CAPÍTULO 2

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"A dália vermelha está associada a uma ideia de olhos vivos e abrasadores."


Eu vi a garota quase pular do assento quando me viu. Seu rosto assumiu uma expressão fechada e eu cruzei os braços para mostrar o meu desgosto. Ela segurava meus desenhos e mexia nas minhas coisas como se a mesa fosse sua. Fiquei automaticamente irritado.

– Desculpa, quem é você?

Eu levantei uma sobrancelha e soltei uma risada sem humor com sua pergunta atrevida. Sua expressão de inocência fingida me irritava ainda mais.

Quem sou eu? É você quem está mexendo no que não é seu.

– Fomos apresentados antes? Eu deveria conhecer você?

– Não que eu me lembre, mas você pode sair da minha mesa e largar as minhas coisas? Eu tenho trabalho para fazer e cada segundo é importante.

Ela continuou no mesmo lugar, sem nenhuma intenção de se mover.

– Você deve ser o garoto novo. Eu sou... Hm... A garota nova? – ela estendeu a mão como se realmente esperasse que eu fosse apertá–la. Apenas olhei para seus dedos e ela recolheu a mão estendida, sem constrangimento, apenas dando de ombros.

– Isso não justifica o fato de você estar mexendo nas minhas coisas. – insisti.

– Helena pediu que eu ficasse com esse cubículo, provavelmente porque é o único com espaço suficiente para encaixar a minha cadeira.

Eu finalmente notei a cadeira de rodas.

– Bom, e daí? Isso não te dá o direito de mexer no que não é seu.

Andei até a mesa e peguei todo meu material, passando para a única baia vazia que ficava ao lado. Em tempo recorde, saí da minha conta do computador, peguei meus objetos pessoais e meus trabalhos incompletos, enquanto a garota continuava no meu lugar, com a expressão inalterada, apenas observando os meus movimentos.

– Eu... Hm... Desculpe? – ela não parecia nem um pouco arrependida. Sua expressão estava mais para deboche.

– Você não sabe falar direito? Tem algum problema com a linguagem? Hm... Ah... – fiz uma imitação da sua voz, mas minha grosseira não a tocou. Ela não pareceu ficar ofendida e nem chateada com as minhas palavras.

Decidi ignorá-la porque ainda estava irritado. Odiava quando mexiam nas minhas coisas ou invadiam o meu espaço e a garota na cadeira de rodas mexia alguns botões errados dentro de mim. Me fazia lembrar de um passado distante, esquecido no fundo do meu subconsciente. Só a visão dela me deixava irritado.

– O que? – perguntei quando vi que ela continuava me encarando com os olhos enormes.

– Eu preciso da sua ajuda para entrar na minha conta.

Soltei um muxoxo em uma língua que ela não conhecia e arrastei minha cadeira de rodinhas até parar do lado dela. A garota quase pulou quando agarrei seu crachá e digitei o número de matrícula dela e a senha padrão. Não consegui ignorar a foto dela sorridente no crachá. Quem sorria tão grande em uma foto de crachá daquele jeito? Eleanor Sancho, estava escrito. Nome estranho para uma garota estranha.

– Muito obrigada, você pode me chamar de Len.

Voltei para o meu lugar, mas a garota continuou me encarando. Fiquei verdadeiramente incomodado.

– O que você quer agora? – perguntei novamente, esperando que aquilo acabasse de uma vez por todas. Ela fazia o tipo que não entendia os sinais para se afastar.

As cores mais bonitas do universoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz