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Sophia

Antes de cair no sono, eu me senti confusa. Quando acordei, me senti confusa. Tomei café, tomei banho, arrumei o quarto, procurei um apartamento barato para alugar futuramente, estudei, estudei, estudei, bebi água, estudei, estudei, estudei... E me senti confusa.

Por que? Eu não parava de pensar em Igor. DO NADA.

Simplesmente.

Eu passei o dia inteiro com saudades do abraço que recebi na noite anterior. Provavelmente quando ele aparecesse na porta da minha casa eu me jogaria em seus braços e aproveitaria para matar essa saudades, afinal de contas, ele é meu melhor amigo e eu posso abraçá-lo quando quiser. Certo?

ERRADO.

Eu estava bizarramente nervosa e sem coragem para fazer isso. Que ódio.

E tinha o lance das aulas de beijo. Minha mão começou a suar enquanto terminava de me arrumar para esperá-lo. A ideia já estava me parecendo muito absurda e eu estava prestes a mandar mensagem avisando que mudei os planos e caí na real, quando a buzina do carro dele soou na frente de casa.

— Filha, Igor já chegou — minha mãe gritou, como se somente ela tivesse capacidades auditivas na casa e nem eu nem meu pai tivéssemos escutado o som do carro lá fora.

Respirei fundo e me mandei ir à merda mentalmente. Eu estava ficando surtada, só podia ser. É só meu melhor amigo. É só meu melhor amigo... É. Só. Meu. Melhor. Amigo.

Merda.

Quando entrei no banco do carona e o encarei, ele estava olhando fixamente para frente. Estava estranhamente sério e não falou nada por uns segundos constrangedores e que pareceram ser minutos demorados.

— Opa.

Foi tudo o que disse assim que deu partida. Engoli em seco.

— Oi — engoli de novo. — Para onde vamos?

— Um lugar aí. Um lugar legal.

Engoli mais uma vez. Já não tinha mais saliva na boca para ser engolida, então foi mais ar do que outra coisa.

Uma música melancólica tocava na rádio e eu comecei a entrar em pânico. Não que antes disso eu já não estivesse beirando o pânico, mas percebi que agora era real.

Igor deve ter percebido pois parou o carro no acostamento do nada. Ele desligou a rádio com um esticar de braços rápido e me encarou pela primeira vez desde que entrei e sentei do seu lado.

— O que está acontecendo?

Respirei fundo e contei até 5 mentalmente.

— Não sei. Acho que estou em pânico.

— Isso é óbvio. Você está surtando desde que entrou no carro. A questão é: por quê?

Foi minha vez de não encará-lo. Não consegui olhar em seus olhos pois no fim das contas eu estava morrendo de vergonha. Talvez ele me achasse covarde mas eu precisava voltar atrás. Não ia conseguir. Algo estava tornando aquela situação terrível demais para mim e eu nem sei dizer o quê.

for the first time; sophigor Onde histórias criam vida. Descubra agora