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Não se ouvia nenhum barulho no pequeno chalé de madeira pintado de azul. A vizinhança tranquilidade da vila afastada do centro da cidade causava a todos os visitantes uma sensação de calmaria aconchegante. A janela da sala está aberta. O dono do chalé descansa ao entardecer na poltrona nova. Até que alguém bate à porta. Ele resmunga alguns palavrões antes de ir atender. Arrepende-se no instante em que vê quem bateu.

- Olá papai! Quanto tempo, não é mesmo? - Meg sorri irônica, segurando a porta que o velho tenta fechar em sua cara - Que coisa mais feia. Não convida sua filha para entrar? - ela dá um empurrão forte na porta o que faz com que seu pai caia no chão.

- O que você quer aqui? - ele pergunta a vendo entrar e encostar a porta.

- Vim fazer uma visitinha para conversarmos nostalgicamente sobre o nosso passado - ela oferece ajuda para ele se levantar, mas ele ignora. Meg revira os olhos teatralmente e vai se sentar no sofá - Por que não se senta um pouco? Fique a vontade - vendo que ele hesita olhando para a saída, ameaça - É melhor você sentar. Sabe que não vai adiantar fugir.

- Já não te dei tudo que você queria. Todo o dinheiro. Agora vai fazer o que me... - ele se cala ao perceber o que a presença de Meg significava. Ela tira lentamente a pistola da bolsa, se divertindo com o pânico que causa no pai.

- Já falei para você sentar! - ele obedece resignado. Ela tinha razão, não adianta fugir. O tipo de monstro que ela havia se tornado não ia esquecer tudo só por uma quantia em dinheiro. Não, ela queria mais do que isso - Muito bem. Agora, não me tire o prazer desse momento.

- Por que não me mata logo sua maluca? - ela se levanta de repente e lhe dá um tapa no rosto.

- Cala a boca - ela ria - Era assim que você fazia lembra? Logo depois que a minha mãe morreu era sempre assim. Eu não podia falar nem fazer nada que não fosse do seu agrado para você começar a gritar e me bater. Às vezes me batia tanto que eu passava a noite inteira sangrando e chorando em silêncio no quartinho de empregada que você gentilmente me ofereceu.

Meg anda de um lado para o outro ao relembrar. Seu pai a observa impaciente. Pode lutar contra ela, tentar fugir, mas está cansado. Perdeu o animo depois que ela tirou dele a coisa que mais lhe importava nessa vida, o dinheiro.

- Bem diferente do modo como você tratava a Anna, não é mesmo? Você também a procurava de madrugada quando chegava em casa caindo de bêbado? Duvido muito - ela para na frente dele sorrindo de modo grotesco - Ela era sua filha legitima enquanto eu era a bastarda. A única utilidade que eu tinha era cuidar da casa e te aliviar a noite.

- Eu ainda fui muito bom com você. Podia ter te matado assim como fiz com a puta da sua mãe e o amante dela - Meg sente vontade de atirar na cabeça dele naquele momento, mas se controla. Ainda não tinha dito tudo que queria.

- Finalmente admite que a matou.

- Não tenho porque negar agora. Foi você mesma que impôs a hora da verdade, filhinha - Meg estremece de repulsa. Era assim que ele a chamava quando entrava no seu quarto e a forçava quando ainda era uma criança.

- Você não matou a minha mãe só por ser um corno ressentido. Você a matou pelo dinheiro dela. Mas agora você não o tem mais. Foi burro o suficiente para perdê-lo para mim. Mas chega de conversa - Meg tira da bolsa a arma - Ah, já ia me esquecendo. Sabe quem também vai ter o mesmo fim que você, a sua querida filha Anna - ele se surpreende com o que ela disse. Há anos não via Anna, mas ela ainda era sua filha. Sente pena por ela estar na mira dessa maluca - Ultimas palavras?

- Nos vemos em breve, filhinha - Meg aperta a gatilho duas vezes. Está livre de mais uma pessoa que a fizera sofrer.

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