Retratos felizes e Faces tristes

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Em meio a perda de ausência e pelo luto, nasce o Sol mais triste que eu pude ver, respirar pelos pulmões virou um desafio sem ter os pesos , me agrediam muito forte principalmente no coração, após uma noite revirante no meio do comodo, acho que a única coisa que podia me deixar alegre seria ouvir uma pequena risada de criança. Em meio aos pensamentos usava com os dedos e criava cinco a sete figuras com sombras , apesarem de estar com um clima gelado, preferia estar de luvas mas elas estavam muito longe de mim, nem sabia onde estavam. Aproveitando o pequeno polegar, eu enfiei ele em um pote de doce de leite e comecei a comer sem parar porém algumas das gotas do doce caiam no chão, então nisso vi pequenos desenhos feitos pela gostosura, comecei a fazer desenhos bem melados, não entendi o por quê de eu estar fazendo aquilo apenas atuava com o dedos como se fosse "mel em meio a uma obra de arte", isso me lembrava a infância, melhor fase da minha vida, mas foi curta com aqueles que eu amo, lembrar disso me dava um pleno desgosto, isso lembrava quando o falecido era fofo. Com isso fechei olhos e imaginei o passado até esse momento atual, mas invés de ser doce só me veio o gosto amargo da tristeza.

As nove e meia da manhã, saí de casa para reunir no funeral, nenhuma emoção não me apresentava. No decorrer do caminho, a chuva se transformava em garoa, o frio ficava mais intenso que dava pra ver a respiração em si, o ar gelado atacava-me a sinusite, dos olhos vermelhos para o nariz escorrido e entupido, difícil era respirar normalmente, o vento entrava pelas frestas da blusa me causava arrepios intensos até que eu cheguei no local, demorei muito pra criar coragem porém eu enchi meu peito de ar por alguns instantes e fui.

Dentro da funerária, aquele peso voltou, não dava para simplesmente ignorar todas aquelas salas até o final do corredor. Choros, gritos,lastimas e pessoas em silêncio, sofrendo calados nem demonstrar nenhuma reação, pareciam que estavam felizes por estarem mortos ou algo do tipo. Outras pessoas faziam um rio de lagrimas, sentia dó por elas, queria dar-lhe a cada um, abraços imensos mesmo sendo desconhecidas para elas sem ter certa intimidade. O cheiro das velas queimadas rodeando pelo circulador de ar era forte. Um caminho se fazia de rosas brancas com algumas pétalas, isto ia desde a porta até ao fundo da última sala. Após a aquele detalhe, notei que todas as salas tinham quadros e retratos familiares do falecidos, juntos faziam uma exposição marcante, me via em um museu dos mortos, cheio de retratos com uma ternura e tonalidades bem fortes, com olhos e sorrisos felizes, porém havia um contraste irônico no espaço, com retratos felizes a faces dos parentes eram tristes, ver aquilo me dava dor no coração.

Enfim entrei no meu curso, e fui em direção ao meu dever de despedir. Caminhei até a última sala onde tinha o nome do meu amigo. Quando dou só pequenos três passos, a irmã mais nova de Jonathan saindo correndo até a porta, chorando e segurando um pedaço de papel amassado nas mãos. Sem querer ela me esbarra e pede desculpa com uma voz em um tom silencioso, ela continua seu percurso mas não se toca quando o papel cai em meio ao chão. Como eu era curiosá invés de ter pegado aquilo e não abrido a folha eu fui teimosa, lá estava um desenho de duas pessoas em bonecos de palitos, uma estava feliz, a outra ao contrario .Eu era lerda, mas não tanto pra entender a situação, seria ela e a mãe dela. Logo após ver isso, corri para ir atrás da pequena Lia mas uma poluição visual veio direto aos meu olhos, no horizonte, debaixo de um carvalho com as folhas molhadas, um homem musculoso, com uma jaqueta de couro preto com uma calça jeans escura, usava um sapato converse preto. em meio aos braços um muleta, seu corpo estava enfaixado entre as partes da panturrilha ao pé esquerdo , e parte da cabeça também estava coberta que chegava até os olhos, cobria o lado esquerdo do cranio até a parte inferior de atrás da cabeça. Ele se viro de lado e ficou minutos olhando pra mim. Não acreditava que ele estaria aqui, depois de ter feito aquela catástrofe com Jonathan. Era ele, Daniel, o meu ex, velo ali fumando seu cigarro me provocou a me tremer de raiva, não sabia o que fazer naquele momento, apenas queria pegar Daniel e jogar no lixo onde é seu lugar. Apesar eu estar com pensamentos vagos de vingança ou algo do tipo, isso logo desapareceu, Lia me segurou com a mão direita em minha blusa e disse:

-Tia Alice, não se irrite com ele, papai do céu não gosta de pessoas vingativas não - Lia falou de um jeito tão fofo que eu sorri pra ela, quando aquela pequena voz entrou em meus ouvidos, meus problemas desaparecerão.


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