31 | NEGAÇÃO

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Hanna e sua mãe estavam dentro do Uber há quinze minutos e nenhuma das duas havia trocado uma palavra sequer desde então.

A ruiva batia ansiosamente o pé no chão do carro. Seu dedo indicador mexia incontrolavelmente uma mecha de seu cabelo vermelho. Agatha não estava diferente; suas palmas das mãos suavam enquanto os dedos se entrelaçavam e soltavam-se repetidas vezes.

Por volta das cinco e meia da manhã, Agatha contara a sua filha ainda em casa, que o celular de Hanna, que havia sido deixado na sala na noite anterior, não parava de tocar, e a mais velha, tendo dormido naquele mesmo cômodo devido a preguiça que lhe tomou posse anteriormente, acordou devido ao barulho que não se interrompia. Quando atendeu à ligação, escutou a voz desesperada e sôfrega de um garoto — que logo deu-se conta que chamava Bryan—, informando que Peter estava no hospital em estado grave. Agatha percebeu na mesma hora que o assunto era sério o suficiente para acordar Hanna e irem direto ao hospital.

Agatha também contara a sua filha que, na noite anterior, percebendo o semblante enfurecido e confuso de Hanna, sabia que era melhor não ir atrás dela, ainda mais por conhecer seu típico temperamento orgulhoso e tendo ciência do que aconteceria se tentasse falar com ela naquele momento, por isso manteve distância, vendo que precisava de espaço. Hanna não respondeu nada, ainda estava transtornada com a notícia de Peter, mas a agradeceu silenciosamente, e Agatha pode perceber isso.

Cinco minutos depois, ao chegarem ao hospital, Hanna sai em disparada do carro sem nem ao menos olhar para trás e despedir-se do motorista ou, ao menos, ver se sua mãe lhe seguia. Em seus olhos, ela só tinha a imagem de Peter em uma maca de hospital em movimento com os médicos e os pais preocupados ao seu redor.

Ao adentrar no local, Hanna, que mal conseguia respirar devido a aflição, correu para a recepção.

— Peter! Cadê ele!?

A moça, em frente ao computador na recepção do enorme hospital, olhou Hanna como se aquele tipo de comportamento desesperado fosse recorrente por ali, mas não deixou de mandar um olhar solidário à ela.

— Qual o sobrenome do paciente?

— Peter Elliott, de dezoito anos.

A atendente nem precisou pesquisar no banco de dados para saber de quem Hanna estaria falando, e a olhou de cima a baixo.

— Desculpa, senhorita, mas para ver esse paciente precisa de uma autorização especial e...

A mulher não conseguiu completar o que dizia, pois um Bryan assustado e desolado apareceu na recepção, atraindo a atenção de ambas.

— Ah, Hanna, graças aos céus... — Ele suspira cansado.

Bryan vai em direção à Hanna, e só então a ruiva percebe sua feição cansada e alarmada, contendo enormes bolsas escuras embaixo dos olhos.

— O Peter. Como ele está!? — A ruiva pergunta sem nem ao menos cumprimentar o amigo — Eu ouvi que ele sofreu um acidente! Como...

Hanna para ao ouvir o pesado suspiro do maior.

Bryan vira-se para a recepcionista, acenando com a cabeça.

— Não se preocupe, não precisa barrar ela, já falei com o Sr. e a Sra. Elliott e eles já autorizaram a sua entrada — Bryan explica.

— Ah, mas senhor, ela deve preencher o formulário...

— Não se preocupe — Agatha aparece do lado de Hanna, assustando-a pela aparição repentina, e logo culpou-se por ter saído tão vagarosamente do carro —, eu posso fazer isso por ela, sou sua mãe.

Só Agora Eu Sei ✓Where stories live. Discover now