"A dália vermelha está associada a uma ideia de olhos vivos e abrasadores."
Eu vi a garota quase pular do assento quando me viu. Seu rosto assumiu uma expressão fechada e eu cruzei os braços para mostrar o meu desgosto. Ela segurava meus desenhos e mexia nas minhas coisas como se a mesa fosse sua. Fiquei automaticamente irritado.
– Desculpa, quem é você?
Eu levantei uma sobrancelha e soltei uma risada sem humor com sua pergunta atrevida. Sua expressão de inocência fingida me irritava ainda mais.
– Quem sou eu? É você quem está mexendo no que não é seu.
– Fomos apresentados antes? Eu deveria conhecer você?
– Não que eu me lembre, mas você pode sair da minha mesa e largar as minhas coisas? Eu tenho trabalho para fazer e cada segundo é importante.
Ela continuou no mesmo lugar, sem nenhuma intenção de se mover.
– Você deve ser o garoto novo. Eu sou... Hm... A garota nova? – ela estendeu a mão como se realmente esperasse que eu fosse apertá–la. Apenas olhei para seus dedos e ela recolheu a mão estendida, sem constrangimento, apenas dando de ombros.
– Isso não justifica o fato de você estar mexendo nas minhas coisas. – insisti.
– Helena pediu que eu ficasse com esse cubículo, provavelmente porque é o único com espaço suficiente para encaixar a minha cadeira.
Eu finalmente notei a cadeira de rodas.
– Bom, e daí? Isso não te dá o direito de mexer no que não é seu.
Andei até a mesa e peguei todo meu material, passando para a única baia vazia que ficava ao lado. Em tempo recorde, saí da minha conta do computador, peguei meus objetos pessoais e meus trabalhos incompletos, enquanto a garota continuava no meu lugar, com a expressão inalterada, apenas observando os meus movimentos.
– Eu... Hm... Desculpe? – ela não parecia nem um pouco arrependida. Sua expressão estava mais para deboche.
– Você não sabe falar direito? Tem algum problema com a linguagem? Hm... Ah... – fiz uma imitação da sua voz, mas minha grosseira não a tocou. Ela não pareceu ficar ofendida e nem chateada com as minhas palavras.
Decidi ignorá-la porque ainda estava irritado. Odiava quando mexiam nas minhas coisas ou invadiam o meu espaço e a garota na cadeira de rodas mexia alguns botões errados dentro de mim. Me fazia lembrar de um passado distante, esquecido no fundo do meu subconsciente. Só a visão dela me deixava irritado.
– O que? – perguntei quando vi que ela continuava me encarando com os olhos enormes.
– Eu preciso da sua ajuda para entrar na minha conta.
Soltei um muxoxo em uma língua que ela não conhecia e arrastei minha cadeira de rodinhas até parar do lado dela. A garota quase pulou quando agarrei seu crachá e digitei o número de matrícula dela e a senha padrão. Não consegui ignorar a foto dela sorridente no crachá. Quem sorria tão grande em uma foto de crachá daquele jeito? Eleanor Sancho, estava escrito. Nome estranho para uma garota estranha.
– Muito obrigada, você pode me chamar de Len.
Voltei para o meu lugar, mas a garota continuou me encarando. Fiquei verdadeiramente incomodado.
– O que você quer agora? – perguntei novamente, esperando que aquilo acabasse de uma vez por todas. Ela fazia o tipo que não entendia os sinais para se afastar.
CZYTASZ
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RomansSe uma pessoa nasce com uma doença que a impede de reconhecer rostos, é uma merda. Se além disso, essa pessoa aos 15 anos sofre um acidente que a deixa paraplégica, é um soco bem no meio da cara. Daqueles que quebram o nariz e tudo. Para Eleanor, e...