— Eu sinto muito... — Não estava preparada para isso, não esperava por um pedido de desculpas a essa altura, feita nesse tom refreado.  Essas palavras mexem comigo de uma maneira muito intensa, é um pesar profundo, que veio da alma atormentada de um homem em sofrimento.

— Eu também sinto, agora com licença, tenho alguns lençóis para passar, nunca se sabe quando voltarão manchados de sangue. — Viro, mas antes de três passos, ele segura o meu braço.

— Eu te amo, habiba. Nunca me subestime... — Me desvencilho dele e ando apressadamente de volta a lavanderia. Esperei tanto para ouvir essas palavras e choro por escutá-las em um momento que não posso senti-la dentro de mim.

Passo meus lençóis com capricho, me odiando por ser pega em flagrante. Claro que ele sabe de tudo, eu me achando a esperta, armando uma fuga perfeita no meio da noite, mas ele é a autoridade aqui e sempre terá alguém de olho em todos.

Só espero que ele não atrapalhe minha tranquilidade aqui. Não me importo em ficar enterrada desde que meu filho possa ser alguém que faça a diferença nessa vida. Tenho certeza que ele terá valores diferentes do que o pai, porque sua criação nas mãos da Aisha será pontuada por outros ensinamentos.

Apesar da minha explosão, nunca mais houve lençóis com manchas de sangue, o que me leva a crer que essa gestão atual já foi ricamente alterada.

Janto com as meninas, peço licença e vou até a biblioteca pegar um novo livro. Minhas mãos percorrem a prateleira e escolho um romance, Dom Quixote. São livros que ultimamente eu estava fugindo. Tomo um banho, deito em minha cama e leio algumas páginas. Fecho-o, pois minha mente viaja e não consigo a concentração necessária.

Eu não devia ter ido tomar sol, vê-lo mexeu com a ferida ainda aberta no peito. Apago a luz e tento dormir, tudo está tão silencioso que fico deprimida. Faço uma oração e fecho os olhos.

Acordo com um movimento na cama, uma mão tapando minha boca e um sussurro no meu ouvido.

— É apenas um sonho, Zaya. Continue dormindo... — O sonho é maravilhoso, sinto sua mão percorrendo todo o meu corpo e eu reconheço o seu toque, sinto-o penetrando a minha carne e se movimentando daquele jeito que me enlouquece. É tão bom, tão gostoso, tão visceral...

Quando sua mão toca o meu clitóris, não preciso muito para estremecer em seus dedos ágeis e o sonho não precisa de muito para gozar dentro de mim. É muito tempo longe. Ouço sua respiração acelerada no meu ouvido e sinto sua boca beijando diversas vezes o meu pescoço.

Antes de ser envolvida em um delicioso torpor, ainda tento me proteger.

— Eu não posso ficar grávida outra vez, meu sonho.

— Não se preocupe, habiba. Não haverá outro filho homem que não o nosso nesse palácio, e ele saberá o que fazer quando estiver no poder.

Quando acordo bem cedo, o sonho acabou, mas ao lado da cama ainda quente um belo anel de casamento.

Said vai voltar...

O sultão é de uma mulher apenas.

Sou a única do sultão...

E sem saber, ele deixou um presente no dia do meu aniversário de vinte e quatro anos. Pego o anel e coloco no dedo.

Então será assim, acordar para viver e dormir para sonhar...





Desculpe se frustrei alguém, Rita Lopes busca sempre um final feliz, mas ainda não achei um que seja satisfatório.

Não ia conseguir deitar a cabeça no travesseiro sem saber que Tayla teria apenas momentos de reflexão. Ela tem direito a ter esperança, a sonhar com o dia que ele estará ali ao seu lado e quem sabe construir uma nova história a partir dessa nova realidade, com o filho ao lado.

Eu gostei de mergulhar nesse mundo tão pouco explorado, ler um pouco sobre a realidade das mulheres mulçumanas, saber que nós somos abençoadas por nascermos em uma sociedade a caminho da igualdade e agradecer por essa dádiva.

PARA QUEM LEU ATÉ AQUI, EU TENHO UMA FOFOCA BOMBÁSTICA PARA CONTAR:

ESTÁ MARAVILHOSO E COM UM FINAL SURPREENDENTE ESSE ROMANCE COMPLETO, COM A VISÃO DO SULTÃO E DA ODALISCA TAYLA,AGORA DISPONÍVEL NA AMAZON.

COMO SOU UMA ESCRITORA MUITO GENEROSA, DEIXAREI O PRÓLOGO DO NOVO LIVRO PARA VOCÊS DAREM UMA ESPIADINHA.

BEIJOCAS

RITA LOPES

A ÚNICA DO SULTÃOWhere stories live. Discover now