5 // that's gossip

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    Clark suspirou pesado, analisando as cores vibrantes do céu vespertino no Ártico. Não fazia ideia de quanto tempo não tinha aquela visão, mas com certeza era o bastante. O ar frio não o incomodava e, de alguma maneira paradoxal, até o aquecia, trazendo memórias de um passado agora distante. Era reconfortante, ao contrário de como a morte—ou o nada, como pareceu—que fora tão dolorosamente fria. Chegava a ser uma sensação excruciante, por inerte que estivessem suas terminações nervosas. Então, respirar aquela brisa gélida que já lhe era familiar foi como voltar pra casa. 

    Fazia alguns dias desde que voltara à vida e o tempo não parava. Logo, logo estaria encarando mais uma invasão e apenas o esperava pacientemente—ao menos tentava. Não havia contatado Bruce ou qualquer outra pessoa além de Martha àquela semana, temendo por ter outro acesso de raiva inconsciente. Às vezes era como se algo houvesse mudado em si e já não fosse o Clark de antes, mas como poderia? Se a vida mudava uma pessoa, quem dirá a morte. E não havia super força que aliviasse uma mente desgastada como a sua. Poderia possuir os poderes que fosse, levantar prédios e subir até o espaço; sua cabeça era quem comandava e ela ainda não estava em condições. Por isso, as montanhas de neve ao seu redor serviam como uma espécie de âncora. Estavam ali para lembrá-lo de manter os pés no chão em meio à vontade sufocante de voar para bem longe. 

    Uma voz do outro lado do mundo fê-lo despertar dos pensamentos. Era Diana, pedindo que fosse até a mansão Wayne. Ele suspirou, seguindo o caminho de volta entre as nuvens. Em um piscar de olhos estava encarando a porta da frente, incerto sobre se deveria bater ou não. Para seu alívio, ela se abriu sozinha, revelando Alfred do outro lado. Ele possuía um sorriso cordial no rosto e o deu passagem para entrar, sem dizer uma palavra. Kent assentiu brevemente e entrou, o seguindo até os andares subterrâneos que levavam à caverna.

    Diana estava sentada de frente para um computador e lhe ofereceu um cumprimento rápido, já indo direto ao assunto. Aparentemente haviam achado mais uma pessoa com habilidades especiais, um rapaz chamado Victor Stone, que esteve presente quando resolveram ressuscitá-lo e agora queria dar pra trás. Devia ter seus motivos, pois apesar de tudo, era apenas um garoto. Clark conseguia empatizar consigo. Ele observava atentamente—o quão era possível, na verdade—, em silêncio, enquanto ela fazia contato com o menino pelos monitores. 

    Através da única janela no local, o céu já escurecia. Era quase poético que dentro daquela caverna fosse sempre noite, pois nada poderia ser mais Bruce Wayne. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios e Diana percebeu, parando o que estava fazendo para olhá-lo. Ela tinha uma expressão divertida no rosto, quase como se soubesse o que Clark estava pensando.

    — Bruce tem um jeito estranho de pedir desculpas. — comentou, pegando Kent de surpresa. Ele sabia que ela era boa em ler pessoas, mas ler mentes era um passo e tanto. Ele abriu outro sorriso, dessa vez ligeiramente triste, com as palavras de Diana. — E acredite nessa amazona, foi um pedido de desculpas.

    — Eu não o culpo, mas sei que a culpa dele não sou eu de fato o responsável. — respondeu em um tom ameno, baixando os olhos por um segundo. 

    Clark não de fato parou pra pensar no assunto até aquele instante, pois parecia algo pequeno considerando as circunstâncias atuais. No entanto, tinha consciência da postura deslocada de Bruce na sua presença. Esteve claro em seu semblante, afinal, quando o viu novamente e não sabia como agir. Andava inquieto, não fazia muito contato visual. Tão diferente daquele Bruce Wayne confiante e atrevido que encontrou pela primeira vez, agora tantos anos atrás. Talvez devesse até sentir-se vingado pelo destino, por ter sido discutivelmente humilhado por senhor Wayne e, no presente momento, ser ele quem perturba Bruce com tão pouco esforço, mas o pensamento mais o aflige do que conforta. Um suspiro inaudível deixa seus lábios.

    — Então você conhece Bruce tão bem quanto eu. — ela recostou-se na cadeira, cruzando as pernas. — Como você está, Kal-El? Imagino que não tenha sido fácil... Morrer.

    — Bom palpite. — ele sorriu amarelo. — E eu diria que voltar à vida foi mais doloroso do que morrer, até.

    — Hera. — foi tudo que a amazona murmurou em resposta. Seus olhos castanhos subiram para uma figura que vinha logo atrás de Clark. — Alfred, obrigada. Você é muito gentil.

    — É apenas meu trabalho, senhorita Prince. — o mais velho disse, pousando a bandeja com o chá próximo ao painel de computadores. Ele trocou um olhar demorado com Kent antes de posicionar o objeto de prata ao lado de seu corpo. — Com licença. — então saiu, caminhando para longe graciosamente.

    — Sinto que ele não gosta de mim. — Clark disse casual, fitando a pequena xícara à sua frente. 

    Diana meneou a cabeça, soltando uma risada:

    — Pois eu acho exatamente o contrário. — ela ergueu as sobrancelhas, fazendo as do kryptoniano levantarem em questionamento. — Esquece! Não é o momento de fazer fofocas.

    — Fofocas? — inquiriu, de repente muito interessado. 

    — Amanhã... — ela começou, descontinuando o assunto enquanto tomava um gole do chá. — Precisamos dar um jeito de juntar essa equipe de vez. Sinto que o mundo nunca viu uma ameaça como essa e precisamos de toda ajuda que pudermos.

    — Victor pareceu ser razoável. — Diana assentiu, se voltando para a tela gigante de novo. Clark abriu a boca para continuar sua fala, mas fora interrompido por um barulho vindo de trás de si. Eram passos pesados e familiares, acompanhados por um cheiro de colônia cara que inebriava o mais sensível dos olfatos. — Bruce. — Clark sorriu involuntariamente, sendo recebido com um aperto de mão educado. 

    — Começaram a festa sem mim? 

n/a:

oi gente cheguei do nada.!!! dsclp a demora mds mais de um ano. ainda tem alguém aqui? kjkdjfdkj

passando p agradecer quem n desistiu dessa história e msm qm leu e desistiu de esperar. eu sou péssima cm compromissos gnt dsclp. mas uma hr eu apareço lol

notas? críticas? opiniões?

obg por ler!!!

lay(na).

FAITH | 𝘴𝘶𝘱𝘦𝘳𝘣𝘢𝘵Onde as histórias ganham vida. Descobre agora