Jasper se aproximou com cuidado, ajudando a levantá-la, e colocou um braço em volta de seus ombros. Alice não queria soltá-la e parecia muito abalada para pensar em outra coisa senão ficar ao lado de sua irmã, então se contentou em deixar cair os braços em volta da cintura de Mia e ajudar Jasper a guiá-la até o carro.

A viagem de volta para Denali foi estranhamente silenciosa. Mia havia parado de choramingar há algum tempo e agora parecia apática, olhando pela janela do carro com olhos distantes e sem vida. Alice e Jasper estavam preocupados. Eles verificaram a vampira no espelho retrovisor várias vezes em busca de alguma reação que lhes dissesse o que poderiam fazer por ela, mas simplesmente não havia nada.

Dentro de Mia não havia mais caos, raiva ou impulsividade. Ela estava à deriva, no limbo.  Era assim que ela se sentia desde a morte de Victoria, onde uma parte de si fora arrancada junto a cabeça da vampira. E parecia cada vez mais difícil encontrar uma saída daquele estado torpe.

Mia não sentiu quando o carro parou. As ondas de culpa e dor nublando seu sistema, deixando-a mortificada e alheia ao resto do mundo na maior parte do tempo. Quando ela percebeu, eles já estavam na porta da casa dos Denali e seus irmãos a ajudavam a sair do carro.

Jasper segurou seus ombros, provavelmente imaginando que seu estado frágil poderia levá-la ao chão novamente. Com alguma satisfação, Mia achou melhor daquela maneira. Talvez assim não causasse mais danos.

Alice foi na frente, caminhando graciosamente sobre a neve macia que cercava a enorme casa de madeira. Não demorou muito para Esme e Carlisle aparecerem na porta com rostos preocupados.

Mia desviou o olhar, sentindo vários pares de olhos dourados arderem nela como as chamas de seu julgamento.

— Mia! — Esme engasgou, correndo para ela. — Você nos deixou tão aflitos.

O olhar afiado de Jasper caiu sobre Esme como um aviso, sutilmente dizendo a ela como Mia realmente não parecia estar lá. Os olhos da matriarca a analisaram mais profundamente e ela notou, finalmente, os olhos vermelhos que se recusavam a olhar para ela.

Esme ofegou supresa, mas não se afastou. Em vez disso, seu rosto se contorceu em uma expressão de dor e ela acariciou a bochecha de sua filha, que ainda estava em completa inércia.

— Oh, querida... eu sinto muito.

Esme apertou os olhos quando seu marido apareceu ao seu lado e teve que forçar seu corpo a se mover um pouco para que Carlisle pudesse se aproximar também; seu instinto maternal não a deixando ir muito longe. Naquele exato momento, o corpo de Mia estremeceu em um espasmo infinitesimal e um lampejo de desespero cruzou seus olhos por questão de segundos. Ela quase podia se sentir subindo à superfície quando uma enorme onda de vergonha tomou conta de sua mente, sugando-a para uma espiral de arrependimentos.

— Não — ela sussurrou, movendo-se para trás como um raio, seus olhos ainda encarando o chão.

Sua voz era tão baixa que, se não fossem vampiros, ninguém mais poderia ouvi-la.

A testa de mármore de Carlisle enrugou. Jamais a vira naquele estado, nem mesmo quando ela se tornou vampira em um mundo completamente novo. Nenhuma das recaídas de Mia teve tal efeito, e ele sabia que isso tinha um significado muito mais profundo. Carlisle arfou, pela primeira vez com medo do que as consequências tinham feito para ela – que sempre foi tão forte – e a puxou-a em seus braços.

❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Seth C.]Where stories live. Discover now