Capítulo Dois

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O apartamento estava silencioso quando Andrew acordou, nas terça-feiras ele tinha uma única aula e ela era remota, então ele tomou seu tempo para levantar da cama.


O tempo lá fora estava fechado, e as nuvens escuras que cobriam o céu indicavam que não demoraria muito para que uma chuva intensa começasse a cair. Neil já havia saído para suas aulas de manhã e depois tinha treino na parte da tarde, então Andrew ficaria com o apartamento só para ele por uma boa parte do dia.


Andrew chegou a pensar que, depois da noite no Eden's, a dinâmica entre eles podia acabar sendo afetada, mas estava enganado. Nos dias que se seguiram ele e Neil continuaram com suas rotinas normais, de alguma forma, o atleta pareceu perceber a hesitação nos gestos de Andrew mas não comentou sobre. 


Neil, no entanto, se portava de forma segura e leve, ele continuava a provocá-lo com suas respostas sempre na ponta da língua e continuava preparando chocolate quente para Andrew quando achava que ele precisava. Nenhum dos dois chegou a verbalizar o assunto, mas ele sabia que aquela era forma que Neil encontrou de demonstrar que ele não havia sido afetado por nada que havia acontecido.


E Andrew tentou não achar conforto na forma como o ruivo se colocava de forma sólida em sua vida, ele tinha constantemente se lembrar de que Neil, na verdade, era um sonho incansável. Uma miragem.


Já estava no meio da tarde quando o céu finalmente despencou. A vista pela janela era acinzentada, e vez outra era possível ouvir o barulho de trovões distantes.


Ele encarou o clima lá fora, pensando em como Neil deveria estar voltando de seu treino, e como provavelmente o atleta - idiota, do jeito que ele era - não havia levado nenhum guarda-chuva, mesmo com o tempo do jeito que estava. 


Estava debatendo consigo mesmo se deveria ou não ligar para o idiota para ter certeza se ele estava bem ou não, quando seu próprio telefone começou a tocar. A ligação vinha de um número desconhecido, mas ele resolveu atender mesmo assim. 


"Andrew?", ele ouviu do outro lado da linha, reconhecendo a voz de Neil de imediato. 


"Onde você está?", perguntou Andrew.


"Ainda estou no estádio, o treino acabou agora pouco."


 "Celular?"


"Esqueci em casa, peguei o do Kevin emprestado."


Idiota.


"Idiota."


"Você não tem o número do Kevin salvo?"


"Por que eu teria?"


"Não sei, criticar a performance dele depois dos jogos, trotes, uma vez eu..."


"Josten", interrompeu Andrew. "O que você quer?"


"Ah, sim, certo", disse Neil, como uma hesitação presente em sua voz. "Eu estava pensando que, talvez, se não estiver muito ocupado, você poderia... poderia me buscar."


Era uma situação engraçada, pois, veja bem, Neil podia fazer esse mesmo pedido para qualquer um de seus colegas de time. Neil tinha essa mania terrível de querer ir a pé ou correndo para todos os lugares, mas Andrew tinha certeza que nem todos aqueles atletas sem cérebro pensavam assim e pelo menos um deles tinha que ter um carro.


E mesmo assim, Neil estava ligando para ele. 


Suspirou, resolvendo não pensar sobre o que isso poderia significar. 


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