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Igor

São 22:00 da noite quando sento no pé da cama e observo Sophia olhar entediada para o teto. Depois de tomarmos nossos banhos, é nítido o cansaço que a praia nos deu.

Sophia sempre foi bem vinda em nossa casa, meus pais sempre gostaram dela. Na verdade, sempre que havia jantares com eles eu a chamava, tudo sempre fica mais fácil quando minha melhor amiga está por perto. Eles até me tratavam melhor quando estávamos na companhia dela.

Já fazem três dias que os velhos estão viajando a trabalho, e tirando as garotas que vem e vão dessa casa, no resto do tempo tenho me sentido solitário.

— Você parece prestes a dormir — comento. Ela vira os olhos para mim. Olhos lindos.

— Você está certo. Estou mesmo cansada.

Dou de ombros e me deito ao seu lado. Vejo ela passar os olhos pelo quarto e os fixar em um ponto específico. Eles brilham de repente.

— Seu violão. Toque pra gente.

Suspiro, enterrando a cara no pescoço dela enquanto meu braço passa por sua barriga.

— Nem um pouco afim — minha voz sai abafada.

— Anda logo, faz tempo que você não toca e canta. E eu costumava dançar quando você fazia isso, se lembra?

— Hummmnnnrssss — meu gemido sai mais como um urro de dor.

Ela se solta de mim e começa a me puxar para cima.

— Soso, eu acabei de deitar — reclamo.

— E eu estou mandando você tocar o violão, vá.

Quando olho para cima ela está com o dedo apontado para o instrumento que descansa plenamente na parede ao lado do armário. Meu velho amigo me olha como se estivesse concordando com Sophia e quisesse que eu o tocasse.

Suspiro novamente e me levanto.

— Francamente, o que eu não faço por você.

Ela finge não ouvir meu murmurar e corre até o violão, animada.

Quando me entrega ele, a preguiça começa a ir embora. Eu sempre estou disposto a cantar e tocar.

Sophia se levanta e começa a fazer movimentos desengonçados de dança. Minha voz começa a cantar uma de nossas músicas favoritas do Arctic Monkeys e ela solta a voz junto comigo.

Eu não sabia, mas mais tarde naquele mesmo dia eu estaria morto de arrependimento de ter concordado em tocar e cantar enquanto ela dançava. Mas naquele momento eu estava extasiado demais, hipnotizado demais, encantado demais.

Sophia era a garota mais bonita que eu conhecia. E eu sempre achei isso, para mim sempre foi uma sorte ter a garota mais gata do mundo como minha melhor amiga. Só que esse tipo de achismo não me incomodava como está me incomodando agora. Algo no fundo do meu esôfago insiste em querer doer. Não uma dor profunda, mas uma dor leve e quase imperceptível que aparece a cada segundo que encaro ela, enquanto ela dança bem na minha frente.

Era devidamente proibido eu sentir aquele tipo de dor. Não conseguia distinguir o que poderia ser, mas me recusava a aceitar a teoria que horas mais tarde estava sendo criada em minha cabeça.

Ela é minha melhor amiga. Sempre foi, sempre será.

Silas com certeza alugou um triplex em minha cabeça e está me fazendo ter delírios com as palavras absurdas que disse um dia atrás.

Mas enquanto toco e canto, não consigo parar de pensar nela. Em como é bonita, em como me faz bem e em como jamais quero que isso acabe.

E horas depois, enquanto Sophia dorme enroscada em meus braços, só consigo pensar na minha tal teoria.

Preciso cortar o mal pela raíz, antes que essa teoria esteja certa.

Notas da Autora

Olá leitores (as), espero que estejam curtindo a história. Amo como vocês me motivam a continuar, continuem votando e comentando porque eu sou carente de biscoitos nas fanfic. kkkk

Obrigada por lerem sempre, beijos e boas festas 💖

for the first time; sophigor Kde žijí příběhy. Začni objevovat