A Um Passo Da Felicidade II - séries HAPPINESS [Concluída]

Capítulo 81

O advogado se sentou em uma cadeira na frente de Ayla e Marina, ele tirou da pasta um papel. Rosa a empregada da casa ofereceu em uma bandeja três copos de uísque para eles, cada um pegou um.

— Não devo beber quando estou trabalhando, mas...

— Mas irá  beber conosco — Marina disse. — Hoje estamos felizes e queremos todos ao nosso redor assim também, apenas um gole, se preferir temos algo mais fraco, um café talvez.

— Está ótimo senhora — Otávio disse.

Houve um minuto de silêncio até que Otávio tomasse um gole do uísque.

— Tenho aqui o testamento do marido das senhoras Pugliese — Otávio disse ajeitando os óculos. — No dia 4 de janeiro de 2020, a senhora Ayla Valente Pugliese se casou com o meu cliente Heitor Valente Pugliese. No dia 14 de janeiro, no mesmo mês após passar uma lua de mel em Nova York, o meu cliente me procurou e pediu para ser feito o seu testamento, e eu o fiz conforme as falas dele. Ele diz aqui que deixou para a sua esposa todos os bens que ele tem até aquele momento e tudo que ele conseguisse juntar. Tudo seria dado para ela, já que eles não tiveram nenhum filho.

— Mas isso é uma falta de consideração comigo — Marina disse e Ayla a olhou. — E eu?

— Calma senhora — Otávio ajeitou os óculos novamente.

Ayla percebeu que ele tinha sérios problemas com aquele óculos, talvez ele fosse grande para a cabeça pequena, ou estivesse precisando de outro novo.

— Após dois anos o senhor Pugliese me ligou, ele estava na prisão e me pediu para fazer outro testamento — Otávio disse. — Ele me pediu para mudar algumas coisas.

Ayla notou quando Marina se inclinou mais para frente, ela havia conseguido roubar os comprimidos e já estava quase na irmandade e tinha agora ter a confiança de Marina e dos outros irmãos, mas a sua colega de quarto ainda era a mesma.

Ayla percebeu também que Marina amava Heitor, e que ela talvez o amou até mais que ela própria. Ela também o amou, mas o novo Heitor que ela acabou conhecendo matou esse sentimento que sentiu por ele algum dia.

O Otávio continuou a falar:

— Ele me pediu para escrever que a casa onde ele havia se mudado com a segunda esposa seria dela — Marina sorriu alegremente. — "Eu Heitor Valente Pugliese deixo para minha segunda e amada esposa Marina Lombardi Pugliese a casa onde moramos, deixo também todos os negócios aos cuidados dela, para ela dar continuidade"..., mas ele disse também.

"Eu ainda tenho esperanças de que um dia Ayla volte e tome o seu lugar de direito, até lá Marina assumirá tudo, pois sei que assim como Ayla ela é esperta e saberá lidar com os negócios. Mas quando o meu primeiro amor voltar, ela assumirá os assuntos da nossa família e dará continuidade aos nossos planos, assim minhas duas esposas serão imbatíveis".

— Heitor queria que eu...

— Que você cuidasse de todos nós — Marina disse a olhando. —

Marina deixou de lado o ódio que sentia por Ayla e tocou na mão dela e sorriu. Talvez o efeito do álcool tenha afetado o cérebro dela.

— O nosso marido está orgulhoso de você — Marina disse. — Onde ele estiver, eu tenho certeza de que ele está se orgulhando muito de você Ayla.

Ayla apenas devolveu o sorriso para Marina e voltou a olhar para Otávio que arrumava novamente os óculos.

— Ele ainda disse: "Eu quero deixar para Marina que esteve comigo esses anos e que me amou muito, além da nossa casa, uma boa quantia em dinheiro que eu depositei todos os meses para ela aproveitar a vida. Sei que o meu amor gosta de comprar roupas, sapatos e joias".

— Heitor me conhecia como ninguém — Marina enxugou os olhos.

— E, para Ayla, que eu sei que um dia irá voltar para a irmandade, eu deixo uma boa quantia em dinheiro no banco, o guardo para você desde do dia em que lhe pedi em casamento, nas alturas, jamais esquecerei me daquele dia e espero que você o guarde dentro do seu coração. E claro, quando você voltar a liderança é e sempre será sua. Apesar de tudo eu a amo profundamente".

Ayla olhava para Otávio, como se Heitor estivesse ali na frente dela.

— Senhoras aqui estão o número e a senha do banco onde está o dinheiro de vocês — Otávio entregou um papel para cada. — E...

Otávio retirou de dentro da pasta dois envelopes pequenos, ele olhou o nome de cada uma e o entregou.

— Senhora Marina.

Otávio o entregou para Marina que logo o pegou e sentiu o perfume, ele era o de Heitor não havia como duvidar disso. Era inacreditável como que em um pedaço de papel, pudesse ficar um cheiro tão único como o dele, isso fez Marina recordar os momentos lindos que passou ao lado dele. Ela pegou o envelope e viu o seu nome com a caligrafia de seu amado, aquele 'em' que só ele sabia fazer.

— Senhora Ayla.

Otávio entregou o segundo envelope, ele era o de Ayla, seu nome estava com um coração, e o ‘a' se pegasse o envelope e o virasse de cabeça para baixo a letra que era um ’a' virava um ’v’.

Ayla se lembra de quando eles ainda eram namorados, de como ele escrevia o nome dela, no seu corpo e com um monte de coração em volta, ou quando ele escrevia na capa dos cadernos dela de faculdade o nome dele e o dela dentro de um enorme coração, Ayla havia se apaixonado por aquele homem e não por esse que após casado apareceu para estragar os planos deles.

Ayla olhou para o envelope, ela olhava-lhe e para o seu nome, era para ela direcionado a ela, apenas ela. Mas e o medo de abrir? O que encontraria nessas palavras, nessas linhas? Ayla hesitava em pegar algo que viesse das mãos de Heitor, ou de que fossem enviadas por ele.

Ela não poderia negar que quisesse muito saber o que havia nas linhas escritas por ele, o que ele disse? Será que ele se arrependeu de algo? Ou a condenava por ele estar preso? Mas se ele fosse fazer isso em uma carta, porque deixaria uma herança para ela?

Depois que ela fugiu, ele foi atrás dela e ficou preso, de dentro da cadeia ele havia mandado uma carta para o advogado dos óculos que viviam caindo. O que ele disse na carta?

Ayla ainda hesitava quando Marina tomou a iniciativa pegando e colocando nas mãos de Ayla, Otávio se levantou e as cumprimentou saindo do local deixando Ayla e Marina com duas cartas do mesmo marido, mas com histórias e finais diferentes.