos é o que acredita ser, já que o barulho das ondas quebrando nas pedras a fizeram sorrir, em saber que a força das ondas a levaria pra longe.

Tudo que vinha à sua cabeça era pondo um fim em toda essa dor horrenda, no fato de que  decepcionaria seu padrinho e que faria Liv, Bella e Angie chorar por ela.

Uma fracote que desejava tanto a morte que ao menos pensou na hipótese de deixar pessoas tristes pra trás, bom não naquele momento, pois naquele momento Ella pensava no pai, em poder ficar ao seu lado depois de tudo que passou.

A chance de ser feliz de verdade ao lado dele, a chance de não se sentir mais imunda, ter seu corpo coberto por marcas, marcas essas que foram feitas por um espécime imundo.

Papai, estou indo até você, por favor não fique bravo comigo, eu não aguento mais viver assim, me dói, minha alma sangra, meu coração dói, minhas mãos estão tremendo pela vontade de me machucar, minha mente me recorda momentos terríveis, meu corpo me mostra isso através do espelho e minha cabeça me lembra que eu posso acabar com tudo, desde que o senhor me receba .

Isa, padrinho, Liv e Angie me perdoem por abandoná-los e por decepcionar todos vocês, me desculpem por ser fraca e não aguentar mais um pouquinho, me desculpa padrinho por não ser forte como o senhor e permanecer de , eu sei que o senhor vai me perdoar um dia, e entender que no agora eu mereço ser feliz e ter paz um pouco.

Não era possível ouvir nada ao redor daquela enorme floresta, os animais pareciam estar em silêncio, apenas observando a jovem chegar cada vez mais próximo da ponta do penhasco.

Ella podia-se sentir o peso do próprio corpo se inclinando para frente na intenção de cair metros à baixo, mesmo que seus pés tentassem impedir a falta de solo, de olhos fechados e com o rosto molhado pelas lágrimas a garota se inclinou pela última vez, dessa para seu enfim final.

Seu último pensamento foi um pedido de perdão ao padrinho, Bella e suas novas amigas, e perdão a Deus por estar prestes a cometer um pecado.

Foi quando um jovem vampiro passava por ali perto após uma caçada com a família que ouviu esse último pensamento de Ella, e sem pensar duas vezes correu até onde imaginou vir a voz em seu pensamento, e chegou no momento exato em que seu pequeno e frágil corpo iria se jogar a puxando para seu próprio corpo na intenção de protege-la.

Num movimento muito rápido os braços pequenos e delicados o puxaram para um abraço apertado, e então ainda mais lágrimas e soluços foram ouvidos, e um pedido de ajuda silencioso foi ouvido não apenas por Edward Cullen, mas por toda sua família.

── shiii, estou aqui querida, e não irei a lugar nenhum. ── a voz baixa do rapaz foi ouvida por ela que apenas chorava desesperada, seu corpo tremia e seu coração batia tão forte que era possível senti-lo na garganta.

── Não me deixe cair de novo por favor, eu não aguento mais. ── a voz falha e chorosa de Elleonor fez os corações mortos de todos os vampiros se apertar e com um olhar silencioso Livie adormeceu Elleonor prometendo ao irmão e a si mesma fazer Ella se sentir amada de verdade, a ponto de nunca mais desejar a morte.

𝐌𝐄𝐌𝐎𝐈𝐑𝐒  || 𝑒𝑑𝑤𝑎𝑟𝑑 𝑐𝑢𝑙𝑙𝑒𝑛Where stories live. Discover now