Capítulo 12 - Sobreviventes

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Mesmo que angustiados pelos acontecimentos, subordinados a ordem de Barthorios, Robert e Elyas aguardaram o retorno de William a espera de que Bardon e Janon se recuperassem para os ajudarem com relatos consistentes sobre o que ocorrera. Elyas percebera a agitação de Robert e buscara amenizar a situação com um assunto mais leve:

- Afinal Robert, quando voltarmos, você passará alguma temporada junto ao seu filho em Carlin, para treiná-lo? Lançara Elyas por fora da cabana do acampamento.

- Ebert é um excepcional guerreiro, ao mesmo tempo que não vê motivo para lutar em uma guerra. Para ele, não há honra em um conflito, ele não é como eu... Respondera Robert sem querer falar sobre o assunto, dado as preocupações com a companhia.

- Sabe... queria ter um filho... na minha idade já era para ter um descendente com mais de 15 anos. Desabafara Elyas evidenciando a frustração por já estar prestes a chegar nos 40 anos e não ter uma família.

- Não se preocupe Elyas, você tem até os 60 anos ou mais para arrumar um filho. Os tempos já são outros, e não é todo mundo que arruma um filho logo que chega aos 20 e poucos anos...

- Às vezes... Olhe é William! Exclamara Elyas que interrompera o assunto com Robert ao perceber o companheiro regressar.

William voltara ao acampamento base bastante em choque após ter visto as árvores se movendo. A cena se repetira na cabeça do cavaleiro durante todo o trajeto de volta. William não conseguira parar de pensar em Barthorios, que dera a vida para que pudesse voltar a salvo com os baús, além de que interrompera, através da flecha, que a árvore o atacasse. "Barthorios é um grande homem, tenho que honrá-lo", pensara William quando se vira prestes a chegar no acampamento base.

Robert e Elyas se dirigiram até William ao mesmo tempo que lançaram:

- O que aconteceu? Como arrumou o cavalo e os baús?

- Barthorios me salvou, duas vezes. Relatara William exausto, que então prosseguira:

- Depois que nos separamos naquele lugar onde encontramos Lindonfin morto, ouvi vozes em minha cabeça... fiquei perturbado e me perdi na floresta. Mas talvez por sorte, Barthorios me encontrou e seguimos de volta para o acampamento... Tudo seguiu bem, porém, quando estávamos onde Romair morreu, árvores capazes de se locomover e com expressões humanas surgiram acompanhadas de pequenos lobos e fizeram uma investida nada amigável pendurando o cadáver de Romair pelos cipós... Barthorios me dera a ordem de voltar ao acampamento com os baús e partirmos imediatamente ao navio. Foi uma ordem. Reforçara William.

- Maldição! Devemos ajudá-lo. Alegara Robert nervoso com a notícia.

- Não devemos contrariar Barthorios, a este ponto, ele pode estar morto, precisamos fazer o que ele ordenou. Ponderara Elyas com sensatez, dado os fatos.

- Ele deu a vida para o sucesso da missão. Lamentara William.

- Vamos preparar Bardon e Janon para serem levados e partir o mais breve possível. Confirmara Robert desapontado, mas disposto a seguir a ordem de Barthorios.

Elyas carregara Bardon e Janon para fora da cabana, ambos estavam desmaiados devido a exaustão que chegaram após os dias na floresta. Com a ajuda de Robert e William, Elyas colocara Janon no cavalo, em seguida subira no mesmo e se preparara para partir. Conquanto Bardon acordara e mesmo que entorpecido, fizera esforço suficiente para subir no cavalo e partir junto de Robert e os baús. Entretanto, apesar de o cavalo ser forte, a carga se mostrara pesada e em solução, Robert descera do animal, amarrara Bardon no cavalo para que não caísse e partira a pé junto de William.

Durante o caminho, Robert indagara a William o que tinha visto de diferente na floresta, mas a sensação para todos era igual, algo distorcido, incerto, posto que a floresta mudava as percepções de cada um de uma maneira diferente. Elyas, com compreensão, sugerira aos homens descansarem por um tempo, para discutirem sobre o assunto apenas quando melhorassem.

Contos de Zorva e a Floresta ProibidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora