Chapter One

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Henry Maddox

Eu não sei o que estava pensando quando aceitei isso.

Que era uma boa oportunidade, com certeza.

Mas passar 12h dentro de uma caixa de metal a metros do chão? Pelo amor de Deus! Era insanidade.
Não que eu tenha medo de altura, não é isso, mas é um tempo demasiado longo amarrado a uma cadeira e sem muita opção do que se possa fazer. Já que os celulares e aparelhos eletrônicos precisam estar desligados.
Eu até trouxe um livro ou outro, mas não é como se eu fosse conseguir ler por tanto tempo.

Que droga, Henry!

Como havia chegado algumas horas antes do meu vôo para evitar contratempos e problemas inesperados, já havia feito meu check in e despache de malas, e agora não havia mais volta. A verdade é que a decisão me trouxe um certo incômodo, maior parte disso se deve ao fato de que detesto coisas inesperadas e sem planejamento, e essa com certeza era uma situação que incluía as duas coisas. Isso me tirou do eixo. Mas também o fato de não ter opção.

Tive menos de dois dias para "concordar" se aceitava, - não é como se eu pudesse de fato recusar sem uma boa desculpa, e eu não a tinha, e mesmo que tivesse desculpa, era mais fácil ser demitido do que liberado -, avisar a minha família e arrumar as malas; o restante foi programado e definido pela minha unidade na polícia de Los Angeles.
Nesse caso não pude nem opinar. Era frustrante.

E por mais que as circunstâncias não sejam minhas favoritas ou adequadas, confesso que esse caso me traz sensações estranhas, pode ser instinto de investigador ou apenas por ter saído do conforto de trabalhar perto de casa, mas era como se eu sentisse que existia mais do que aparenta.

De qualquer maneira não vejo como pode ser "normal" uma garota de 18 anos simplesmente desaparecer em menos de uma semana de intercâmbio.
E sendo ela a filha do representante da empresa Rolex nos EUA, é para se pensar se não pode se tratar de um seqüestro.

Mas olha se essa menina riquinha fugiu com o namorado e eu tô passando por esse sufoco de besta, eu mesmo dou um sumiço nela.

É tudo estranho nessa situação, é estranho como nenhuma ligação foi feita, nenhum pedido de resgate, - e isso, é no mínimo suspeito, por quebrar o padrão de comportamento de um sequestro -. Me deixa ainda mais alerta com as possibilidades e possíveis incongruências desse caso. Geralmente esses homens ligam em no máximo 48h.
A prioridade sempre é o responsável legal pelo sequestrado saber que de fato estão com a pessoa e instigá-lo a pagar a quantia que for.
E nada disso aconteceu.

O que me leva mais uma vez a pensar que se trata simplesmente de um surto de uma garota mimada, ou de algo distinto e ela pode estar pior do que imaginamos.

Então, sim! Trabalhar em um caso que deve ter mais do que aparenta, me parece ótimo! É o que mais está me dando gás para passar por essas situações desconfortáveis. E se tudo acabar bem, e eu solucionar isso, posso até ser condecorado, quem sabe.

Seria ótimo para a minha carreira de perito. Apesar de não ser essa a minha preocupação primária, não posso negar isso. Seria hipócrita se dissesse que não considerei essa questão. É como ganho a vida e subo na carreira. Fazer o quê?

Não posso negar que fiquei surpreso, é claro! Senti-me honrado por isso. De tantos, meu superior escolheu a mim, poderia ter sido qualquer um. Talvez um menos talentoso, mas ainda assim, qualquer um.

Isso soa um pouco convencido?

De qualquer forma, eu não falaria isso em voz alta. Eu acho. E não trato meus colegas de forma diferente. Tenho em mente que minha antiga profissão merece o crédito pelo meu rendimento. Todavia procuro me manter afastado dela o máximo que posso, não é como se eu pudesse voltar. Para tristeza da minha mãe e alegria do meu pai, se é que aquele velho ranzinza ainda é capaz de sentir alguma coisa.

À Espreita - Máfia ItalianaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum