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Igor

No dia seguinte, após a conversa mais dolorosa da minha vida até ali, evitei Sophia a todo custo.

Eu posso ser chamado de covarde a vontade, pois sei que estou sendo um mesmo. Mas me recuso a ficar perto dela, está sendo demais para mim.

Não sei como não caí duro no chão quando ela me pediu que a ensinasse a beijar na boca.

Francamente, ela só podia ter endoidado de vez. Mas aí percebi que estava me pedindo aquilo porque, dois motivos: confia em mim, — o que não é nenhuma novidade se levarmos em conta o fato de sermos melhores amigos e confidentes — e não sente nada por mim.

Era isso que me deixava mais magoado. Para ela, me beijar não significaria nada além de um aprendizado idiota para usar depois com outro cara. O cara que ela queria de verdade.

Cara, eu estava realmente mal. Aquilo me afetou tanto que custei conseguir pegar no sono. Meus sentimentos se alternavam entre mágoa e irritação, e o pior de tudo é que Sophia nem tinha culpa. Ela nem ao menos sabia que estava me magoando com toda aquela paixonite.

Ou com o fato de estar me usando.

Muito irônico, não é? Até algumas semanas atrás, era eu quem usava as garotas.

E agora, minha melhor amiga está me usando.

Eu não seria idiota de dizer que não queria aquele beijo. Claro que queria, queria mais que tudo. Andei pensando em como seria beijá-la desde muito tempo. Sim, já pensei nisso antes desse lance de sentimentos por ela. Afinal, minha melhor amiga era a garota mais gata e atraente que eu conhecia, impossível não pensar em qual seria a sensação.

Mas não fazia diferença. No final eu espantava esses pensamentos e dizia para mim mesmo que era só tesão e carência acumulados, e transava com outra garota qualquer.

Eu só posso estar ficando maluco. Estou me apaixonando pela minha melhor amiga, sem mais nem menos. E o pior, é impossível de negar algo para ela. Nunca consegui fazer isso, mas com ela me pedindo BEIJOS? Mais impossível ainda.

Acontece que eu não quero beijá-la com todos esses sentimentos confusos que estou sentindo. Não quero que nosso beijo juntos seja apenas umas aulinhas idiotas.

Quero beijá-la porque ela pediu, não porque quer aprender como se beija, mas porque quer sentir meu beijo de verdade, tanto quanto quero sentir o dela.

Samantha Borges aparece de repente na janela do meu carro, com a cara toda pintada de maquiagem e os cabelos ondulados em perfeita ordem.

Me obrigo a abaixar o vidro.

— Oi, neném. Senti sua falta — Ela diz enquanto apoia os dois braços pelo vidro. O sorriso malicioso nos lábios entrega que ela está louca para entrar no carro e sentar em mim até o início da próxima aula.

— Oi, Sam. Tudo bem?

— Credo, que desânimo — Ela faz uma careta que não combina com a maquiagem exagerada. Está parecendo um daqueles personagens secundários daqueles seriados de comédia pastelão.

— Pois é. Estou meio cansado. Finalmente resolvi me dedicar mais ás aulas, já que minhas notas estão uma merda ultimamente.

for the first time; sophigor Where stories live. Discover now