Peguei a carta de Max no bolso e abri.

"Para Agnes.
De seu maior admirador.

Você é linda como uma flor de hibisco
Seu cheiro é viciante como droga
E se alastra como um incêndio pela escola"

Eu sorri. Max se superava a cada poema. Pensei que não tivesse como piorar, mas estava completamente enganada.

Olhei para trás novamente, mas dessa vez em direção a mesa dos B.A.C's. Assim que avistei Max, vi que ele já me encarava. Max ergueu o canto da boca e uma sobrancelha com um olhar nojento. Fala sério!

— Outra carta? — Rebeca me perguntou.

Virei-me para ela.

— Sim. E tão ruim quanto a anterior.

— Eu valorizo seu esforço. É complicado competir com Mark.

— Não há competição nenhuma acontecendo aqui. — Respondi. Será que ninguém consegue entender isso?

Passei o resto do dia com um frio na barriga. Mais tarde faria outro teste na organização e estava nervosa. Era engraçado como eu tinha medo de ter alguma habilidade tanto quanto tinha medo de não ter. Isso porque as duas opções eram assustadoras demais para mim. Em uma, eu descobriria fazer parte de um mundo tão surreal quanto histórias em quadrinhos, e na outra, eu estaria sendo perseguida por "mutantes" por engano.

Eu queria tanto que isso tudo fosse apenas um sonho ruim, como os sonhos que geralmente eu tinha na infância. Eu queria acordar e sentir o alívio de saber que era só um pesadelo. Somente isso e nada mais.

Na organização, Richard me olhava de soslaio enquanto aplicava novamente o soro em mim.

— Você está se alimentando bem? Está muito pálida. — Ele franziu a testa ao me analisar de cima à baixo.

— Acho que sim.

Ele suspirou.

Andei em direção a sala de teste. Assim que a porta foi fechada atrás de mim o silêncio dominou o ambiente. Tinha me esquecido o quão angustiante era estar ali. Saber que todos me ouviam mas eu não os ouvia também não contribuía. Ao menos, Clair dessa vez não estava presente, ela havia tido um imprevisto.

Ouvi um zunido e a voz de Mark ressoou:

— Agnes, tem uma caixa com areia ali ao lado, eu quero que feche os olhos e se imagine controlando toda aquela terra.

Fiz como ele havia dito e iniciei. Comecei a imaginar a areia se movendo e subindo como fizera com a água na vez anterior. Levantei as mãos e movi os dedos, como se isso tornasse mais fácil de movê-la.

Minha mente se esforçava para tentar fazer a terra daquela caixa se mexer, mas tudo isso fazia eu me sentir como uma criança que assiste a um desenho animado e começa a imaginar que pode voar.

Estava sentindo os efeitos do soro novamente e não estava gostando. Minha boca tinha um gosto amargo e um leve zunido me incomodava.

Abri os olhos e olhei para o vidro na parede que separava as outras pessoas de mim. Todos estavam concentrados me assistindo, esperando para ver se algo acontecia. Com altas expectativas para descobrir a verdade sobre a incógnita que eu era. Todos, menos eu.

 Todos, menos eu

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Sangue LealWhere stories live. Discover now