Alone Por Alone

24. A garota nova

Acordei depois de poucas horas de sono, pensando que precisava mandar uma mensagem pro Matias, até me lembrar... nós não éramos mais amigos.

Tomei um banho e me olhei no espelho. Tudo que via era uma menina ainda pior do que antes, eu tinha perdido de novo a única pessoa que me tirava da tristeza. Ok, ele não tinha morrido como meu pai, mas ele estava com raiva de mim, eu tinha desprezado ele, e ele fez o mesmo para mim. Eu havia o perdido.

Peguei minha mochila e um cigarro, saindo de casa com raiva. Eu não queria me envolver com ninguém, nunca mais, eu queria voltar para minha caverna, onde nunca deveria ter saído.

Cheguei na escola, já fazia dois dias que eu não falava com ele. Sentei no meu lugar, observei a sala, a tal garota ruiva já estava lá, dessa vez sozinha. Quando me viu, sorriu de canto e se levantou.

O que essa boboca quer comigo?

- Oi, é, Alone. E-eu preciso conversar com você enquanto o Mat não chega.

MAT????? Ah, vá a merda!

- O que você quer? - Nem olhei para a cara dela.

- Ham, eu... nos últimos três dias de aula, eu e o Mat nos aproximamos bastante, e ele é uma pessoa tão legal... E eu acho que estou começando a gostar dele. - Ela sentou na cadeira de frente a minha.

Senti meu sangue ferver. Arranquei uma folha do caderno, amassei e acertei a cesta de lixo.

- E o que eu tenho a ver com essa história? - exclamei, impaciente.

- Bom... você sabe tudo sobre ele e... talvez possa me ajudar a fazer ele me enxergar, eu tenho a impressão de que o coração dele está ocupado por alguém e eu preciso fazer algo pra tirar essa pessoa de lá...

A interrompi: - Com todo respeito, eu não acho que você seja a menina mais indicada para 'estar no coração dele', não que seja da minha conta, mas eu acho que o Matias merece algo melhor... - fui irônica, talvez até demais pois ela saiu bufando e pisando duro.

O Matias chegou em seguida e olhou para mim, por um longo tempo, e depois desviou o olhar para a garota.

- Turma - o professor entrou na sala - hoje eu quero apresentar uma aluna nova para vocês. Provavelmente já devem ter percebido, mas como poucas pessoas tiveram coragem de ir falar com ela, resolvemos apresentá-la para poderem a conhecer melhor, eu vou chamá-la aqui na frente para se apresentar.

A talzinha levantou toda metida e foi lá para frente. - Oi gente, meu nome é Morgana Monroe e eu sou nova na cidade. Mas já fiz amizade com algumas pessoas da sala. Se precisarem de alguma coisa, talvez ajuda na matéria ou algo do tipo, podem vir falar comigo, até porque na outra escola que eu estudei, estávamos bem mais adiantados na matéria, então se precisarem é só falar comigo. - ela sorriu, e eu revirei os olhos, enquanto todos se encantavam pelo seu cabelo.

Ah, gente, pelo amor de Deus né?! É óbvio que aquilo é pura química! Parece até uma palha vermelha!

Retirei mais uma folha de papel, amassei e arremessei no meio da testa dela, em seguida abaixei a cabeça na mesa e fingi que estava dormindo.

Ela bufou e exigiu saber quem havia jogado a bolinha, ao ser respondida com um grande silêncio, respirou fundo e pegou o papel do chão para jogar no lixo. Em seguida a cretina voltou para seu lugar e o Matias sorriu para ela, que sorriu de volta. Ai que náusea.

A garota mal tinha sentado e a Daphinny já havia escrito um bilhete sobre ela.

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Alone, o Matias te trocou por essa aí??? Que babado forte! Tô chocada!!!

Daphinny

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Por que essa garota não se toca logo e para de me importunar? Eu já estava perdendo a paciência com ela quando outro bilhete chegou.

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Gatinha, aquele babaca te trocou por aquela ali? Sendo sincero, não achei grande coisa...

Se ele te esqueceu, saiba que eu não esqueci e ainda estou aqui, com o mesmo número de sempre, sabe onde me encontrar.

Ravi

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Ravi, eu não vou te ligar nem mandar mensagem e você sabe o porquê, você já atingiu o seu limite comigo, não tente mais!
E sobre o Matias, bom, se ele quer ficar com a tal de Morgana, que fique. Quero que se danem! Não estou nem aí pra eles!

Alone

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Esses bilhetes me fizeram lembrar do dia em que o Matias quase foi pra diretoria por causa disso, e eu o protegi. Se arrependimento matasse, eu já estaria enterrada! Deveria ter deixado ele se ferrar, ao invés de me arriscar por um infiel, ingrato como ele.