XIV

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10 dias depois

Anna está de volta à mansão de Alex. Ela olha tudo a sua volta como se fosse a primeira vez que ela estivesse ali. É quase isso. De certa forma, para ela é uma espécie de reencontro. Da ultima vez que esteve ali, fugiu de sua própria festa de noivado sendo acusado de ser a assassina de seu noivo.

Agora, volta de cabeça erguida livre de todas as acusações por conta do vídeo que a policia encontrou junto ao corpo de Meg. O vídeo que a irmã gravou quando mantinha Renato e Anna na mira de seu revólver enquanto gritava aos quatro ventos os crimes que havia cometido até ali. A polícia encontrara o local graças a uma ligação anônima. Anna suspeitava que a ligação tivesse sido feita pelo mesmo homem que impediu Meg de concluir seus planos. Sentia não saber o nome do homem a quem devia uma segunda chance.

É um alivio estar livre de toda aquela situação. Seu telefone foi incessantemente perturbado com pedidos desculpas pelos erros que cometeram. Ela ignorou todos eles. Decidiu que ia começar uma nova vida longe daqueles que um dia lhe deram a ilusão de uma amizade e depois, viraram as costas quando precisou.

Não queria se demorar muito tempo na mansão. Escolheu justamente um horário, para ir buscar os poucos pertences seus que havia deixado ali, onde não pudesse se encontrar com nenhum dos parentes de Alex.

Um empregado a acompanha até o quarto para que pegasse sua roupa. Como não era muitas peças coube tudo dentro de uma caixa organizadora e em meia hora havia terminado. Pretendia chamar um taxi pelo celular, mas teve uma surpresa ao sair da mansão carregando sua caixa de roupas.

Renato espera por ela encostado ao seu carro. Abre um sorriso quando a vê e caminha até ela.

- Posso ajuda-la com isso? — a pergunta é retórica, pois ele pega a caixa antes que ela responda.

- O que está fazendo aqui? — havia dito a ele que iria à mansão aquela tarde quando se falaram ao telefone pela manhã. Não imaginou que ele fosse aparecer. Mas está feliz em vê-lo. Com ele correndo atrás de uma casa nova quase não tinham tempo mais para se ver.

- Precisamos conversar — diz ele sorrindo indicando que ela o siga até o carro. O coração dela acelera de ansiedade e expectativa.

Renato não disse no carro o que pretendia conversar com Anna. Ela deixa que ele dirija para onde quisesse enquanto ia preenchendo o silêncio com conversas aleatórias sobre o clima, as pessoas que passavam na rua, enfim, tudo menos o que realmente afligia seus pensamentos naquele momento.

Anna está cansada desse monte de conversas vazias que os dois tem trocado nos últimos dias. Ele ficou ao lado dela como havia prometido. Cuidava dela, mas de uma forma distante. Nem no mesmo hotel em que ela estava temporariamente ele quis ficar. Preferia dormir em um colchão improvisado no meio do ateliê. Isso era irritante para Anna.

Por sua vez, Renato reune coragem para falar o que queria enquanto estacionava em frente a um café de esquina na avenida mais movimentada da cidade. O local tinha uma áurea própria de tranquilidade, com as mesinhas na calçada protegidas por um toldo branco.

Anna prende a respiração e soltou lentamente quando percebe onde estavam. É como se ela pudesse ver uma versão três anos mais nova dos dois, onde ele perguntava se podia sentar com ela já que todas as outras mesas estavam ocupadas. Foi a primeira vez que eles se viram. Logo começaram a se encontrar todas as tarde e em apenas um mês já estavam namorando.

- Um café por minha conta — ele repete a frase de quase três anos atrás, trazendo Anna de volta a realidade. Ela sorri em resposta e ambos desceram do carro.

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