Capítulo 15

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Eu vou sempre lembrar o seu rosto

Porque eu ainda sou apaixonado por esse lugar

Mas quando as estrelas forem as únicas coisas que compartilharmos

Você vai estar lá?

(Atlas Hands - Benjamin Francis Leftwich)

- Você nunca parou para observar a imensidão das coisas e perceber o quão pequeno você é? - Perguntou meu irmão enquanto fitava abismado o céu a sua frente, cruzando os braços por detrás da cabeça.

Era uma noite fria qualquer - ou seja, com uma leve brisa de verão, considerando a época do ano - e nós simplesmente procrastinávamos a inevitável hora de dormir, fingindo que não haveria escola no dia seguinte. Eram nossas últimas horas de férias antes de tudo começar novamente, de começar uma nova rotina para a qual eu nunca me sentia totalmente preparado. Eu me encontrava no primeiro ano do ensino médio e nunca estivera tão nervoso para o começo de algo novo quanto daquela vez. Tudo parecia ter a possibilidade de dar errado no meu primeiro dia.

Meu irmão mais velho passara um bom tempo tentando me acalmar, tendo de recorrer à melhor tática sua, deitar na grama e olhar o céu acima de nossas cabeças enquanto conversávamos sobre assuntos aleatórios. Sempre achei tranquilizante fazer aquilo com ele ao meu lado. Dava para esquecer por um momento qualquer problema que estivesse enfrentando.

- Mas não é pior? - Questionei com uma sobrancelha erguida, continuando meu pensamento. - Quero dizer, não vai ser um sentimento ruim se imaginar algo tão pequeno entre tantas coisas grandes? Como uma dessas estrelas no universo inteiro - Apontei para o céu. - Uma coisa insignificante.

- Na verdade - ele disse -, há os dois lados dessa história. Você é insignificante e não é.

- Como assim? - Franzi a testa, querendo saber sua explicação do assunto. Era engraçado como ele conseguia ser misterioso explicando as ideias de sua cabeça. E eu adorava ouvi-las.

- Se não fosse uma daquelas estrelas, o universo teria um brilho a menos e já não seria o mesmo. A mísera estrela é importante sim, ela que faz o universo ser o que é - Explicou, parecendo animado com as próprias palavras à medida que falava seus pensamentos. - Ao mesmo tempo, é bom ser algo pequeno e "insignificante". Seus problemas nunca vão ser tão grandes que não possam ser resolvidos. Nada que você faça irá gerar um alarde muito grande. Você ficaria feliz em não chamar atenção no seu primeiro dia, não é?

- É - Concordei, tentando seguir sua linha de pensamento. Eu definitivamente não queria chamar atenção.

- E nem por isso você deixará de ser importante naquela escola. Você é parte daquilo. Faz parte de uma constelação - Jordan sorriu de um jeito reconfortante, ainda olhando para cima, como se estivesse de fato encantado com tudo o que observava. Como se o céu sempre o impressionasse de um jeito diferente a cada vez que lhe dirigia o olhar. - Toda estrela é marcante do seu próprio jeito, Dan, não esqueça disso. Todos nós somos estrelas diferentes e importantes.

Não saberia dizer o quanto fiquei agradecido depois de ouvir aquelas palavras tão reconfortantes. Meu irmão gostava de viajar nas próprias falas, mas nunca as tornava sem sentido. Na verdade, traziam tanto sentido junto de si que conseguiam aliviar o nó da minha garganta. Sempre soube que era a ele a quem eu deveria recorrer quando me sentisse mal, porque deixaria de me sentir assim num piscar de olhos. De tantas discussões e provocações, havia um lado bom em ter um irmão, afinal.

- Você é uma estrela importante para mim, Jordan. Gosto da constelação da nossa família - Admiti em voz baixa, feliz pelo pequeno instante de tranquilidade que estava tendo.

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