Prologo

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— Cidade de Dublin, Irlanda ­— 2009 d.C

Tenho uma entrevista com Maclara Davis as 15h de hoje.

Sempre tive dificuldade para buscar por coisas novas, me adaptar as mudanças, sair da minha zona de conforto quando algo que eu gostava muito parecia ter perdido a sua "essência".

A inconstância, o aumento dos preços para se viver em Dublin geralmente ultrapassavam a maioria dos orçamentos que eu planilhava com tanto cuidado para sustentar o meu vício por jogos e upgrades de computador.

Por que comer em um restaurante chique se posso pedir pelo celular em casa e economizar um dinheiro — o qual posso guardar para a minha próximo GPU; que com certeza vai rodar toda uma geração de jogos por alguns anos.

Quando a minha casa parecia começar a se adaptar a minha constância — a rotina, as mesmas paredes, os mesmos cheiros, a mesma rotina — eu sentia que precisava mudar de novo até pelo menos essa sensação de repetição, dos dias que se repetem em ciclo, acontecerem de novo e eu me preparar para mudar novamente.

Rotina é uma droga.

Sendo professor, a minha tarefa era preparar o semestre para esses mauricinhos mandarem bem nas suas certificações e futuros cursos enquanto eu preciso, repetidamente, engessar matérias e ensinar tudo novamente; do básico ao avançado, do seu primeiro modem discado até os mais poderosos servidores armazenados nas empresas mais interessantes do mercado.

Estranho pensar que eu tenho duas faculdades e ensino colegiais coisas que aprendi sozinho na vida. Não pode ser tão difícil realizar operações básicas em um computador, fazer manutenção em uma rede, instalar um novo hardware naquele seu computador capenga que você não guarda dinheiro para melhorar.

Enfim, vida de informática.

Por falar em vida, por que exatamente ainda não pedi a mão daquela linda morena que abriu a porta pouco depois de eu ter apertado a campainha e ajustado o meu colarinho?

— Senhor Miller! — ela sorriu receptiva. — Sou Maclara Davis.

Eu não imaginava que ela fosse ou se parecesse tão mais jovem e atraente. O anuncio no jornal dizia que estava afim de dividir um apartamento grande e barato — o que eu já podia ver que confirmava a propaganda —, mas a sua locatária não tinha foto, não tinha dado ademais informações sobre o lugar; acho que queria fazer suspense e aumentar a curiosidade — a minha ela já tinha.

De cabelos negros, lisos, cortados a altura do pescoço, raspados do lado direito e atirados para o lado esquerdo davam um ar de graça ao rosto ossudo, os olhos e nariz finos e a boca cheia de dentes bem alinhados que contrastavam com a magreza do corpo e a simplicidade com que se vestia — como se estivesse esperando uma colega para a festa do pijama; shorts, camisa e descalça.

— Por favor, só Athos. Muito prazer.

— Muito prazer, só Athos. Por favor, entre.

— Obrigado — adentrei, rindo.

O ambiente confortável e bem iluminado dava vista para os prédios da cidade através de uma linda varanda a direita. Enquanto que ali, no centro, uma sala discreta e bem mobiliada dava a entender que ela já tinha certa independência financeira.

— Sente-se — ela diz, uma voz macia. — Café?

— Não, obrigado. Tomei um energético ali e me sinto bem-disposto. Adorei o ambiente, as plantas na varanda dão um ar de classe ao lugar.

— Você também — ela diz.

Eu movi os olhos de volta para ela.

Estava dando em cima de mim?

— Obrigado. O trabalho pede.

— Disse pelo telefone que era professor, resolvido financeiramente, constante e rotineiro? Na colégio onde estudei os professores tinham cheiro de cigarro e madeira molhada, eram comunistas assumidos e não gostavam nem do salário.

— Dou informática na White Star High, com muito amor e dedicação... eu acho.

— Aquele College para a elite de Dublin? Incrível! Me fale mais sobre você. Tem esse jeito todo maduro e experiente, se me permite a indiscrição, não deve ter mais que 30.

— Tenho 35.

Ela ficou de boca aberta.

— Está bem de saúde.

— Sério? Acho que... preciso de... uma academia. Sei lá.

— Imagina, você está ótimo. Eu que puxo peso sete dias por semana e não engordo de jeito nenhum! Mas, dizem que os ruivos envelhecem mais devagar — ela observou, sagaz.

— Genética boa. Não tenho doenças hereditárias, só... nasci meio descorado.

Ela riu.

Eu também ri.

Ela tinha uma risada incrível que eu ouvi não apenas uma vez, mas incontáveis vezes sempre que saiamos para beber e extravasar depois de um dia chato — ela no seu estúdio de fotografia e eu no colégio para a elite de Dublin porque eu consegui alugar a casa com o meu charme incrível, contando algumas das minhas histórias mais interessantes e ouvindo dela a mesma coisa por todo o tempo que levamos daquela conversa até ela me levar aos outros cômodos e, por fim, eu tomar um café a noite antes de voltar para o meu antigo AP, entregar as chaves e, enfim, sair da rotina e conquistar coisas novas.


College: há muitas definições para esse tipo de instituição, mas a mais apropriada é "colégio de nível superior", como se fosse uma universidade onde se consegue um diploma de graduação. Geralmente vem após o ensino médio em alguns países como Canada, Estados Unidos e em alguns lugares da Europa.

Professor Athos | Exclusivos AmazonWhere stories live. Discover now