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21:05

Fiquei confusa quando percebi que não era uma homenagem para Amy Winehouse e sim um romance. A peça foi incrível, mesmo que tenhamos perdido mais de vinte minutos do primeiro ato e que tenha cochilado por dez no segundo ato, eu estava apaixonada no casal principal pela forma em que se casaram. Seguimos até o camarim junto com mais duas pessoas desconhecidas, nossa amiga era uma das protagonistas da peça, fazendo parte do casal do primeiro ato e já estava sem o figurino e veio até nós antes de entrarmos pela porta e nos abraçar eufórica.

— Que bom que chegaram a tempo de não perder tudo! O que diabos aconteceu?— Questionou depois de se separar.

Troquei um olhar com France acotovelando ela quando abriu a boca, tendo a certeza que soltaria sobre os trinta minutos de indecisão sobre sair de casa até chegar aqui.

— Uma senhorinha me parou de um jeito estranho e isso nos atrasou por um bom tempo.— Respondi, achando que era melhor do que contar que não queria sair da cama. 

— Sabe o que é mais estranho, tirando até a parte do "presente" bizarro, a velha sabia o nome dela.— France conta pra Hilary com indignação e  ela arregalou os olhos verdes na minha direção se agarrando a bolsa rosa.

— Falamos disso depois, já conversei com a Tia Molly e vamos dormir na sua casa.— Disse, não me surpreendendo por avisar que iria dormir na minha casa, ela nunca falava comigo e sim com minha mãe. 

Sr.Charleston nos levou até minha casa, passamos todo o caminho ouvindo ela divagar sobre o tempo que passa tão rápido e ela não se lembra mais como nós três eramos como crianças, era sempre a mesma conversa antes dela estacionar e colocar pelo menos quatro defeitos em cada uma. Eu era sempre a simpática Agatha com um corpo de bola de basquete e um boletim C, quanto a France acabava com o clima dos lugares com seu mal-humor e roupas largas demais para um corpo sem curvas e até mesmo quão desajeitada e tagarela sua própria filha era. Nunca era divertido andar com a mãe de Hilary e seu péssimo hábito de não ter papas na língua...ou noção.

— Eu te amo mas algum dia quando menos esperar você estará em um velório e nós..— France apontou pra si mesma e eu assim que fechei a porta do meu quarto. — Na prisão.

Hilary riu sentada na cama de casal enquanto eu encarava nossa amiga com confusão.

— Por que estou na prisão com você?

France virou batendo com certa força em meu braço.

— Que tipo de melhor amiga é você que não me ajudaria a cometer um crime? 

— Do tipo ficha limpa. 

Juntei as três bolsas do lado da escrivaninha e me joguei na cama ao lado das duas me sentindo exausta, mesmo assim prestei atenção em Hilary contando com mais detalhes sobre os bastidores da peça e soltou que a maior parte do primeiro ato foi improviso por ela ter sido a substituta, o que deixava ainda mais interessante a química do primeiro casal.

— Estava com todo o roteiro do segundo ato decorado e pediram uma substituição trinta minutos antes, ainda bem que Aysha conseguiu se dar bem com o segundo ato e Connor que era meu par foi na minha onda. 

— Vocês foram ótimos juntos, quanta química. Quem dera tivesse alguém pra compartilhar algo assim.

Choraminguei para as duas que lançaram um olhar penalizado sabendo que eu era a única que ainda não havia tido uma paixão, bom, pelo menos não uma que tenha sido correspondida.

— Mudando de assunto, cade o presente da velha? 

Apontei pra minha bolsa e France foi rápida ao pegar e se jogar na cama novamente. Segurei o envelope em mãos me sentindo realmente assustada ao ver Agatha Denver escrito em letras cursivas bonitas na parte de trás. France e Hilary se deitaram ao meu lado também olhando o envelope.

— Não abra, isso pode ter magia negra e pode acontecer coisas ruins com você.— Hilary sussurrou ao meu lado direito, a voz vacilando conforme falava. Se fosse em outro momento estaria rindo como muitas vezes em que ela dizia sentir coisas mágicas ao nosso redor ou algo espiritualista demais para o meu senso cético.

— Claro que não, abre logo isso! O que um envelope pode fazer de ruim? Cortar o dedo dela? Abra logo, Denver. — France resmungou do lado esquerdo com convicção.

Me sentindo com um anjo e um diabinho no ombro abri o envelope com cuidado, um brilho amarelo nos assustou e acabei jogando longe de nós com gritos, me senti rapidamente assim como elas e respirei fundo tentando me recuperar e mesmo com o medo corroendo meus ossos me afastei das duas indo até o papel brilhante pequeno, usei meu último fio de coragem pra desdobrar e mesmo com o brilho intenso consegui ler as letras cursivas. Lendo em voz alta tentando não desmaiar enquanto as palavras entram com força.

"Seu desejo por um par ideal foi concedido aos grandes deuses, seu futuro será tão brilhante quanto amor entre você Agatha Denver e sua grande e verdadeira alma gêmea. A linhagem deve continuar com a benção divina assim como nas últimas decadas."




O namorado de Agatha DenverWhere stories live. Discover now