— Você está bem? — Perguntou ele olhando para meus olhos.

Levei algum tempo para assentir, lembrando do homem agonizando no chão.

— Preciso que você seja forte, ainda não saímos desse inferno. — Assenti mais uma vez, com os olhos estatelados. — Ótimo.

Voltamos a correr pelos corredores, por sorte todos os outros capangas do Martíni estavam na linha de fogo, mais preocupados com o FBI invadindo sua base do que com uma prisioneira fugindo.
Gradualmente minha visão voltou ao normal.
A todo momento eu lembrava de continuar a correr, por mais que minhas pernas estivessem ardendo e meu estômago revirando, me perguntando se sairíamos dali com vida.
Freei com as mãos apoiadas nos joelhos, respirando fundo. Sebastian olhou para trás, tão cansado quanto eu.

— Não tem como sair daqui agora, Ethan ainda não deu o sinal. — Informou. — Vamos para uma dessas salas.

Ele pega minha mão, mas eu continuo no mesmo lugar o puxando para trás.

— E se houver alguém dentro?

Seus olhos vão ligeiramente para a arma em sua mão.
Engulo a seco.
Sebastian tentou abrir algumas portas, mas sem sucesso, até que virou a maçaneta de uma porta vermelha e conseguimos entrar. Dentro era tomado por uma cor vermelho-sangue e apenas alguns luzes iluminavam o ambiente, mas seria suficiente para descansamos.
Encostei minhas costas na parede, recuperando o fôlego.

— Minhas pernas estão me matando. — Reclamo, mas Sebastian não respondeu. — Pode me explicar o que está acontecendo?

Ele não responde novamente, olho para suas costas, sua cabeça estava totalmente voltada para um canto da sala. Foco meus olhos e avisto Martíni sentado em uma poltrona atrás de uma mesa, segurando um charuto em seus dedos, olhando diretamente para Sebastian.
Dei dois passos para trás, soltando o antebraço do Sebastian.
Pensei em fugir, mas ele não viria comigo, estava com os pés fincados no chão e os punhos cerrados. Perguntei-me quais sentimentos ele estava sentindo agora, pois nunca o vi dessa forma.

— Quanto tempo, meu velho amigo. — Martíni quebra o silêncio. — Devo admitir que esses anos lhe fizeram bem, não parece mais aquela criança medrosa.

Ouço Sebastian suspirar, quase rosnando.

— Você é o responsável por isso? — Sebastian não respondeu. — Claro que não, afinal durante todos esses anos não o fez. Você é fraco. Precisou do FBI para fazer isto.

— Mas estou aqui, não estou? — Sua voz estava diferente, como nunca ouvi antes.

Martíni solta um sorriso nasal, em seguida traga seu charuto soltando fumaça pelo nariz.

— Pensei que estivesse aqui pela sua mulher, não por algo que aconteceu há muito tempo. — Ele se acomoda na poltrona. — Não seria idiota o suficiente para mover rios por uma mulherzinha sem sal como esta.

— Você sabe todos os motivos para eu estar aqui.

— Sim, sei e acho uma perda de tempo. Ainda guarda mágoas de mim pelo que fiz com sua mãe? — Sebastian suspira mais uma vez. — Qual era mesmo o nome dela?

Sebastian saca sua arma apontando na direção do Martíni.
Seu corpo inteiro tremia de puro ódio, eu podia sentir o calor emanando dele. Ele caminha em passos lentos até Martíni que continuava com uma expressão sarcástica.

— Sai daí. — Martíni não o obedece, deixando o Sebastian ainda mais irritado. — Sai daí! Você é surdo?

Martíni faz menção de pegar algo dentro de sua gaveta, mas Sebastian mira em sua mão o assustando. Ele levanta da poltrona caminhando em passos lentos até Sebastian.

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