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Você está parada em frente a porta por no mínimo 10 segundos

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Você está parada em frente a porta por no mínimo 10 segundos. O tempo parece ter congelado em algum momento sem que você notasse.

Existe uma palavra no alemão chamada de Fernweh, e ela descreve a nostalgia de um lugar ao qual nunca se foi. A princípio, não faz muito sentido, mas você se recorda da sensação de ter um déjà vu assim que passou pela porta e ouviu a voz de Osamu. Era só uma ilusão mental, mas ao mesmo tempo ela te proporcionou uma sensação intensa de saudade.

— Oiiii, [Nome]! Uau, seu cabelo cresceu! — Atsumu parecia uma abelha girando por sua volta enquanto zumbia palavras sobre cada mudança física que ele pode reparar em você.

— Quero deixar claro que eu não compactuo com a presença de nenhuma dessas pessoas aqui — Oikawa garante, encarando seu rosto em busca de uma reação.

— Essa é a coisa mais absurda que aconteceu na minha semana, superando o Oikawa batendo na minha porta às 3h da manhã completamente pelado depois que ele queimou o chuveiro — você diz, não parecendo brava.

Você tinha viajado para longe demais, tinha lentamente superado e derramado toda as lágrimas que gostaria ao longo do tempo. Talvez isso a tornasse uma idiota ou tola, mas você estava se cansando de guardar mágoas. Eles tiveram o que mereceram, e você já apreciou o sabor amargo da vingança por tempo suficiente.

Entre todos os atos de amor, o mais difícil deles é o perdão, e você quer ceder a ele.

— Samu está fazendo o jantar. Nós podemos sair e conversar um pouco? — Suna diz, ele parece receoso.

— Sim, vamos — você tira seu celular da mochila e pega um casaco de Toru que estava jogado na sala.

Rintaro acompanha seu ritmo de caminhada, e você o leva até uma pequena praça próxima.

— Gostei do seu cabelo assim, agora é possível ver seu rosto — você comenta, querendo ser gentil.

— Obrigado, acho que cansei de me esconder atrás dele — ele ri suavemente — Eu e Osamu planejamos um script completo sobre tudo que gostaríamos de te dizer, mas ele não sabia como dizer em voz alta. Você sabe como ele funciona melhor na própria cabeça, de qualquer forma.

— Tudo bem, diga o que quiser, e eu vou ouvir.

— Primeiramente, desculpe. Nada que eu diga vai compensar o que fizemos e nem especificar a forma como nós estamos arrependidos. Eu sei que você também apostou em nós, e não se preocupe, Hina nos disse quais garotas haviam dado dinheiro nisso, e nós as reembolsamos completamente — você observa algumas crianças brincarem no parquinho enquato vocês caminham pela gramínea — Nós estamos fazendo terapia agora, tipo, de verdade. Eu me sinto horrível quando percebo que fui péssimo com você, em todos os aspectos possíveis. Eu só conseguia pensar que não era um projeto para você terminar, e que não queria fazer parte do seu pequeno complexo salvador. Só que eu estava tão errado.

Vocês se sentam num banco de pedra, coxas quase se encostando.

— Eu estava tentando lutar contra isso, mas a verdade é que eu só queria afundar. Queria fechar os olhos e finalmente acabar com essa luta para viver. Eu sempre pensei que talvez eu não fosse feito para viver nesse mundo — você acaba com uma súbita vontade de chorar, como ele pode conviver com aquele sentimento terrível durante tanto tempo? — Isso é terrivelmente clichê, mas você me fez ver que talvez houvesse mais do que só isso. Você me deu memórias suficientes para durar uma vida inteira. E tenho certeza que o Samu se sente da mesma forma. Então, por favor, não vá embora. Por favor? Ninguém nunca ficou conosco tanto tempo antes.

O “quase” que vocês compartilham sempre te assombrará.

Você sempre sentia um buraco negro, dia após dia, consumindo-a diariamente. Quando você se mudou para a Argentina, esperava estar feliz com isso, esperava pular de alegria ou chorar de felicidade. Você não sentiu nada disso. Só não era uma decepção. Sempre faltava algo, como se você estivesse fadada a passar o restante da vida buscando por algo que preenchesse o intenso vazio dentro de si mesma.

Você só percebe o que tanto busca quando está sentada ao lado de Suna numa praça qualquer no subúrbio da Argentina. Você foi tão longe, superou tanta coisa para descobrir que sentia falta de ser amada, e que isso tinha a tornado sozinha e infeliz com tudo que tentou fazer para consertar as coisas.

Você não queria fins de semana de folga ou um emprego decente. Você queria ser menos solitária. Mas como isso parecia impossível, você se contentaria em arrumar o que pudesse.

— É difícil pra caramba ficar sóbrio, mas eu amo minha pequena família desajustada. E eu quero que vocês se orgulhem de mim — Rintaro olha em seus olhos conforme diz, e você pode dizer que ele está sendo sincero pela primeira vez desde que você o conheceu, já que era a primeira vez que você via esse tipo de olhar nele — Quero voltar a jogar vôlei. Eu sei que não sou muito bom agora e que já fazem anos desde a última vez em que joguei de verdade, mas eu amo vôlei. E eu também amo você, [Nome], e é por isso que nem eu, nem o Osamu cancelamos aquelas passagens absurdamente caras que o Atsumu comprou sem avisar. Por que queríamos ter a chance de te dizer pessoalmente que a amamos muito, e que queremos que isso funcione de alguma maneira, sem mais mentiras, apenas nós.

— Você não sabe por quanto tempo eu quis ouvir isso, Rin! Eu sempre fiquei tão assustada todas as vezes que você ia longe demais quando bebia ou fumava, sempre parecia ser tão definitivo e as vezes eu precisava parar de pensar em checar sua respiração todas as vezes que você apagava a noite — você toca sua bochecha com os dedos, como forma de se certificar de que ele está ali, que ele é real — Eu não sei se um dia serei capaz de dizer abertamente que perdôo vocês, ok? Eu também cometi erros que me arrependo, mas eu juro, juro mesmo, que eu faria tudo novamente só para sentir que vocês tiveram o que mereceram. É horrível dizer isso em voz alta, mas é verdade. Ninguém merece ser tratado como uma brincadeira ou ser invalidado, e eu espero que vocês tenham aprendido algo com isso. Mas estou feliz por você, por que apesar de tudo, me apeguei absurdamente a nossa fina amizade, e espero que isso seja o suficiente.

Ser amiga do Rintaro e do Osamu fazia com que você se sentisse como se nunca tivesse tido um amigo de verdade antes. Eles, apesar da forma conturbada com que vocês conviveram, conheciam a [Nome] verdadeira: apaixonada por animações, brilho e bebidas doces no Starbucks. Todo mundo conhecia a [Nome] da faculdade, que era chata, inteligente e que nunca mais falaria se ninguém falasse com ela primeiro.

— Tudo sobre você é suficiente, [Nome]. Sempre foi — ele garante — Eu não sei o que o futuro reserva para nós, mas sei que ficarei feliz independente dos resultados.

Eu gosto desse capítulo mas não sei se está realmente bom, espero que curtam

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Eu gosto desse capítulo mas não sei se está realmente bom, espero que curtam. O epílogo sai já já!

PLAY DATE ⋆ suna & osamuWhere stories live. Discover now