6 // freaks dressed like clowns

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    Lois com certeza estaria vivendo um sonho naquele lugar, diferentemente de Clark. Nada parecia mais desqualificante do que frequentar festas extravagantes e vazias como aquela, tudo por causa de um playboyzinho e seus caprichos. Por protetor e afetivo que fosse em relação aos humanos, esse era um lado deles que Kent não conseguia verdadeiramente abraçar—ou sequer compreender

    Ele estudou o ambiente com o olhar, parando sobre uma figura em disparidade com o resto das pessoas. Eram todos de alta classe, obviamente, contudo a mera postura de Bruce Wayne se destacava. Usava um terno escuro e segurava uma taça de champagne, aparentando não estar interessado na conversa que tinha com alguém. Talvez Clark estivesse ficando louco, mas algo lhe dizia que ele seria uma boa história—se aquele evento poderia oferecer alguma—, e fora com esse pensamento que seus passos foram na direção do empresário. Felizmente, Bruce estava finalizando o diálogo com alguém. 

    Era a chance perfeita.

    — Senhor Wayne. — chamou uma vez. — Senhor Wayne, Clark Kent do Planeta Diário. Eu...

    — Oi? Sim, sim, a minha fundação já mandou uma declaração apoiando os livros. — disse Wayne, parecendo procurar alguém com o olhar. 

    Clark pigarreou, chamando sua atenção:

    — Perdão? 

    — Ah, foi mal. Mulheres bonitas, sabe? Não publique isso, é um péssimo hábito meu. 

    Kent teve vontade de suspirar, porém optou por se conter. Não deveria ser exatamente uma surpresa que alguém tão famoso como Bruce Wayne fosse um completo estúpido, afinal. Era irrelevante. 

    — Queria uma palavra sua sobre o morcego vigilante de Gotham — murmurou apenas, ainda com a mesma cordialidade no tom. 

    — Planeta Diário... Esse é meu também, ou é daquele cara? — veio então o questionamento, banhado de um divertimento que de maneira alguma chegou ao kryptoniano. Clark, que ainda tinha um sorriso educado no rosto, sentiu seu maxilar travar instantaneamente assim que os olhos petulantes de Bruce enfim alcançaram os seus, apenas para viajar até o crachá em seu paletó.  

    — As liberdades civis têm sido esmagadas em sua cidade. — disse, não desistindo tão fácil. Bruce levantou uma sobrancelha, esperando que ele concluísse sua fala. — As pessoas vivem com medo. 

    — Não acredite em tudo que ouve, rapaz. 

    — Mas eu vi, senhor Wayne. — Clark foi veemente, piscando uma vez. Não era inteligente ser tão incisivo como jornalista, principalmente no meio de uma entrevista, porém o assunto era de muita importância para si por motivos óbvios. Ele enrugou a testa e adicionou, ainda convicto: — Ele pensa que está acima da lei.

    — O Planeta Diário criticar quem pensa que está acima da lei é meio... Hipócrita, não acha? — Bruce forçou um sorriso, fitando seus pés antes de voltar a encarar Kent com uma expressão desafiadora. — Já que todas as vezes que seu herói salva um gato da árvore, vocês escrevem um editorial! Sobre um alienígena, que se quisesse, reduzeria esse lugar a cinzas. — ele pausou, olhando aos arredores. — Já que nada na Terra é capaz de impedi-lo

    — A maior parte do mundo não compartilha da sua opinião, senhor Wayne. — foi tudo que Clark respondeu, tentando manter a compostura. 

    Aquela não era uma opinião nova sobre o Superman, mas a intensidade no semblante de Bruce enquanto falava o desconcertou de certa forma. Alguém mais sensível teria sentido o baque do olhar cheio de desprezo que era direcionado a Clark, como se o próprio fosse seu inimigo pessoal por não concordar com suas colocações. Ele se perguntava se mais pessoas pensavam como Bruce, afinal, em face de sua investidura no assunto. Havia algo escuro nas orbes o fitando, beirando ao ódio. 

    — Talvez seja Gotham City em mim. — a voz de Wayne o trouxe de volta à realidade. Ele concluiu, analisando sua figura de cima a baixo: — Temos um histórico ruim com malucos vestidos de palhaço.

    Clark não conseguiu reprimir um sorriso com aquelas lembranças, enquanto observava Bruce e Diana trocarem algumas palavras sobre Victor. Eles haviam mesmo dado uma volta na sua relação. Desde aquele primeiro encontro, ele teve suas suspeitas de quem era o morcego, mas agora era tão claro que parecia patético sequer ter duvidado algum dia. Chegava a ser engraçado como não pouparam insultos e críticas um ao outro frente a frente, sem fazer ideia de que o faziam. Ao menos da parte dele, pois talvez Bruce fosse mais esperto ainda do que transparecia. 

    — Vou atrás dele. — Diana decretou, se virando para Clark também. — Ele confia em mim, é melhor que eu faça isso sozinha. 

    — Qualquer coisa é só chamar. — Kent assentiu, vendo a amazona partir sem mais delongas. Houve um momento de silêncio quando ficaram apenas Bruce e ele na caverna, então o morcego fez seu caminho até o painel de computadores. Seus dedos pareciam estar disputando entre si pra ver quem era o mais rápido e Clark achou a cena divertida. Respirando fundo, ele puxou uma cadeira ao lado do morcego e se acomodou. A tensão imediata nos ombros dele foi quase cômica. — Como você está, Bruce?

    — Ocupado. — diz ele, sem tirar o olhar dos monitores. Seu tom não foi seco, apenas evasivo, e dessa vez Clark suspirou. De rabo de olho, Wayne percebeu, aparentando estar num certo conflito interno. Por fim, resolveu baixar a guarda, perguntando num murmúrio rápido: — E você, como está?

    — Vivo... Eu acho. — abriu um meio sorriso. Orbes outrora distantes finalmente fitaram as suas, cheias de algo que era indecifrável no momento. Clark meneou a cabeça, se inclinando pra frente. — Tenho que confessar que está sendo meio estranho dessa vez.

    — Estranho? — Bruce franziu o cenho levemente, parecendo hesitante pela aproximação repentina. 

    — Sim, agora eu... — mordeu os lábios, tentando achar as palavras certas. — Não sei. Agora eu me sinto mais disinibido, como se morrer fosse uma espécie de libertação.

    — Que conversa mais agradável essa hora da noite — Alfred apareceu ao lado de Bruce, abrindo um sorriso gentil. — Mas receio que está na hora do jantar. Vamos, crianças. 

    — Você está mais atrevido agora que Clark está aqui, não acha? — Wayne comentou, visivelmente incomodado com algo. O kryptoniano gostaria de saber o quê.

    — Senhor Kent, o que acha de almôndegas? — indagou o mordomo, ignorando completamente as reclamações do morcego.

    — Eu... Gosto? — Clark respondeu incerto, percebendo o enfezamento nas feições de Bruce crescer gradativamente. 

    Alfred abriu um sorriso com dentes:

    — Pois então é o seu dia de sorte!

n/a:

não meus amores alfred case cmg!!!(ele é a verdadeira estrela dessa história) 



Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 17, 2022 ⏰

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FAITH | 𝘴𝘶𝘱𝘦𝘳𝘣𝘢𝘵Onde as histórias ganham vida. Descobre agora