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REBECA É AQUELA GAROTA QUE TODOS ADORARIAM CONHECER, é tão meiga e alegre, sua energia positiva contagia todos a sua volta e seu maior desejo é ver as pessoas felizes nesse mundo tão caótico. Seu humor é sua maior ferramenta para tirar o sorriso de alguém, e até mesmo quando ela se depara com um carrasco consegue tirar um sorrisinho, claro que ela sabe que todo ser humano tem um demônio para enfrentar, mas sempre acreditou que felicidade e amor é uma das chaves para enfrentar nossos maiores gigantes.

Infelizmente, nem todos pensam dessa forma, se acreditassem nisso, o cara que Rebeca encontrou noites atrás não estaria tentando se jogar de uma ponte naquela quinta-feira. A noite tão fria, o céu sem estrelas, a rua vazia. Ela estava dentro do carro mas quando viu aquela cena não pensou duas vezes antes de sair e ir até ele. Rebeca viu seu rosto, tão lindo, pensou. Por qual motivo ele queria tirar a própria vida? Ela não entendia isso. O moço, por outro lado, tinha lá seus motivos, mas quando viu a garota caminhando em sua direção se sentiu frustrado e saiu dali correndo, não queria telespectador na hora da sua morte.

Ela quer ajudar essas pessoas. A encontrarem uma luz. Existe salvação pra qualquer pessoa e ela desejou naquele instante que aquele garoto encontrasse a dele.

Filha de pais cristãos, Rebeca louva no coral da igreja e ama fazer isso, sempre foi o orgulho da casa e admirada pelos irmãos daquele lugar tão aconchegante. Quando não está na igreja - que é o lugar onde ela mais passa tempo - ela estuda em casa, deseja ser médica então sabemos que seus estudos são bem puxados e cansativos. Mas no fim do dia quando ela deita a cabeça no travesseiro ela agradece a Deus pela vida que tem. Pela saúde, os amigos, família. Tudo. Agradece até pelo dia mal. As dificuldades, as incertezas. Ela vê a bondade em tudo. Ela é mesmo um doce de garota.

Depois de muito opinar consigo mesma sobre qual vestido usar no culto de domingo pela manhã, finalmente deu o veredito e decidiu usar o vestido vermelho de manga curta, o seu all star branco não poderia ficar de lado. Rebeca gosta de se sentir confortável, até porque seria maluquice usar um salto alto logo pela manhã nessa época do ano - verão. Seus pés ficariam encharcados de tanto suor.

- Pronta? - sua mãe questiona adentrando o quarto da garota de cabelo loiro e comprido. - Uau!

- Estou bonita? - sorriu, balançando o vestido rodado.

- Está linda, meu amor. - a mulher mais velha disse sorridente, sentindo um imenso amor pela única filha. - Preparada para o seu solo?

- Grrrrr! Tinha que me lembrar?! - voltou a se sentir nervosa com a recordação da mãe, apreensiva ela se sentou na cama, esse seria o seu primeiro solo no coral e só de se imaginar louvando para umas trintas pessoas suas mãos começaram a transpirar. - Eu estava confiante agora pouco.

- Continue confiante, ok? - acalmou a filha, passando levemente suas mãos em seus ombros. - Vai dar tudo certo.

Ela assente, se sentindo mais calma.

A igreja está cheia, e Rebeca não deixou que isso a impedisse de fazer seu solo, não poderia voltar atrás e muito menos dar corda para o seu medo, pediu coragem à Deus e sua oração foi ouvida, se sentiu calma e confiante, tudo vai dar certo.

O coral está no altar vestindo suas becas azuis e segurando uma pasta branca nas mãos com a canção que ensaiaram para àquela manhã especial. Antes de tudo, a loira fez uma análise como de costume, as cortinas foram trocadas e as janelas estão mais limpas que no dia anterior, a claridade do sol atravessa os vidros coloridos e por ser um lugar pequeno e sem muita ventilação, estava agoniada por baixo do tecido grosso e quente devido ao calor. Em épocas de verão a igreja não era assim tão aconchegante. Notou também alguns visitantes e suas pernas tremeram ao ver o garoto moreno.

Aquele garoto que estava na ponte.

Ela arregalou os olhos, assustada. Se sentiu incomodada em vê-lo, demonstrava estar tão triste e cansado, parecia estar ali por obrigação e não por amor a Deus. Ele estava inquieto sentado no ultimo banco, sozinho.

- Rebeca! - ela ouve alguém sussurrar atrás dela, e quando voltou em si, todos a olhavam seriamente, e o pianista repetia a nota toda vez que ela esquecia de cantar a introdução.

A pobre garota queria deixar de olhar pra ele, mas foi impossível! Pediu perdão a Deus por ter ficado tão desconcentrada com a presença do garoto, isso não era pra estar acontecendo! Ele à olha também; o que dificulta as coisas.

A música nunca vai acabar?! se questionou, no ensaio parecia ser menos tempo.

Rebeca, após seu solo, voltou para o meio do coral e desejou se esconder ali no meio daquelas pessoas, mas permaneceu na frente diante de todos, e quando a música acabou saiu toda desajeitada, nervosa, insatisfeita com seu solo.

- O que aconteceu lá na frente? - perguntou uma das garotas do coral, a Clara.

- Eu estava nervosa, desculpa. Estraguei tudo. - respondeu desapontada.

- Não exagera. - a morena rolou os olhos. - Todos percebemos seu nervosismo, mas mesmo assim você mandou bem.

- S-sério?! Obrigada!

- Hey, Willians! - disse animado um dos seus amigos, o Noah, ele é bem bonito - diga-se de passagem, e Rebeca odeia ser chamado pelo sobrenome. Talvez a loira nem saiba, mas Noah tem uma leve quedinha por ela, afinal ela é o tipo de garota que qualquer garoto cristão adoraria ter como namorada. E pra ele Rebeca era perfeita. - Deveria fazer solo mais vezes.

- A-ah não, não. Essa foi a primeira e última.

- Gente, vocês viram aquele garoto? - Clara muda de assunto e a mente da outra garota vai direto naquele visitante. - Ele é filho do pastor.

- É muito raro ele vir, na verdade essa deve ser a segunda vez que ele aparece desde que seu pai veio pastorear. - responde Noah, cruzando os braços. Ele é mais fofoqueiro que as irmãs da igreja.

Rebeca fica confusa com a informação, não faz muito tempo que sua família se mudou para Bradford, para uma nova igreja, mas era um tempo bom para saber algumas coisas sobre os membros da igreja e até mesmo sobre o pastor. E isso foi algo inusitado, afinal, o pastor nunca disse que tinha um filho.

- Pensei que o pastor só tinha filhas. - ela comenta.

- Não. O nome dele é Zayn. Ouvi dizer que ele é meio... - Clara gestícula, como se quisesse dizer que o garoto é encrenca.

- Doido da cabeça. - Noah termina a frase. Certamente Rebeca é a unica pessoa quem sabe sobre aquela tentativa de suícidio.

- E como você ficou sabendo disso? - Rebeca indaga, querendo saber mais sobre ele.

- Ah, fiquei sabendo. - deu de ombros. - Mas bom, o que adiante ser bonito se é um louco, né? Com certeza não é o tipo de cara que eu apresentaria pra minha família. - disse com desdém e saiu, balançando seus cabelos.

Rebeca sabia que isso não era verdade. As pessoas costumam aumentar uma fofoca, ainda mais dentro da igreja, ele não parecia louco, só uma pessoa um pouco perdida talvez, mas pra ter certeza disso, ela precisava conhecê-lo.

Ela tem que conhecê-lo.

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N/A: estou animada pra escrever esse livro e espero não me desanimar no decorrer da história. Desculpem qualquer erro.

Continuo? sim ( ) não ( )

darkness 》zjmWhere stories live. Discover now