CAPÍTULO XIV

Começar do início
                                    

Eles hesitaram.

Tentei abrir os olhos. Precisei de um minuto, mas pude ver as nuvens escuras e roxas atirando a chuva gelada em mim.

– Jake? – grasnei.

O rosto dele escondeu o céu.

– Ah! – falou ele ofegante, o alívio tomando suas feições. Os olhos estavam molhados de chuva. – Ah, Kris! Você está bem? Pode me ouvir? Algum lugar dói?

– S-só m-minha garganta – gaguejei, os lábios tremendo de frio.

– Então vamos tirar você daqui – disse Jacob.

Ele passou os braços sob meu corpo e me ergueu sem esforço algum, como se pegasse uma caixa vazia. Seu peito estava nu e quente; ele curvou os ombros para me proteger da chuva. Minha cabeça tombou em seu braço. Olhei inexpressivamente a água furiosa, batendo na areia atrás dele.

– Você a pegou? – ouvi Sam perguntar.

– Peguei, deixe comigo. Volte para o hospital. Encontro você lá mais tarde. Obrigado, Sam.

Minha cabeça ainda girava. De início, não compreendi nenhuma das palavras dele. Sam não respondeu. Não houve qualquer som, e eu me perguntei se ele já havia ido embora.

A água lambia e revolvia a areia atrás de nós enquanto Jacob me carregava dali, como se estivesse com raiva por eu ter escapado. Enquanto olhava para a frente, exausta, uma centelha de cor atraiu meus olhos sem foco — um pequeno lampejo de fogo dançava na água escura, longe, ela ainda estava lá. 

– Como você me encontrou? – minha voz arranhou.

– Estava procurando você, Billy me disse que esteve lá em casa procurando por mim. – disse-me Jacob. Ele estava quase correndo, na chuva, subindo a praia na direção da estrada. – Segui as marcas dos pneus até sua moto, depois ouvi você... – Ele estremeceu. – Por que você pulou, Kris? Não percebeu que estava vindo um furacão? Não percebeu que tinha uma vampira na sua cola? – A raiva enchia sua voz à medida que o alívio desaparecia.

– Ela estava lá Jake… eu só queria acabar logo com isso. – murmurei.

Jacob sacudiu a cabeça. Ainda corria ao seguir pela estrada até sua casa.

– Você podia ter morrido, Kris – parecia que tinha um nó em sua garganta – O que eu faria se você morresse ? O que diria ao Charlie ? Como eu poderia continuar vivendo sabendo que … – ele se interrompeu, parecia que ele tinha falado demais. Jake balançou a cabeça negativamente reformulando a frase – Você é importante demais para mim.

– Me desculpe, Jake. Sei que fui imprudente, mas eu realmente achei que poderia mata- lá. Ela estava lá, ela me atirou nas pedras.

Jake me apertou ainda mais contra ele.

Naquele momento, a chuva parou. Só percebi que já estávamos na casa dos Black quando ele passou pela porta. A tempestade martelava o telhado.

– Você pode ficar aqui – disse Jacob ao me colocar no sofá pequeno. – Estou falando sério... Bem aqui. Vou pegar umas roupas secas.

Deixei que meus olhos se adaptassem à sala escura enquanto Jacob disparava para o quarto. A sala abarrotada parecia tão vazia sem Billy, quase desolada. 

Jacob voltou segundos depois. Atirou em mim uma pilha de roupas cinza.

– Vão ficar enormes em você, mas é o melhor que tenho. Vou, hã, lá fora para você trocar de roupa.

– Não vai a lugar nenhum. Ainda estou cansada demais para me mexer. Só fique aqui comigo.

Jacob se sentou no chão perto de mim, as costas encostadas no sofá. Perguntei-me quando ele tinha dormido pela última vez. 

crescent moon - Lua Nova Onde histórias criam vida. Descubra agora