1 capitulo: perdendo tudo

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Era uma tarde seca de outono, chegava caminhando para casa com a minha melhor amiga Alice, nos conhecíamos desde os quatro anos, crescemos lado a lado, éramos quase irmãs.
-então... você vai sair hoje?-olho para ela cerrando os olhos por causa do sol.
-para onde? - ela devolve o olhar confusa, ainda brincando com uma mecha do longo cabelo ruivo, que com o sol ficava ainda mais exuberante.
-nós combinamos de ir jantar na pizzaria, não me diga esqueceu novamente?
-hm... claro que eu não me esqueci... Acha que eu esqueceria algo assim?- ela disfarça com uma expressão irônica.
Rio e torno a olhar para frente, lá estava minha casa.
-finalmente - suspiro aliviada mal esperando pelo momento em que tiraria a mochila pesada dos ombros e jogaria no sofá.
Nós duas entramos e atravessamos o quintal.
O silencio predomina, há apenas o som de meus sapatos pisoteando as folhas alaranjadas caídas no chão.
Entramos em casa e vamos direto para a cozinha esfomeadas, ouço a chuva começar a cair.
-chegamos na hora certa - sorrio.
-sim - ela também sorri - onde está sua família, Melanie?
-minha mãe viajou à trabalho e meu irmão está fazendo faculdade em Paris.
-como não fiquei sabendo que ele estava na França?
-você nunca pergunta dele - rio.
Ligo o rádio esperando uma música, daquelas TOP 10 que sempre passavam ao meio dia.
"ALERTA DE EMERGÊNCIA: há uma infecção se espalhando rapidamente em toda a América, os doentes agem de forma estranha, são agressivos, inconscientes, e sedentos por sangue, se encontrar algum em seu caminho, não hesite em matar. NÃO HESITE. o governo esta tentando controlar a situação, mantenham a calma e saiam da cidade... IMEDIATAMENTE"
Alice e eu trocamos olhares, no exato momento que abre a boca para falar, algo chega por suas costas, uma sombra cambaleava mirando os dentes afiados e podres em seu pescoço.
-ALICE! - Grito tremula olhando para a coisa.
-o que foi Melanie? Está tudo bem? - ela se atreve a tentar virar o rosto e ver o que me assustava tanto, me aproximo com o facão rapidamente.
-Melanie? O que está fazendo?
Me prendo em uma indecisão peturbadora entre matar aquilo ou assisti-lo ferir Alice.
Havia apenas uma certeza naquele momento, aquela coisa não era humana.
Só tive minha resposta ao ver a cena: o animal abocanha ela e ranca pedaço de seu pescoço, o grito agudo de Alice perfura meus ouvidos.
Enfio a lâmina pontiaguda no animal e o sangue espirra em meu rosto junto ao sangue de Alice que aperta com uma mão o braço da cadeira e com a outra a ferida.
Corro imediatamente para a sala trancando a porta. Em seguida vou correndo para o sótão para pegar as armas de meu pai, e alguns outros suprimentos básicos de sobrevivência, não sabia para onde ia, só sabia que ali não ficaria.
O que está acontecendo? Tenho de ajudar Alice.
Desço com a arma ouvindo grunhidos.
Mas eu havia trancado a porta... Eles vão machuca-la!
Posiciono a arma e silenciosamente vou até a cozinha, Alice está de pé andando lentamente. Minha arma bate na parede, sem querer, soltando um pequeno estalo.
-você está bem?
Alice olha para trás, ou pelo menos aquilo que já havia sido ela. Seus olhos estão brancos, ela apodreceu em questão de segundos, seu cabelo está pela metade, então ela abre a boca expondo seus dentes agora mais afiados e resistentes.
-Alice? Diga algo!
Me afasto mirando a arma em sua testa, começo a chorar. Ela se aproxima. Eu estremeço a arma. Toca a cabeça no bico da arma me impulsionando a puxar o gatilho e fazendo com que seu corpo recuasse e caísse no chão, com o som pegajoso de um pano molhado. Paro e observo chorando.
-Não... O que foi que eu fiz? Alice... eu sinto muito, não queria ter...
Estrondos extremamente altos soam por toda a casa, pareciam vir da sala, como se fossem... Corpos se jogando nervosamente contra a porta.
Toco o rosto de Alice e saio correndo pelos fundos, na rua há outros perambulando como bêbados sem rumo.
Olho em volta e eles me vêem.
As gotas geladas caiam do céu direto em meu rosto. O desespero impulsionou minhas pernas a ir contra o vento frio e denso.
-Socorro! - corro olhando para os lados, não fazia ideia do que estava acontecendo, e do que eu estava fazendo, isso me fazia sentir um medo extremo. Paro de gritar racionando que iria apenas atrair mais deles. Corro pela calçada com a adrenalina pulsando em minhas veias.
O que foi que eu fiz? Eu a matei...?

Uma Nova Era // Carl Grimes #1 TWDWhere stories live. Discover now