Capítulo 5 - Canela

Start from the beginning
                                    

Bem, ele basicamente a chamou de encalhada na frente de uma centena de pessoas.

— Eu não sou solitária, querido. Eu sou livre - ela disse, com um sorrisinho maldoso. - Por que diabos eu vou me contentar com uma pessoa só, quando faço mais dinheiro do que posso contar e consigo transar com quem me dá na telha? A vidinha de casado é pros menos afortunados, tipo você - ela completou, se estendendo em direção ao jornalista para lhe dar um aperto na bochecha, seguido de dois tapinhas.

O ruido das risadas e a cara desconcertada dele formam o suficiente para ela, que se acomodou novamente na cadeira com um sorriso radiante.

Bonnibel se pegou rindo da cena, mas o riso se partiu quando ela começou a fazer as contas e perceber que Marceline já tinha dado umas cortadas do tipo nela. E então a ficha caiu: Marceline a via do mesmo jeito que via aqueles jornalistas encheridos: uma pedra no sapato, o ônus da profissão que ela aceitava aturar para ter o bônus.

Não foi exatamente uma descoberta feliz.

~•~•♪•~•~

Bonnibel teve uma parcela considerável de tempo para não pensar muito em nada daquilo. O festival começou e ela teve umas boas horas para só ouvir música boa e aproveitar a companhia dos amigos.

E então Marceline subiu no palco principal.

Bem, Bonnibel tinha decidido que não precisava ficar pensando demais. Podia só curtir o som, os amigos e o clima bom. E até que conseguiu cumprir com isso. Afinal, ela não havia mentido: sabia uma boa parte das músicas de cor, e conseguiu fazer um bom trabalho em só se deixar levar. Mesmo quando Marceline cantou Good Little Girl, ela só se deixou levar.

Mas teve uma música que a fez prestar atenção real no que estava acontecendo. No meio da apresentação, Marceline resolveu fazer um cover. Houve um reajuste na banda de apoio, de forma que Ash deixasse a bateria e ficasse com o baixo, mais próximo a ela.

Bonnibel ficou olhando em silêncio enquanto os dois riam entre si, conversando algo sobre a próxima música a ser tocada.

Em tamanho transe que quase se assustou quando a música começou.

Ah, oh
Oh, ah, ah, ah ah


O público soltou gritos de empolgação. Bonnibel conhecia a música, e não pode deixar de sorrir com a escolha. Aquele jornalista tinha entrado mesmo na cabeça dela.


On the walls of my home
There are signs that I'm alone
I keep on every light
Talk to my dog, he don't mind

Ah, oh
Oh, ah, ah, ah ah

A voz dela soava doce e confiante. A presença de palco de Marceline era invejável. Mesmo quando não se movimentava muito, de algum jeito ela ocupava o palco inteiro, fazia o mundo girar ao seu redor.

Eat my breakfast in the nude
Lemon water, living room
Home is where I'm feminine
Smells like citrus and cinnamon

Ah, oh (cinnamon, cinnamon)
Oh, ah, ah, ah, ah
Ah, oh (cinnamon, cinnamon)
Oh, ah, ah, ah, ah (x2)

Ah ah, ah ah, ah ah, ah ah

As pessoas cantavam junto, criando uma sintonia que Bonnibel presenciou poucas vezes em shows como aquele. Marceline tinha um sorriso tão grande nos lábios, que era impossível para Bonnibel não sorrir também.

Depois da Meia-Noite (Bubbline AU)Where stories live. Discover now