Lys terminou de esfregar o chão e jogou o trapo sujo dentro do balde de madeira que levara consigo. Passou a costa da mão sobre a testa que suava e suspirou, graças aos deuses aquele era o último quarto que precisava limpar.

Levantou-se com agilidade, embora estivesse trabalhando três vezes mais do que em casa, sentia-se plenamente feliz em ser útil ali.

Limpou as mãos no avental que usava e puxou dos cabelos a touca improvisada com o retalho de um vestido velho.

Analisou brevemente seu trabalho e dando-se por satisfeita se retirou. Por sorte àquela noite o ambiente estava fechado único e exclusivamente para as garotas que se divertiam de outras formas que não sexo.

Ao passar pelo corredor elas não notaram sua presença e a garota sentiu-se aliviada que estivessem todas ali, pois assim conseguiria comer algo sozinha e tomar um banho sem ser interrompida e se elas a vissem com certeza insistiriam para que participasse.

Abandonou o balde e a vassoura em um canto da cozinha, pegou um bolinho que tinha assado mais cedo e deu uma grande mordida sentindo seu estômago se revirar pela fome. Não que as meninas a fizessem passar necessidades, mas Lys tinha sempre em mente que primeiro os deveres, não queria parecer inútil e folgada.

Bebeu um gole de vinho quente, que havia aprendido a apreciar e foi em direção ao pequeno aposento rente à cozinha que fizera de quarto, pois havia se recusado a tomar um de uma das garotas, mas não reclamava, para quem dormia no chão aquele era o lugar mais aconchegante que tivera em toda sua vida.

Levou consigo um balde de água fria com o qual teve o cuidado de se lavar. Uma das coisas que amava ali era que todas estavam sempre preocupadas com suas limpezas pessoais e ganhavam muitos presentes que sempre compartilhavam com Lys, desse modo ela tinha essências vindas da cidade homônima e sabonetes de rosas.

Pegou uma das camisolas que havia sido ofertada a ela por Ezzara uma das meninas que trabalhava ali e a quem tinha se afeiçoado, ambas tinham quase os mesmos dias.

O tecido branco puro deslizou por sua pele fazendo cócegas. Lys respirou profundamente o cheiro de roupa limpa e sorriu, estava genuinamente feliz, mas algo ainda a incomodava.

Há dias que o príncipe não aparecia. Ela tinha ouvido falar no mercado que ele estava recluso em Red Keep e até a patrulha da cidade tinha dado uma trégua sem seu comandante à frente. O homem parecia ter se aborrecido realmente com Lys ou tinha se enfadado dela. Mesmo que ele nunca mais voltasse, a garota seria eternamente grata a ele por lhe dar aquela felicidade.

Deitou-se sobre os tecidos que estendera de modo a fazer-lhe de cama e fechou os olhos calmamente. Não era uma boa mentirosa, nunca fora, claro que o sumiço de Daemon a estava machucando, ficar sem vê-lo por tanto tempo era quase uma tortura. Um aperto em seu peito que insistia em não passar como se alguma coisa muito errada estivesse acontecendo, mas que ela não conseguia discernir.

Remexeu-se inquieta de um lado para o outro até ouvir passos e a voz de Ezzara ansiosa chamando por seu nome.

— Lys, Lys! Pelos deuses... – Guinchou a menina afoita.

— O que está acontecendo? – Perguntou Lys já nervosa.

— Ele está aqui, ele está esperando você. – Respondeu ela movimentando as mãos muito rapidamente.

— Do que você está falando, quem está aqui, estamos fechados. – Retrucou Lys.

— O príncipe Daemon sua tonta. Ele só entrou, subiu e mandou chamar por você!

O Príncipe Rebelde - Daemon TagaryenWhere stories live. Discover now