Capítulo 2

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Pego o celular para ligar para Blair.

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- Oi! Como tá o futuro da família?
Pergunta Blair assim que atende.

- Com notas invejáveis e um dia vazio e tedioso.
Respondo.

- Tá tudo bem, Leo?
Em baixo tom pergunta.

- Só me conta alguma história sua, eu tô em um dia tão chato. É tão povoado, mas tão vazio ao mesmo tempo, estar aqui.

- Davon disse que me ama. E estou feliz, suponho que pela primeira vez sinto que é real.

- Não acha rápido demais? E pelo menos já contou para ele?

- Contar o que, Leo? Que antes de conhecer ele eu era uma vadia drogada? Não mesmo! E não, não acredito que seja rápido, é mágico, Leo, intenso e verdadeiro, eu sinto. E se eu contar para ele coisas do meu passado, pode fazer com que me olhe com outros olhos, entende?

- Não entendo, Blair! Se ele te olhar com outros olhos por um passado onde ele nem te conhecia, ele é a pessoa errada. Simples assim.

- Leo, eu sou a pessoa errada. Entenda. Davon é o homem dos meus sonhos e eu não me perdoaria se perdesse ele. Não posso arriscar deixar que ele veja a pessoa horrível que fui, ninguém amaria o que fui. Nem mesmo minha mãe me amou! Se sou uma desonrada para ela, quem dirá para Davon. No fundo, todos sabemos que se alguém nesse relacionamento pode ferrar com tudo, esse alguém sou eu, é o que faço, ferro as coisas.

- Eu te amo. Sabe disso né. Sempre amei! E sou sua família. Você não vai ferrar nada. Não surte com isso. Quer enterrar seu passado, vamos lá eu ajudo você.

Blair fica em silêncio.

- Desculpa questionar tanto, ok?

- Ok, eu também te amo, pequena. Sabe onde estou? No banheiro de um posto de gasolina, chego aí em uma hora. Blair desliga sem despedida.

- O quê?

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Entro no carro e ligo, respiro fundo e bato a cabeça no volante, a buzina toca e me assusto. Droga! Minha casa tá um lixo.
Supersticiosa ou não, ter vindo aqui me trouxe algo bom. Dou uma risada e sigo para casa.

Quando Blair tinha seis anos viu sua Mãe ser morta por seu pai, que com um machado desfigurou todo seu rosto, tornado tudo uma grande posa de sangue. Nunca soubemos o real motivo do que aconteceu, não teve ninguém além da Blair para contar, porque logo depois seu pai tirou a própria vida. Éramos apenas vizinhas distantes e de repente nos tornamos melhores amigas e irmãs. Como Blair não tinha familiares além de seus pais, meu pai decidiu adota-lá. Mesmo contra vontade de minha mãe.

Com doze para treze anos Blair fugiu de casa, se envolveu com drogas e prostituição, mas nosso Pai nunca desistiu dela, também não desisti dela. Apesar de no dia em que ela fugiu eu ter ajudado, essa lembrança me parte o coração, porquê quando ela voltou, não era a mesma. Foi como se algo dentro dela tivesse morto, apesar de o sorriso ainda ser irradiante, ouvir seus gemidos a noite me fez perceber que ela não queria estar ali, apesar de na época eu ter apenas dez anos eu juro que entendia a sensação que perseguia Blair desda noite da morte de seus Pais.

Minha mãe nunca aceitou o fato do meu Pai ter acolhido Blair, hoje tenho a consciência da péssima pessoa que é minha mãe para Blair, ela era apenas uma criança traumatizada, e minha mãe sempre fez questão de mostrar-lhe que de certa forma eu era superior. Festas, brinquedos, penteados e elogios. Eu fico feliz de Blair nunca ter me odiado, e não ter deixado isso afetar nossa amizade. Nossa mãe ainda persegue ela e chegamos a conclusão que ela é racista, porque todo insulto direcionado a Blair era sobre seu cabelo ser crespo como de sua mãe. Nosso Pai ainda é a fortaleza dela. E apesar de está a quilômetros de distância ainda estou aqui por ela.

Acredito que essa é a parte que ninguém conta sobre estudar em uma cidade nova e distante de todos. Estou vivendo meus sonhos? Já nem sei mais, às vezes eu queria jogar tudo para o altar e voltar para casa, sentir o cheiro da minha cama e ouvir por horas as histórias da Blair, nossa que Saudades... De sorrir com ela, chorar e cantar alto quando nossos pais não estavam. Vou arrumar tudo e me arrumar também, não vejo a hora dela chegar.

Deixo meu carro no estacionamento do prédio e sigo para a recepção.

- Bom dia, Marcus! Assim que uma moça morena alta, chegar aqui e perguntar por mim, pode deixar ela subir. Diga-lhe que estou esperando.

- Tudo bem, senhorita. -

Entro no elevador e aperto o botão para ir até o segundo andar. Caminho até a porta com o número vinte sente, pego as chaves e abro a porta. Deparo-me com Luna e sua bagunça, se ter gatos é trabalhoso imagina ter filhos. Gatinha, gatinha vem na mamãe. Pego Luna em meu colo e caminho até a cozinha para ligar a cafeteira, eu simplesmente não vivo sem meu bom e café preto.

Um dia você é organizada e no outro está tentando fazer uma faxina em 30 minutos em uma casa que não vê uma vassoura a semanas, que se dane vou culpar os estudos, assim Blair não vai ter muitos argumentos para me chamar de porca.
Tiro todas as roupas jogadas no chão e levo até o sexto de roupa, caminho até a cozinha desligo a cafeteira, pego minha xícara favorita e despejo café nela. Olho para pia e penso em lavar a louça, já que vou precisar de algumas coisas que estão nela para almoçar.

Termino de lavar a louça e ouço duas batidas na porta, meu corpo estremece. É ela! Corro para abrir e chegando no corredor perto da porta me vejo no espelho. Credo, penso ao me ver. Cabelos loiros é lindo, até você passar uma semana sem hidratar e retocar. Certeza que Blair vai questionar, dou um sorriso e sigo para abrir a porta.

- Surpresa!
Ela grita. Dou pulos de alegrias gritando com ela, até perceber que atrás dela está o Davon, um pouco mais velho pessoalmente e mais alto também e um garoto aparenta ter o que, 2 metros de altura. Espero que não seja invenção de pretende, até porque se a primeira impressão que fica, ele desiste agora. Até que é gato, parece um jogador de basquete. Gostei do cabelo.

- É tão bom te ver, você tá tão linda!
Dou um abraço apertado e fecho os olhos para não olhar diretamente para eles. - Olha essas tranças que perfeição. - Ela ri e me enche de beijos por todo rosto.

- Esse é o Davon, e esse o Irmãozinho dele! Meninos essa é minha irmã, Leona.
Ela tinha me falado sobre o irmãozinho, mas pensei que fosse uma criança dê o que, 10 anos. Não a cópia daquele Jogador de basquete brasileiro Pablo paquier.

Aperto a mão deles e os convido para entrar. Peço que não reparem na bagunça já que não deu tempo de arrumar praticamente nada.

- Gostei do Gato.
Diz o Irmãozinho do Davon olhando para Luna.

- É uma gata.
Dou um sorriso Gentil.

- Blair não me apresentou muito bem, meu nome é Theo. -
Sorri e mais uma vez aperta minha mão.

A noite chegou, e como Davon e Blair disse que teriam surpresa para mim e Theo, sugeri irmos ao karaokê. Que assim poderíamos nos divertir, e eles poderiam nos dá a tal surpresa.

De frente para o espelho no meu quarto passo um batom vermelho, já finalizando minha maquiagem.

- Ele é um gato, não é?
Blair ri.

- Fala do seu namorado? Não, ele é gente boa, gato é uma palavra muito forte.
Dou uma risada e ela ri junto.

- Idiota, tô falando do Theo.

- Nossa, sim!

- Eu pegaria.
Fala Blair rindo.

- Safada!

- Vai dizer que você não?
Sorrindo diz.

- Não, não! Você não vai fazer isso. Não de novo. Da última vez...

- Sério, você ainda não superou o Samuel?
Franzindo a testa me encara perguntando.

- Meninas!
Davon olha pela brecha da porta, nos chamando. Blair grita pedido para ele entrar. E o olhar dele brilha ao olhar para ela.

- Você está linda meu amor!
Se aproximar e dá, um beijo em sua testa. Isso é tão lindo, fico olhando para eles por um momento.

- Eles são fofos juntos, né.
Diz Theo que entra pela porta.

- Vamos.
Digo sorrindo.

Propósito de SangueWhere stories live. Discover now