Luto

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Naquela tarde de terça-feira , todos se reuniam para despedir de Jonathan, uma pessoa exemplar, cheia de amigos, adorados por todos, apesar de ser paquerador e galanteador, era meu melhor amigo. Todos da faculdade estavam no local, menos Lucas, um trairá de duas caras, uma pessoa falsa que dava nem o minimo de respeito como da-se pra notar. A garoa se transformou em chuva novamente, o ar continuava pesado que dava pra lhe cortar com uma faca.

Alguns minutos depois o caixão e levado para o cemitério, a multidão afetiva acompanhava a cada metro percorrido da grande subida do morrinho. Senhores idosos paravam em pequenas pausas pelo cansaço do percurso, muitos ficavam para atrás dos jovens adolescente e adultos. No caminho ninguém chorava ou demonstrava nenhuma reação, suas faces estavam duras como pedra, nenhum barulho pelas bocas eram emitidos, somente cada um rezava em silêncio. A única "ovelha negra da família em meio ao rebanho" que falava era Lia:

-Papai do céu, quero que meu irmão vá para o céu, não quero vê-lo sofrer mais. Obrigado- Lia falou de um jeito fofo e suave com sua voz, apesar de estar com seus olhos azuis cheios de lagrimas caindo toda hora, seu rostinho em meio a aquele clima transformava a pele da criança em cor de neve . Quando quase chegamos ao túmulo, Lia tropeçou com seus pezinho com um relevo que apresentava no chão, sua calça jeans rasgou em seus joelhinhos e logo corri para ajudar a menina, não sabia o qual era a expressão da pequena menina de quatro anos , se era de luto ou se era de dor do impacto, mas logo essa ideia voa após ajudar ela a se levantar. Após isso Lia reclamava de imensas dores no joelho, sem exitar peguei ela e fui carregando no ombro a garota até o final.

Chegando ao túmulo de Jonathan, todos se reuniram fazendo uma roda aberta para que os mais próximos do falecido entrassem, eu em meio aos impuros e cotoveladas por conta de eu estar no final da roda , Lia se agarrou em mim fazendo com que cabeça se apoia-se em meu pescoço pra se proteger. Chegando ao centro, o padre iniciou a rezar em voz alta e a multidão foi rezando junto. Eu fiquei calada todo tempo tempo junto com Lia que sofria em silêncio, eu queria animar ela, mas ela só olhava direto pro irmão. Jonathan estava tão bonitos de terno branco, pois era sua cor favorita. Meio que ele desaparecia no clarão pois a tonalidade era quase a mesma, se fosse como um dia normal na faculdade , eu iria dizer que ele estava transparente porém o respeito vinha no lugar.

A oração terminou, e os coveiros inciaram seu trabalho, pá com mais cheia de terra mergulhava-lhe Jonathan. Todos começaram a chorar. A mãe de Jonathan, a Sra. Wilians começo a dar berros escandalosos com uma imensa choradeira:

-Meu bebê, vocês estão enterrando meu bebê... Não! Meu filho não! ...... - Todos ficaram mais triste quando aquelas palavras ecoaram pelo ar, inclusive eu não resisti e também comecei a chorar. Lia com dó do meu rosto me enxugava minhas lagrimas com sua pequena mãozinha, se dedos continuaram até ela me encarar e dizer:

-Meu irmão disse que foi pra um lugar melhor- Ao ouvir isso eu não entendi direito o porquê mas apenas concordei , então abracei Lia tão forte que ao ver no fundo, abaixo da colina do morro, um brilho de cigarro em meio a chuva me chamava a atenção. Esse brilho vinha de um homem com um guarda-chuva , com uma parte da panturrilha enfaixada segurando uma muleta, logo desvendei o enigma novamente, o maldito canalha do Daniel ainda estava naquele local, quando ele nota que está sendo observado ele ergue mais a inclinação do guarda-chuva e encara-me diretamente de "olho para olho ", nenhum de nós meche ou até demonstra nenhuma reação, porém ficamos olhando por um bom momento, minha cabeça encheu de palavrões, tinha uma grande vontade de desabafar para aquele brutamontes tudo o que mais odeio e jogar na cara tudo, mas como meu veneno não tá pra hoje, eu o engulo para acumular de uma vez só, então eu falo baixinho sem Lia notar:

-Um dia você irá sentir me pagar seu assassino.

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