Capítulo 10 - Uma Garota Não Tão Boa

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- Vai se foder, Andrews! Eu tenho total direito de dizer que qualquer coisa que você diga sobre isso é mera ladainha! Você não se importa com merda nenhuma além das suas próprias convicções, e não finja o contrário!

- Vá a merda, Marceline. Você não tem ideia do que está falan-

- Não faço, Bonnibel? EU não faço ideia? EU NÃO FAÇO IDEIA? SE VOCÊ LIGASSE PRA ELA, PRA MIM, PRA QUALQUER UM ALÉM DE VOCÊ, VOCÊ NÃO TERIA SUMIDO NO MAPA DUAS SEMANAS DEPOIS DA MINHA MÃE TER MORRIDO, SUA INFELIZ!

Uma caneca passa raspando pelo rosto de Bonnibel e estoura na parede.

E pronto. A caixa de Pandora estava aberta, e todos os demônios que elas pensavam ter colocado para dormir haviam saído.

Mas não havia qualquer esperança perdida no fundo dela.

Bonnibel respirou fundo. As lágrimas corriam soltas pelo rosto de Marceline, mas ela ainda tentava, em vão, controlar as próprias.

- E o que exatamente você esperava que eu fizesse? Que eu jogasse anos de trabalho duro e uma bolsa completa pelos ares, que eu me enfiasse num débito estudantil que eu nunca seria capaz de pagar? Você sempre teve a opção de ir comigo - Ela deu dois passos, apoiando as mãos na mesa. Ela tremia e chorava, mas sua voz ainda saia estranhamente fria. - Você não tinha planos, mesmo antes da saúde dela piorar do nada. Você decidiu tirar um ano sabático. Você já tinha decidido que iria para Nova York também. Você mudou os planos porque não tinha mais nada a perder, mas eu tinha. Eu nunca colocaria a culpa em você por ficar sem chão quando a pior tragédia do mundo acaba de acontecer na sua frente, mas não ouse agir como se eu tivesse negado estar do seu lado. Você decidiu que não iria aos quarenta e cinco do segundo tempo, então já passou da hora de você assumir sua parte da responsabilidade nisso.

Marceline estava tremendo da cabeça aos pés, e tinha tanto ódio nos olhos dela que, por um segundo, Bonnibel teve medo dela.

- Você sabe muito bem o que isso significava pra mim. A única coisa que fazia minha mãe aturar aquela vida de merda era me ajudar a conquistar meus sonhos! Ela vivia pra me ver viver! E ela se foi sem me ver conquistar nada, eu devia isso a ela, e você não se importou em ficar do meu lado quando eu decidi que precisava começar o mais rápido possível!

- E o que caralhos te impediria de fazer isso em Nova York, cacete!? A porra da sede da Fueled by Ramen é lá, não foi com eles que você assinou primeiro!? VOCÊ PODERIA TER FEITO ISSO, MAS ERA MAIS IMPORTANTE PRO SEU EGO SE SENTIR MAIS IMPORTANTE QUE OS MEUS PLANOS! PORQUE NADA É MAIS IMPORTANTE DO QUE A GRANDE AVENTURA DE REDENÇÃO DE MARCELINE ABADEER, NAO É MESMO? FODA-SE QUE EU TIVESSE UMA VIDA POR MIM MESMA, PORQUE A POBRE MARCELINE PRECISA SER SEGUIDA NA SUA SAGA ESPETACULAR E SACRIFICAR TODAS AS OUTRAS HISTÓRIAS EM NOME PRÓPRIO!

- Pode berrar o quanto quiser. Pode usar sua lógica distorcida, Bonnibel. Não vai mudar o fato de você ser uma vadia fria e insensível.

Agora Marceline havia dado a volta na mesa. A proximidade que ela nunca deveria ter permitido.

Marceline era fraca. E para piorar, era um tanto quanto complexada. As reações dela não eram das mais... comuns.

O que era uma tragédia, porque era tão inevitável que a mão raivosa de Bonnibel lhe acertasse direto do lado esquerdo do rosto.

A bochecha queimando. Podia sentir cada um dos cinco dedos dela latejando no meio da cara.

Ela virou o rosto para dar de cara com o rosto transfigurado de ódio da mulher em sua frente. A respiração curta e pesada, o peito inflando e desinflando em velocidade constante.

Depois da Meia-Noite (Bubbline AU)Where stories live. Discover now