CAPÍTULO 09: Conflitos internos, Parte 2

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Capítulo porcamente revisado. Se virem algum erro, alguma repetição ou falta de sentido em alguma parte, sintam-se à vontade para me falar. Boa leitura ❤

A Residência Willard não era um ambiente tão amistoso quanto Isabelle havia suposto nos primeiros 10 minutos dentro daquela biblioteca. Talvez tivesse sido ingênua demais, deveria ter dado ouvido aos seus instintos no momento em que notou os olhos extremamente brilhantes de Celeste sempre que se dirigiam para o duque.

Para piorar, o perfume feminino que sentiu nas roupas do marido parecia haver se impregnado em suas narinas. Ela até chegou a borrifar o próprio perfume no rosto no intuito de afastar aquele odor indesejado, mas passado alguns minutos o cheiro simplesmente não ia embora, então ela se deu por vencida e chegou à conclusão de que era só sua mente pregando-lhe uma peça.

Não era porque não nutria sentimentos pelo marido que se sentia confortável com a ideia de ser traída por ele. Não. Não estava certo. Eles tinham feito votos sobre o altar, e ainda que metade deles não passassem de palavras sem quaisquer significados para ela, não era possível que ele também visse assim. Tinha sido escolha dele, pelo amor de Deus.

Parte dela queria confrontá-lo, obter respostas. A outra parte estava bastante preocupada com o que poderia encontrar.

Já se aproximava do horário do almoço e ela estava sozinha em seu quarto desde que saíra da biblioteca. Se a convivência se tornasse complicada com os demais residentes daquela casa, era provável que passasse a ser rotina ficar trancafiada ali durante boa parte do dia. Não gostava de ver a si mesma como um caracol que se recolhia à segurança de sua concha ao menor sinal de perigo, mas era exatamente como se sentia naquele momento. 

E era uma bela concha, de todo modo. As paredes tinham um agradável tom de amarelo. Toda a mobília era branca e de madeira trabalhada, desde o armário à mesinha da sacada e até mesmo o cercado em torno dela. A cama era centralizada, e logo ao lado havia a confortável poltrona que serviu de cabideiro na outra noite. Próximo da porta do lavatório se encontrava a penteadeira, e não muito distante dali, ao lado de uma estante de livros ainda vazia, havia um divã cor de vinho. O armário era amplo, mas ainda estava vazio devido ao fato de todos os seus pertences estarem no grande baú de carvalho escuro ao lado dele.

A jovem suspirou. Era perfeito. Só precisava encher aquela estante de romances e colocar a poltrona diante da lareira e pronto, seria facilmente capaz de viver como as plantas, à base de água e luz do sol.

Batidas suaves foram deferidas contra a madeira da porta.

— Oi, sou eu — disse uma voz conhecida. — A irmã loira e... inofensiva.

Isabelle abriu a porta. Camille esperava com um sorriso.

— Vim ver como estava — murmurou, sem jeito. — Se precisava de algo.

— Quer entrar? — convidou Isabelle, abrindo mais a porta.

A menina aceitou o convite. Andou um pouco pelo quarto, observando a pintura e a mobília, até por fim se sentar no banquinho da penteadeira.

— Lamento pelo modo como Celeste agiu — disse, um pouco hesitante, mais focada em mexer nos perfumes e loções dispostos sobre a superfície do móvel. — Ela não costuma ser tão cruel. Talvez seja difícil de acreditar, mas ela tem o coração bom. Estou certa de que irá baixar a guarda assim que se conhecerem melhor.

Isabelle deu de ombros, indiferente.

— Já lidei com coisa pior.

Os olhos de Camille se voltaram para ela com curiosidade. Por um momento Isabelle se arrependeu do comentário, pois tinha certeza de que aquilo ia se tornar um interrogatório. A menina, no entanto, estava mais focada em outra coisa.

Com amor, IsabelleWhere stories live. Discover now