and I know I'll pay for it.

93 15 10
                                    

Harry acordou com o corpo dolorido como se tivesse sido pisoteado por uma manada de elefantes.

Ele sentiu uma pontada na cabeça ao ouvir o despertador tocando, porquê diabos tinha que ser tão cedo?

Se levantou, calçando suas botas e indo até Estrela, quem já estava agitada. Todo o céu parecia afundado em um pote de tinta cinza, apesar de Harry saber que o sol estava prestes a aparecer.

Ele cavalgou até a colina mais alta da região e se sentou na grama, seu caderno de couro repousava sob suas coxas e o lápis cutucava sua covinha.

[Eu fecho os olhos e todas as lembranças chegam à mim como um banho frio em um dia quente de verão. Como um balde de gelo no rosto e um pulmão sem ar, inevitavelmente extorquindo todas as minhas capacidades de impedir aquilo. De impedir aquele sentimento de saudade.

O cheiro dos pés de uva banhados de água pelo sistema de irrigação fajuto que meu pai havia feito escapam pelas minhas narinas. Eu transmito tudo em uma pequena tela pintada a óleo dentro da minha própria cabeça.

O grande vinhedo no quintal, com a cerca de madeira acizentada separando o celeiro e os mini estábulos no lado esquerdo.

A entrada da casa tinha portas de vidro transparentes, exibindo todo o imóvel do lado de dentro.

Eu me lembro do sofá verde, da estátua de mármore na cozinha, lembro até mesmo das infiltrações.

Minha bisavó presenteou meu pai com um quadro de Jesus sentado em uma mesa com mais doze pessoas. Mais nenhum outro membro da família me ensinou a ser religioso.

Eu meio que agradecia por isso, acho que ninguém teria me ensinado sobre crença melhor do que eu mesmo, sozinho.

Sempre acreditei em um ciclo de coisas boas e ruins. Se você fizer coisas ruins - o que é inevitável - você também receberá coisas ruins como reflexo, e assim como as coisas boas também.

Nunca fui muito bom na escola católica, mas acho que era isso que Jesus queria ensinar à quem ele criou.

Eu pecava, nunca me orgulhei disso. Mas não era um mentiroso. Eu nunca confessei minhas merdas ao padre, mas às vezes gostava de sentar no fundo da pequena igreja de Folks e sentir como se estivesse me confessando á Jesus.

O que era raro, mas eu precisava de alguma crença. É o que mantém o ser humano vivo, certo?

A esperança e a crença. Se eu não crer em algo, então minha vida não significa nada. E se eu não ter esperanças, então nunca serei alguém.

Lembro de ter uma conversa como essa sentado em uma mercearia na quinta avenida. Minha bisa, na cadeira à minha frente, falava com seu tom mais manso e carregado de leveza.

"Você não precisa necessariamente acreditar em Deus." ela afirmava. "Mas ter algo em que se agarrar pode te ajudar a construir seu caráter. Você pode acreditar em si mesmo, mas não pode se manter fora do mundo. Se pergunte, Harry, como tudo na sua vida aconteceu ou como vai acontecer daqui pra frente. Você nunca vai ter a resposta, mas sempre vai ter a fé. E a esperança de um dia descobrir."

Eu gostava desse tipo de papo com ela, onde me sentia envolvido por um manto confortável, sendo abraçado por uma das pessoas mais importantes da minha vida e sendo banhado de conhecimento e mantras reconfortantes.

"Acredite naquilo que faça sentido para o seu eu de agora." Ames olhava profundamente nos olhos do Harry de treze anos, e transmitia sua luz impactante. "Eu tenho orgulho de quem você vai se tornar. "

E talvez alguns vinte anos depois, a bisa de Harry tenha o olhado de lá de cima e pensado em como falhou. Em como acreditou na pessoa errada.

Talvez seja essa a razão de ele estar aqui, longe de todos que um dia já se disseram sua família.

Se sua mãe não tivesse morrido no dia do seu nascimento e seu pai não fosse um velho ranzinza que o odiava, talvez tudo pudesse ser diferente.

Persistir e resistir a esses pensamentos é uma forma de encontrar certo conforto no final feliz que Harry sabe que nunca terá.

E é por isso que ele escreve. Pra se lembrar de quem é.

Ou quem um dia já foi.

breakfast at folks | hiatus.Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin