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REBECA FICOU PENSATIVA QUANTO AO QUE ANA DISSE à respeito do seu irmão. Será que as pessoas estavam mesmo certas sobre ele? Percebeu que ele não era muito de falar, não de uma maneira amigável, mas sabia que a melhor forma de conhecer alguém é conhecer através da própria pessoa, e não pelos outros. Qualquer um poderia dizer que Rebeca era metida ou amostrada, mas quem a conhecia notava que ela não era nada disso.

A garota passou a semana estudando feito uma condenada, desligou-se das redes sociais e focou nos livros como nunca antes: foco, era a sua meta agora. Separou um tempo para ajudar sua mãe na casa e seu pai com o atendimento na oficina mecânica, e claro, ajudou com a limpeza da igreja e no trabalho voluntário de entrega de alimentos para famílias carentes. Sua rotina é cansativa, mas ela gostava disso.

Sexta-feira. A semana passou tão rápido quanto a velocidade da luz, já podia contar quantas semanas faltavam para o Natal, e desde já começou a ficar nervosa porque sabia que o coral da igreja ia apresentar uma cantata de Natal.

Quando voltou as redes sociais não sentiu tanta falta como imaginou sentir, na verdade ela não perdeu nada demais, a internet nunca esteve tão tóxica quanto agora, pensou. Mas recebeu várias mensagens, uma delas foi de Noah a chamando para sair: isso seria na quarta-feira, onde ela li um livro sobre a mente humana. Outra mensagem foi de Ana a convidando para sua festa de aniversário, ou melhor dizendo, um jantar entre amigos só pra data não passar em branco.

Não sabia se ia, porque sábado ela pretendia sair com sua mãe para visitar a avó, achou melhor pensar primeiro pra depois dar a resposta. Seus polegares dançavam na tela do celular pensando o que responder para Noah, mas como odiava mentir, foi sincera, disse que esteve ocupada na semana e que não queria sair com ele.

- Mãe! - gritou. A cozinha não era tão longe do seu quarto, e pelo barulho da louça sendo lavada sua mãe só poderia estar ali. - Amanhã vamos na casa da vó?

- Ainda não tenho certeza, querida.

- Ah. É que a Ana me convidou pra ir na casa dela amanhã.

- Fazer?

- É o aniversário dela, ela chamou um pessoal da igreja também.

- Tudo bem se quiser ir.

...

A loira admitiu estar enérgica. Sabia que ir à casa de Ana lhe daria a chance de ver o irmão dela de novo, e depois daquele dia no jardim, o conselho que sua amiga lhe deu pareceu fazer sentido.

Em meio a tanto vestido, o verde de cetim foi o escolhido da noite, ele é bem bonito apesar de simples, colocou uma jaqueta jeans por cima para cobrir seus ombros e óbvio que seu all star faria parte, seu humilde tênis já sabia o caminho de todos os lugares que ela frequenta usando-o.

Se olhou no espelho e gostou do que viu. Rebeca demorou para aceitar sua aparência, se sentia inferior as outras garotas e a última opção dos rapazes, sua mãe foi sua melhor companhia nessa fase tão triste. Que graça teria se nós fossemos iguais aos outros? essa era uma das frases que sua mãe recitava, e era verdade isso, no fim das contas, a pessoa a quem gostaríamos de ser também tem defeitos e baixa autoestima (possivelmente), ou seja, ninguém é perfeito.

Hesitante, apertou a campanhia da casa da amiga e foi recebida por sua mãe Jane. A mulher vestida de roupa social sorriu ao ver a loira tão bem apresentável.

- Eu amei o seu vestido! - disse fazendo Rebeca corar. - Entre, querida.

A casa está cheia, tem mais pessoas do que ela imaginava, afinal Ana disse ter chamado somente o pessoal do coral, mas pelo visto tinha até parente e seus amigos da escola. Uma música está tocando no volume baixo, conversa, comes e bebes, ambiente agradável. O pastor está presente conversando com uns homens aparentemente mais velhos e ao vê-la acenou.

darkness 》zjmOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz