— Tira essa roupa. - Pediu afastando um pouco a boca da minha. — Incomoda.

— Me ajude. - Falei puxando a camiseta pra cima. 

Ela sentou e tirou minha calça, jogou a mesma para fora da rede e voltou a deitar sobre meu corpo, aquilo me fez ir no céu, mas ao chegar lá me jogaram de volta pra terra; ainda bem.

— Camila disse que consegue tudo que deseja. - Se gabou beijando meu pescoço. 

Coloquei uma mão no cabelo dela e puxei, para que olhasse para o meu rosto.

— Ainda vai deixar eu foder você? Porque sua boceta quentinha esfregando na minha coxa tá me fazendo delirar.

— Tá gostoso? - Assenti e ela movimentou o quadril se esfregando mais em mim. — Eu deixo você fazer se me prometer que vai ser bom.

— Você ainda tem dúvidas? - Passei as mãos pela lateral do seu corpo. — Eu vou…

A voz de Anzu chamando por Camila me fez se calar e ela pular de cima de mim, ela pulou tão rápido que caiu no chão, mas tão rápido quanto caiu ela se levantou e correu pra fora, mal tive tempo de processar o que aconteceu, fiquei estática dentro da rede, olhei minhas roupas no chão, e as vozes de Anzu e Camila se distanciando, soltei o ar dos pulmões e me deixei rir, é isso que chamam de livramento de Deus? Ou se encaixa melhor em um castigo divino? Não sei, só sei que essa menina conseguiria me convencer a ativar uma bomba nuclear se quisesse… e se eu soubesse fazer isso. Virei na rede e tentei afastar meus pensamentos pra dormir, mesmo que o tesão esteja me consumindo por dentro. 

*****

Já era noite quando acordei, as vozes alta do lado de fora me trouxeram a certeza que já estão todos de volta na aldeia, coloquei minhas roupas e sai da oca, como algumas noites atrás todos estão pintados e fazendo fogueira, procurei Camila com os olhos, ela está de costas pra mim, conversando com um rapaz e uma moça, acredito que a moça falou alguma coisa, pois Camila olhou por cima dos ombros, e sorriu ao me ver, senti o desespero se instalar quando ela veio em minha direção. 

— Iandê sempre dorme muito? - Deixou um beijo no meu rosto, pegando o cantinho da minha boca.

— Quando ninguém me acorda, sim, eu durmo. 

Ela riu e segurou minha mão, me puxando pra perto dos outros, ela está com adereços ao corpo novamente, o que me fez agradecer mentalmente, se bem que eles não escondem muita coisa, quando ela se abaixa fica tudo exposto. 

— Hoje você vai prestar atenção na história de Jaci e Naiá.

— E se eu não prestar?

— Eu te acerto uma flecha pra parar de ser abaité.

Fiquei tentada a provocar mais, mas não fiz isso porque ela pegou uma das comidas e empurrou dentro da minha boca.

A criança que eu sei se chamar Kauan, correu e se jogou contra minhas pernas, assim como ele faz com Camila, me inclinei e paguei o menino nos braços, ele falou alguma coisa, então olhei pra Camila em busca de tradução. 

— Ele disse que você é bonita.

— Diga que ele é mais.

Ela olhou para o menino, e diferente do que eu esperava, o sorriso dele se desfez, os pequenos olhinhos pretos encheram de lágrimas e Camila gargalhou. 

— O que você falou?

— Que você tinha dito que ele é feio.

Bufei.

— Camila! Corrija isso agora!

Olhei para o menino e balancei a cabeça em negação, em uma tentativa de dizer que era mentira, mas ele só parou de chorar quando Camila falou com ele, então ele olhou pra mim, sequei as lágrimas do seu rosto e ele falou novamente. 

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