Capítulo 13

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Boba apaixonada.

Pela milésima vez no dia eu olhava para Kawaki desenhando em algumas folhas, ele estava bem concentrado para não notar que eu estou olhando toda hora para ele, quase igual um ímã.

Depois daquele "incidente", por assim dizer, ainda atendi umas duas pessoas, Kawaki estava em canto da floricultura perto da janela, em banco tentando reproduzir uma flor que ele escolheu desenhar.

Ele escolheu violetas para desenhar, afirmando que a flor lembra os meus olhos e cabelo.

Foi apenas isso que aconteceu e eu estou agindo como se ele tivesse feito altas declarações de amor.

— Preciso me concentrar. — Digo a mim mesma tentando deixar meu pensamento quieto.

Precisava anotar quantos clientes vieram hoje, a floricultura Yamanaka de longe era a que mais vendia em toda Konoha, e apesar de eu ter "perdido" um atendimento ainda sim fui bem, tendo o 2° maior rendimento da semana.

Coloco as mãos na cintura enquanto analiso o quadro, pego a caneta e anoto a quantidade vendida, a quantidade dos clientes e o valor total de quanto foi recebido.

Novamente me volto a Kawaki, dessa vez vou em sua direção.

— Terminou? — Pergunto me apoiando nos joelhos para observar seu desenho.

— Eu não gostei. — Ele diz com desgosto. — Ficou uma bagunça de rabiscos.

— Isso se chama esboço, Kawaki, você foi ótimo, quer ver? — Pergunto estendendo a mão para pegar o desenho.

Ele me dá o desenho com uma cara confusa, vou ao balcão e pego uma caneta preta e contorno em volta dos traços firmes que sobressaiam os outros.

Finalizo apagando com uma borracha os restantes do esboço, ficando apenas uma flor meio torta, mais incrivelmente bonita.

— Viu só? — Devolvo para ele.

— Você desenhou por cima só pode. — Disse ele desacreditado que tivesse desenhado a flor.

— Eu só passei a caneta por cima, o desenho já estava formado, você é incrível. — Sorrio o encorajando.

Ele devolve o sorriso timidamente.

— Vou pendurar aqui perto das minhas flores favoritas. — Digo enquanto pego um pedaço de durex para colar o papel com o desenho na prateleira.

— Mas essas flores são de mentira, por que ela seria sua favorita? — Perguntou Kawaki parecendo curioso.

— Já ouviu a história do Smeraldo? — Aponto para flor.

— Esse é nome dessa flor? Nunca ouvi falar. — Ele se senta em um banco, como se tivesse pronto para ouvir a história.

Olho a porta por um momento, suponho que ninguém viria até aqui tão perto de fechar como agora.

— Bom, é uma longa história. — Falo me sentando perto dele.

— Não tenho horário pra voltar para casa. — Ele dá os ombros.

— A história ocorre em uma pequena cidade da Itália, por volta de 1500 há 1600, um homem considerado "feio" se isolava em um castelo enorme, longe do vilarejo, a única coisa que ele tinha seria as flores em seu jardim, por ter crescido escutando tantas coisas cruéis ao seu redor, ele fechou seu coração para todos, e aqueles que ainda tentavam se aproximar eram recebidos com grosseria e raiva. Até que em uma noite ele percebeu que suas flores estavam sendo roubadas, ele ficou a noite seguinte observando seus muros, a espera do ladrão, para sua surpresa, uma mulher incrivelmente bonita era o astuto ladrão que havia lhe roubado, ele ficou curioso sobre a mulher e na manhã seguinte, a seguiu até o vilarejo para observar o que ela faria com suas preciosas flores. Ele então percebeu que a mulher só lhe roubava flores porque precisava do dinheiro para viver, desesperado para ajudá-la, ele deixou que ela continuasse a roubar seu jardim. Ele teve a ideia de fazer uma flor que nunca existiu, para que a mulher pudesse cobrar um alto preço pela mesma, depois de várias tentativas falhas ele finalmente conseguiu criar uma flor tão bonita quanto a mulher. Ele esperou por dias, mas, importava o quanto ele esperasse ela nunca vinha. Ao amanhecer ele decidiu procurá-la no vilarejo com sua máscara escura e foi atrás dela. Para sua terrível tristeza ele descobriu que a mulher não só vendia flores para viver como também para pagar um tratamento de uma doença, ela acabou morrendo por não conseguir mais pagar seu medicamento. A amargura do homem encapuzado foi tanta que ele sentiu um arrependimento enorme por não ter sido corajoso o suficiente para se aproximar da primeira pessoa que havia entrando em seu coração. — Finalizo.

Kawaki parecia surpreso com o final melancólico da história, tão chocado quanto eu quando o ouvi pela primeira vez.

Ele voltou para olhar a flor.

— Essa flor, ela existiu de verdade? — Kawaki pergunta em um murmuro, com vergonha de estar perguntando algo besta.

— Ele criou apenas uma flor Smeraldo e você sabe que flores não duram para sempre, na verdade, nada dura para sempre. — Observo a flor de plástico, ainda que de mentira, era linda e brilhosa.

— Foi a melhor história que eu já ouvi Koi no Yokan, continue assim e eu mesmo faço um livro contando suas lendas. — Kawaki provoca para tirar o clima pensativo.

— Promessa é dívida. — Digo sorrindo. — Já estou indo embora, vamos?

Olho para ele esperando resposta.

— Ok. — Ele responde simples.

Ele sai pela porta e me espera do lado de fora, eu confiro tudo e logo tranco a porta, ativo as câmeras e o alerta de segurança, recebo a ajuda de Kawaki para fechar a porta de ferro na frente.

A noite estava bem friazinha, meu nariz já estava ficando vermelho.

— Caramba! Nem vi o tempo passar desse jeito. — Fala Kawaki andando do meu lado, já era possível ver algumas estrelas. — Você conhece a família do Inojin? Eles devem confiar bastante em você para deixar você tomar conta da loja desse jeito.

— Teve um tempo que eu morei com eles. — Digo rápido para tentar acabar com aquela conversa, apesar de eu amar de todo o coração a família Yamanaka, foi o tempo mais difícil que já passei na minha vida.

— Como assim? — Pergunta curioso.

Sinto meu coração disparar, preciso de um pretexto para acabar com aquela história, se eu não me engano tem uma lanchonete por aqui.

— Quer lanchar? Eu pago! — Falo fingindo empolgação.

— Eu aceito, mas você não me res... — O interrompo.

Saio correndo puxando ele pela mão na esperança dele esquecer esse assunto, quando se trata de desespero eu viro a pessoa mais corajosa do mundo.

— Por que estamos correndo? — Pergunta Kawaki ofegante.

— Não sei que horas a lanchonete fecha, é só garantia mesmo. — A desculpa mais esparrapada que eu já criei.

Nem Kawaki parece acreditar muito nisso, mas ele não vai tocar no assunto por um tempo, o meu único problema é saber que Kawaki nunca esquece de um assunto.

Eu não sei se eu considero isso um problema ou uma qualidade.

Não se esqueçam da estrela ⭐ e comentem bastante.

Seus Olhos Dizem ➵ KawasumiWhere stories live. Discover now