Capítulo 9

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Senti um leve empurrão no braço e meus livros caíram de encontro ao chão do corredor da escola.

Abaixei-me para pegá-los, e Thomas surgiu em meu campo de visão, acompanhando-me.

— Foi mal. — Ele disse. — Não vi você aí.

Levantei-me, e ele me entregou os livros que havia recolhido.

Iniciei uma caminhada em direção ao meu armário, e Thomas me seguiu.

— E aí? Como vão as coisas? Muitos boatos sobre você e Mark? — Ele me perguntou.

— Não tanto quanto antes, mas ainda um pouco mais do que eu gostaria.

As pessoas realmente haviam me incomodado menos nos últimos dias. Elas estavam se esquecendo da minha existência e eu voltava aos poucos para a posição que eu tinha antes disso tudo com Mark acontecer. 

Chegamos ao meu armário. Havia outra carta depositada. Peguei‐a em mãos, depois de guardar meus livros, e mostrei para ele.

— Seu amigo vai continuar me deixando uma dessas toda semana? — Ergui uma sobrancelha.

Ele deu de ombros.

— Ele quer conquistá-la com o que julga ser o seu talento natural.

— Ele considera isso um talento? — Thomas confirmou com um sorriso engraçado. — Quão ruim ele deve ser naquilo que julga não ser bom?

— Nem queira saber. Me arrepio até hoje ao me lembrar de quando ele cantou One day more de Os miseráveis no musical da escola. — Thomas balançou a cabeça.

Guardei a carta de Max no bolso e olhei para Thomas.

— Sinceramente, não que eu queira, mas ele nem ao menos teve coragem de falar comigo até agora.

— Acho que ele sabe que não têm chances contra seu rival. Mark tem bem mais atributos.

Thomas pôs as mãos no bolso, levantou o capuz e analisou o perímetro. Algo, que não consegui identificar, brilhou em seus olhos.

— Mark e eu não temos nada, então ele não pode ser considerado um rival. — Respondi.

— Ah, qual é? Está óbvio que vocês se gostam. — Thomas virou-se para mim com os olhos estreitos. — Não precisa tentar esconder isso de mim. — Ele suspirou enquanto se escorava no armário ao lado. — Mark, eu sei que já é acostumado com toda essa atenção, mas você gosta de se esconder. Se tornar a namorada do cara mais desejado da escola deve ser realmente difícil para alguém tão reservada. — Ele me deu um sorriso compreensivo.

— Nós realmente não somos namorados. Como eu disse, não temos nada um com o outro. — Reiterei.

Thomas me analisou durante meio segundo, antes de se convencer.

— Se o que diz é verdade, você não se incomodaria se eu escondesse essa informação de Max, não é?

— Não mesmo. Na verdade, eu até agradeceria.

No refeitório, estava mastigando um pedaço de bife torrado, que estava mais duro do que o prato onde estava minha refeição, quando Rebeca apareceu.

— Você se atrasou para comer. Isso é realmente um milagre. — Eu disse.

Rebeca apenas sorriu.

Olhei para trás e Mark almoçava em sua mesa, como estava, costumeiramente, fazendo ao longo dos últimos dias. Ele ouvia, concentrado, algo que Jonas lhe contava. Mark se virou e o seu olhar se encontrou com o meu. Ele sorriu para mim. Eu me virei instintivamente.

Sangue LealWhere stories live. Discover now