CAPÍTULO 7

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Nem sei onde vai parar a minha curiosidade.

Quando li que a primeira vez não é para doer, nem acreditei. Todo mundo fala que dói, apesar de eu não me lembrar mesmo disso.

A primeira vez não pode ser algo doloroso, diz a Gislene Ramos do site azmina.com.br. Para ela isso é um grande mito. Desconforto sim, pode ser, mas não dor. Por isso a importância de estar bem preparada, conhecer o seu corpo e aproveitar o momento que é bem prazeroso.

Taí... Gostei disso...

Talvez Tayla não tenha feito a lição de casa.

Levanto muito cedo, sem conseguir relaxar a noite inteira, preocupada com o meu destino. Sinto-me internamente tão plena e por fora estou uma pilha de nervos, sem saber o que vai me acontecer. Não conheço nenhuma mulher que tenha enfrentado o sultão assim de frente e isso pode ser ruim, porque ela pode ter sofrido consequências drásticas e por isso é desconhecida por todos, sumiram com ela, por Allah... Teve um fim trágico...

O sultão não decepciona e manda a supervisora até nossa ala logo pela manhã.

— Jamile e Tayla, o sultão quer vê-las em meia hora. — Jamile, ainda sonolenta e sem entender muito o que aconteceu na noite anterior, corre se arrumar. Eu também vou me arrumar sob os olhos preocupados da Aisha.

Me arrumo rapidamente, pois já sabia que isso aconteceria ao longo do dia e vou ao encontro do meu destino.

Entramos juntas na sala de reunião, um lugar que eu nunca tinha estado antes e vê-lo ali sentado em seu lugar de destaque me traz lembranças que eu sempre sonhei em ter. Só não achei que a dor estaria associada  a essas lembranças inesquecíveis.

— Bom dia. — Ele diz secamente e nós respondemos com uma pequena reverência.

— O que tenho a dizer não tomará muito tempo. Jamile, para você em particular, gostaria de agradecer imensamente a noite passada, ela foi memorável. — Ele fala para ela, mas o seu olhar alterna entre nós duas. — E como agradecimento por essa noite inesquecível, você mudará para o alojamento das favoritas ainda hoje e amanhã eu estarei lá para lhe dar as boas-vindas da maneira que você merece. — Jamile não esperava por isso e de todas as coisas que minha mente criativa imaginou a noite toda, isso também me pegou de surpresa.

— Obrigada, senhor.

— Pode ir e fique magnífica para amanhã. — Ela sai feliz porque sabe que isso é o melhor para ela, terá regalias e liberdade, além de não ter mais que fazer trabalhos domésticos. Assim que ela sai, ele se levanta da cadeira e fecha a porta. Sinto que eu não serei poupada das suas crueldades.

— Está feliz pela sua amiga? — Ele já começa pisando em mim, e eu não sei se ajo à minha maneira ou finjo ser quem eu não gosto de ser.

— Sim, estou feliz por ela. Qualquer coisa é melhor do que ficar em um lugar onde não nos querem, ou mesmo não sabemos o que vai acontecer no próximo dia.

— Você está amarga hoje, habiba. — Mordo meus lábios para conter meus arroubos de raiva. — Não fique assim, eu também tenho boas notícias para você. Como Jamile será uma das minhas favoritas, você ganhou um espaço na minha vida, será uma das minhas candidatas. Não é isso que você buscava ontem ao deitar-se em minha cama como uma oferecida , passando por cima das outras mulheres e dos meus desejos? — Não consigo controlar as lágrimas, impactadas com suas palavras duras e com o arranjo que ele criou e que de certa maneira me protegeu da minha falha.

— Não era dessa maneira que eu gostaria de estar na sua lista de desejáveis, mas eu agradeço que não tenha sido pior. — Ele continua sentado em sua cadeira, sem expressar compaixão por mim e pelo meu sofrimento.

— Mas o seu lugar será temporário, Tayla. Durará apenas até que suas regras venham ou não, e depois disso você voltará a ser um serviçal. — Me controlo para não dizer nada que possa piorar a minha situação.

— Acabou, senhor? Posso me retirar?

— Ainda não acabei. Prepare-se para essa noite, afinal tenho que manter a minha reputação intacta. Se você aparece grávida ainda virgem, colocará a minha autoridade em xeque. Agora sim, você pode ir. — Saio dali sem forças para me impor, mesmo porque uma gravidez nunca passou pela minha cabeça, eu só queria ter o homem e nem pensei nas consequências desse ato. Agora posso estar grávida, grávida de um homem que me despreza e isso mexe comigo de uma maneira inexplicável.

As meninas, já sabendo que a Jamile foi promovida, me abordam ansiosas para saberem o porquê da minha presença.

— Ele quer fazer um teste comigo e vai me manter por um mês entre as candidatas as suas favoritas. — Todas estranham a nova abordagem do sultão, mas eu preferi criar uma estória para a minha incompetência feminina.

— Aisha, você me ajuda? Eu vou para o quarto dos prazeres hoje. — Entro em meu quarto e me jogo na cama. Aisha entra logo atrás.

— Que estória é essa, Tayla?

— Isso foi o que ele fez comigo, se eu não estiver grávida, volto a lavar banheiros.

— Bom, você sabia que teriam consequências.

— Eu sabia, mas não pensei em todas elas, então agora eu tenho que aceitar essa merda em que me meti e ainda terei que buscar forças não sei de onde para passar a noite com ele. E pode apostar, ele vai pisar em mim mais uma vez.

— Você sempre foi forte, amiga. Você vai estar maravilhosa ou não me chamo Aisha. Ele não vai resistir aos seus encantos.

— Eu não quero ter esperança, o tombo será maior.

A ÚNICA DO SULTÃOWhere stories live. Discover now